Curte grafite? Então descubra os maiores grafiteiros brasileiros dos nossos tempos

Rebeca Fuks
Rebeca Fuks
Doutora em Estudos da Cultura

É um entusiasta da arte do grafite? Então chega mais que esse artigo é para você!

Colorido, democrático, acessível, o grafite vem ganhando admiradores mundo afora e no Brasil já temos uma série de criadores que despontaram como grandes nomes mundiais desse tipo de arte. 

Conheça agora os seis maiores nomes brasileiros que estão fazendo as nossas ruas (e não só as nossas!) se encherem de cor. 

1. Toz

Retrato de Toz
Registro de Toz na frente de um dos seus trabalhos

O artista baiano Tomaz Viana nasceu em Salvador no ano de 1976. Rebatizado de Toz, nome que pegou no universo das artes, ele se formou em Arte e Design e migrou para o Rio de Janeiro ainda adolescente, onde começou a criar grafites desde os anos 90.

Seus coloridos desenhos ficaram conhecidos pelos personagens mais frequentes (principalmente Bebê Idoso, Shimu e Nina).

Os grafites de Toz podem ser admirados em diversos pontos do Rio de Janeiro, desde muros na Gávea (Zona Sul), até em um trem da Zona Norte e o mais recente painel gigantesco na Zona Portuária. Por falar em painel, uma das suas obras mais famosas foi o painel disposto em 2015 na fachada do Hotel Marina, na orla do Leblon.

Mas quem pensa que essa estampa fica restrita ao Rio muito se engana. Desde 2013 há um painel de Toz na sede das Nações Unidas, em Genebra, na Suíça. Esse é um dos tantos trabalhos internacionais que o artista vem realizando a convite de admiradores estrangeiros.

Toz pertence ao coletivo carioca de grafite Fleshbeck Crew.

2. Fábio Cranio

Cranio em uma galeria entre dois dos seus trabalhos
Cranio em uma galeria entre dois dos seus trabalhos

Cranio foi o nome artístico escolhido pelo criador paulista Fabio de Oliveira Parnaiba. Nascido na Zona Norte de São Paulo em 1982, Cranio começou a criar quando tinha 16 anos inspirado pelo seu ícone Salvador Dalí.

Os personagens principais das suas obras são sempre os expressivos índios azuis, que aparecem em cenas inusitadas e criativas procurando estimular no observador um olhar crítico sobre a sociedade em que estão inseridos. 

Com uma ilustração já bastante característica e facilmente identificável, Cranio usa sempre cores vibrantes e, por vezes, faz referência à situações pontuais e polêmicas em seus trabalhos (caso do mensalão). Não é exagero dizer que os seus desenhos são um verdadeiro manifesto para a sociedade brasileira.

3. Eduardo Kobra

Kobra a frente do painel Rio, feito em Tóquio, com a imagem do Cristo Redentor
Kobra a frente do painel Rio, feito em Tóquio, com a imagem do Cristo Redentor

O grafiteiro Carlos Eduardo Fernandes, o Kobra, nasceu na Zona Sul de São Paulo em 1976. A vocação artística parecia já vir no sangue, já que Kobra é filho de um tapeceiro.

Encantado por desenho, desde menino Carlos Eduardo rabiscava. O apelido Kobra foi dado ainda na escola pelos amigos, que achavam que o rapaz era fera na arte dos rabiscos.

Seus murais imensos começaram a ser produzidos profissionalmente a partir dos anos 90. A obra que o projetou para o mundo foi criada em 2007, no âmbito do projeto Muro das Memórias, em São Paulo. Almejando dimensões cada vez maiores, Kobra passou a usar gruas e demorar até três meses para concluir as criações.

Hoje em dia, há trabalhos de Kobra espalhados pelo mundo. Na África, há um imenso mural de Nelson Mandela em um hospital infantil; na Rússia existe uma bailarina perto do Balé Bolshoi; e até em Nova Iorque é possível encontrar um desenho de Michael Jackson. 

Se você gostou de saber um pouquinho da história desse gênio do grafite brasileiro, aproveite para conhecer mais sobre a biografia de Eduardo Kobra.

4. Os Gêmeos

Os Gemeos abraçados com um dos seus principais personagens
Os Gêmeos abraçados com um dos seus principais personagens

Os Gêmeos são, na verdade, Gustavo e Otávio Pandolfo, dois irmãos gêmeos que nasceram em 1974 no bairro do Cambuci, em São Paulo.

Desde sempre Os Gêmeos andaram juntos e é natural que tenham começado a colorir e a desenhar juntos também. Os primeiros grafites surgiram em 1987, nos muros perto de casa.

Com o tempo, eles se formaram em desenho de comunicação pela Escola Técnica Estadual Carlos de Campos e foram aperfeiçoando técnicas de desenho, pintura e escultura para aprimorar os trabalhos feito em conjunto. 

Com uma enorme visibilidade internacional, Os Gêmeos já tiveram os seus trabalhos expostos em galerias do Japão, Chile, Estados Unidos, Espanha, Alemanha, Inglaterra, Cuba e Lituânia.

5. Nina Pandolfo

Nina flagrada enquanto cria um dos seus paineis
Nina flagrada enquanto cria um dos seus painéis

Nina Pandolfo é casada com Otávio Pandolfo, um dos Gêmeos. Ela nasceu em 1977, em Tupã, interior de São Paulo. Apaixonada por desenho, desde os anos 90 Nina vem grafitando as ruas da capital paulista, para onde se mudou quando ainda era bebê.

A primeira exposição da artista aconteceu em 1999. Três anos mais tarde, Nina estreou internacionalmente apresentando as suas telas em Munique (Alemanha). Seu trabalho é conhecido pelas meninas com traços delicados e femininos.

Além de criar quadros, Nina faz intervenções urbanas no Brasil e no exterior. Ela também costuma participar de trabalhos coletivos como a pintura do Castelo Kelburn, em Glasgow, na Escócia, feito em parceria com Os Gêmeos e com Nunca, um artista brasileiro.  

6. Tikka 

Tikka a frente de um dos muros pintados por ela
Tikka a frente de um dos muros pintados por ela

O nome de nascimento dela é Ana Carolina Meszaros, mas o nome escolhido por essa jovem moça nascida em 1987 foi Tikka. 

Apaixonada por desenho, e agora craque no grafite, aos quinze anos Tikka começou a grafitar pelas ruas da capital paulista. Seus bonecos expressivos, lúdicos e super coloridos já ganharam os muros de São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, Los Angeles, Londres e Paris.  

Com uma longa carreira pela frente, Tikka vem despontando nos últimos anos como uma das maiores promessas do grafite brasileiro. 

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Rebeca Fuks
Rebeca Fuks
Formada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2010), mestre em Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2013) e doutora em Estudos de Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e pela Universidade Católica Portuguesa de Lisboa (2018).