Cardeal de Richelieu

Político francês
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Cardeal de Richelieu

Cardeal de Richelieu (1585-1642) foi um político francês, Primeiro-Ministro e chefe do Conselho Real de Luís XIII. Por 18 longos anos impôs sua vontade e estabeleceu a monarquia absoluta na França.

Armand-Jean du Plesis, que depois se tornaria Cardeal de Richelieu, nasceu em Paris, França, no dia 9 de setembro de 1585. Ingressou na carreira militar, mas acabou se direcionando para a carreira religiosa.

Ordenou-se em 1606 e foi sagrado bispo em 1607, quando substituiu seu irmão no Bispado de Luçon, concedido a sua família por Henrique III (1551-1589). Porém, seus objetivos eram muito mais ambiciosos e certamente não religiosos.

Por meio de cartas e sermões tentou fazer-se conhecido de Maria de Médici, mãe do rei Luís XIII e regente durante sua menoridade. Acabou por conhecer o italiano Concini, protegido da rainha. Foi o primeiro passo para uma longa carreira política.

Em 1614, apesar de já ter atingido a maioridade, o rei Luís XIII ainda permanecia afastado do conselho, enquanto o poder estava nas mãos de Concine e de sua mãe.

Em 1616, Richelieu foi nomeado "Secretário de Estado". Em 1617, Luís XIII tramou a morte de Concine, que foi decapitado. O rei tomou o poder e com a intervenção de Richelieu, a Rainha Mãe foi exilada no Château de Blois.

Excluído temporariamente do cargo, Richelieu retirou-se para Avignon. Em 1622 foi nomeado “Cardeal” pelo papa, e depois de sete anos conquistou a confiança do rei.

Em 1624, o antigo secretário retornou à Corte e foi nomeado "Primeiro Ministro". Dada a total indiferença de Luís XIII pelo poder, em pouco tempo Richelieu tornou-se senhor absoluto da França.

cardeal richelieu
O rei Luís XIII e o Cardeal Richelieu

Unificação da França

Em relação à política interna da França, Richelieu combateu as duas principais forças políticas do reino: os protestantes (huguenotes) e a nobreza.

As duas formavam verdadeiro Estado dentro da França, negociando com a Inglaterra e a Alemanha e com outras casas reais dominadas por protestantes.

Todas se opunham à centralização do poder preconizado pelo Cardeal, que enfrentou uma série de conspirações que visavam a sua derrubada do poder, resultando em prisão, desterro ou decapitação para seus inimigos.

A cidadela de La Rochelle que era a principal fortaleza do huguenotes dentro do reino e contava com a proteção de Carlos I, da Inglaterra, foi cercada durante um ano por ordem de Richelieu.

Sob o comando de Jean Guiton, La Rochelle resistiu, mas após um ano de sítio, cerca de três quartos de seus habitantes haviam morrido de fome.

A vitória de Richelieu não significou o fim da resistência dos protestantes, que se refugiaram nos montes Cévennes, no sul da França.

Só em 1629 a paz foi assinada e o Governo publicou o Édito de Alès, garantindo aos protestantes, liberdade de consciência e igualdade política, mas retirando-lhes as assembleias particulares e proibindo que formassem seu próprio partido político.

Guerra com os nobres

O cardeal Richelieu, que atingira o poder através da bajulação aos nobres, em pouco tempo passou a hostilizá-los. Eram vistos como um entrave à política absolutista.

Richelieu enfrentou o próprio irmão do rei, Gaston de Orléans, aliado das rainhas Ana da Áustria, esposa de Luís XIII, e de Maria de Médicis.

O dia 30 de novembro de 1630 ficou conhecido como “Journée des Dupes” (Jornada dos Tolos), quando Richelieu pôs fim a uma grande conspiração, que terminou com o exílio de Gaston e de Maria de Médicis.

Vários implicados foram presos ou decapitados. O mesmo fim teve o jovem Cinq-Mars, protegido do rei, mas levado por Ana da Áustria, tentou contra a vida de Richelieu.

O cardeal gozava cada vez mais da confiança do rei Luís XIII. Em 1631 recebeu o "título de Duque".

Guerra contra os Habsburgos

No quadro da política externa, Richelieu entendia que para ter um Estado politicamente forte era necessário ter suas fronteiras asseguradas.

Seus vizinhos mais incômodos eram os Habsburgos, que detinham o poder na Espanha, na Áustria, nos Países Baixos e em parte da Itália.

Assim, Richelieu não teve escrúpulos e aliou-se a nobres protestantes, contra os Habsburgos católicos e interveio na Guerra dos Trinta Anos na Espanha, ao lado de príncipes protestantes.

Aliou-se aos calvinistas da Alemanha e da Boêmia, a príncipes suíços e italianos e aos reis da Dinamarca e da Suécia.

Seu objetivo era tomar a região francesa de Alsácia e enfraquecer a posição dos Habsburgos na Holanda e na Itália, mas não viveu até a vitória final.

A Paz de Vestfália, que pôs fim a Guerra dos Trinta Anos, só foi assinada em 1648 por seu substituto o Cardeal Mazarino.

Legado do Cardeal Richelieu

Como homem mais poderoso de seu país em sua época, Richelieu foi o maior estadista do Antigo Regime. Estabeleceu o absolutismo real na França e implantou medidas econômicas orientadas para o capitalismo mercantilista.

Em obediência ao Concílio de Trento, reformou o clero francês e deu início à época dos grandes bispos e oradores sacros. Reorganizou a Sorbonne e fundou a Academia Francesa.

Mesmo após sua morte não deixou de influir nos atos do seu sucessor, o Cardeal Giulio Mazarino, durante o reinado de Luís XIV.

Livro

O Cardeal Richelieu resumiu suas ideias sobre política externa no livro “Testamento Político”, que se tornou a leitura preferida de Luís XIV e de Napoleão I.

Cardeal de Richelieu faleceu em Paris, França, no dia 4 de dezembro de 1642.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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