Casimiro de Abreu

Poeta brasileiro
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Casimiro de Abreu

Casimiro de Abreu (1839-1860) foi um poeta brasileiro, autor da obra Meus Oito Anos, um dos poemas mais populares da literatura brasileira, que se destacou na Segunda Geração do Romantismo.

Em 1853, Casimiro foi para Lisboa e nessa época escreveu a maior parte dos poemas de seu único livro "Primaveras". É patrono da cadeira n.º 6 da Academia Brasileira de Letras.

Casimiro José Marques de Abreu nasceu na Barra de São João, Estado do Rio de Janeiro, no dia 4 de janeiro de 1839. Era filho do rico comerciante português, José Joaquim Marques de Abreu, e da brasileira Luíza Joaquina das Neves. 

Casimiro passou sua infância na fazenda da Prata, no atual município de Silva Jardim, de onde saiu com nove anos para estudar Humanidades no Colégio Frese em Nova Friburgo.

Estudo em Portugal

Desde cedo, Casimiro de Abreu despertou interesse pela literatura e divergia de seu pai, que queria levar o filho para seguir a carreira de comerciante.

No dia 13 de novembro de 1853, por não se adaptar ao trabalho no comércio do pai, no Rio de janeiro, foi enviado para Lisboa, a fim de completar a prática comercial. O austero pai achava que lá, ele perderia as tendências literárias.

Casimiro de Abreu viveu quatro anos em Portugal, onde iniciou sua carreira literária e escreveu a maior parte de seus poemas.  

No dia 18 de janeiro de 1856, sua peça, Camões e o Jau, foi encenada no Teatro D. Fernando, em Lisboa e foi recebida com aplausos pela imprensa portuguesa.

Em 11 de julho de 1857, Casimiro de Abreu voltou ao Rio de Janeiro. Com a saúde abalada pela tuberculose, partiu para Indaiaçu, fazenda da família, às margens do rio São João.

Depois de um mês de repouso, Casimiro voltou constrangido ao comércio do pai, que insistia em torná-lo comerciante.

Primaveras

Em 1859, Casimiro de Abreu publicou seu único livro de poemas, "Primaveras", onde a maior parte das poesias foi escrita em Lisboa. Suas poesias foram recebidas com entusiasmo, sobretudo pela juventude feminina.

No poema, Meus Oito Anos, o poeta expressa na arte o subjetivo desejo de retornar à infância. Sente saudade do tempo que passou e não volta mais:

Meus Oito Anos

Oh! que saudades que tenho
Da aurora de minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
A sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dia
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor
O mar é - lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo – um sonho dourado,
A vida – um hino d’amor! (...)

Morte

Em 1860, Casimiro de Abreu ficou noivo de Joaquina Alvarenga Silva Peixoto.  Em abril, foi para Indaiaçu, onde o pai se encontrava muito doente.

Com a morte do pai, Casimiro retornou para o Rio de Janeiro, sonhando um futuro melhor ao lado da mãe, da irmã e de sua noiva.

Porém, sua doença se agravou, e em julho, em busca de melhoras, foi para Nova Friburgo tentar a cura da doença, mas não teve sucesso.

Casimiro de Abreu faleceu com apenas 21 anos de idade, na Fazenda Indaiaçu, no atual município de Casimiro de Abreu, Rio de Janeiro, no dia 18 de outubro de 1860.

Características da poesia de Casimiro de Abreu

Casimiro de Abreu escreveu pouco, viveu pouco, mas tornou-se um dos maiores “poetas românticos” e um dos mais populares do Brasil, graças ao seu lirismo ingênuo de adolescente.

Simplicidade e pureza são as tônicas de suas poesias, razão pela qual é considerado "o mais ingênuo de nossos poetas."

A tendência romântica, também chamada de “Ultra Romantismo”, que se desenvolveu nas décadas de 1840 e 1850, recebeu muita influência dos poetas europeus.

Casimiro de Abreu desenvolveu em sua obra os temas do Romantismo: o amor, a saudade da infância, a tristeza da vida e a saudade de sua pátria.

Também se deixou conduzir por outras preferências românticas, como Deus, natureza e morte. Em Lisboa, ele escreveu em 1857 uma Canção do Exílio, ao estilo de Gonçalves Dias:

Minha Terra

Todos Cantam sua terra,
também vou cantar a minha,
Nas débeis cordas da lira
Hei de fazê-la rainha.

- Hei de dar-lhe a realeza
Nesse trono de beleza
Em que a mão da natureza
Esmerou em quanto tinha.

Tem tantas belezas, tantas,
a minha terra natal,
Que nem as sonha um poeta
E nem as canta um mortal! 

Obras de Casimiro de Abreu

  • Fora da Pátria, prosa (1855)
  • Meu Lar, poesia (1855)
  • Minha Mãe, poesia (1855)
  • Rosa Murcha, poesia (1855)
  • Saudades, poesia (1856)
  • Suspiros, poesia (1856)
  • Camões e o Jau, teatro (1856)
  • Carolina, romance (1856)
  • Camila, memórias (1856)
  • Meus Oito Anos, poesia (1857)
  • Simpatia, poesia (1857)
  • Minha Terra, poesia (1857)
  • Segredos, poesia (1857)
  • No Jardim, poesia (1857)
  • Longe do Lar, prosa (1858)
  • Treze Cantos, poesia (1858)
  • Folha Negra, poesia (1858)
  • No Leito (1858)
  • Primaveras, único livro publicado, poesias, 1859.
Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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