Heitor Villa-Lobos

Compositor brasileiro
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Heitor Villa-Lobos

Heitor Villa-Lobos (1887-1959) foi um maestro e compositor brasileiro, considerado um expoente da música erudita no Brasil do século XX, graças ao emprego de ritmos brasileiros e de instrumentos de percussão. Sua vasta obra inclui concertos, sinfonias, óperas, bailados, suítes sinfônicas e peças isoladas. Suas peças eram executadas no circuito dos mais prestigiados teatros europeus e americanos.

Infância e Adolescência

Heitor Villa-Lobos nasceu no bairro de Laranjeiras, zona sul do Rio de Janeiro, no dia 5 de março de 1887. Era filho de Raul Villa-Lobos, diretor da Biblioteca do Senado e músico amador, e da dona de casa Noêmia Monteiro, grandes incentivadores dos estudos do filho. Aprendeu com o pai a tocar violão e violoncelo.

Autodidata, com seis anos compôs a primeira peça para violão, baseada em cantigas de roda. Com oito anos começou seu interesse por Johann Sebastian Bach. Apreciava também os ritmos populares. Conheceu os ritmos nordestinos quando frequentou, com o pai, a casa de Alberto Brandão, onde se reuniam os cantadores nordestinos. Aprendeu a tocar clarinete e saxofone.

Com 12 anos ficou órfão de pai, e a família enfrentou dificuldades financeiras. Para sustentar os oito filhos, sua mãe, acostumada à vida social, conseguiu um emprego para lavar e engomar as toalhas e guardanapos da Confeitaria Colombo.

Com 16 anos, Heitor foi morar com uma tia, que lhe ensinou a tocar piano. Encantado com os “chorões”, grupo malvisto pela nata da sociedade, frequentava o Cavaquinho de Ouro, loja de música, quando os chorões recebiam convites para se apresentar em diversos lugares.

Primeiras Composições

Em 1905, Villa-Lobos viajou pelo Brasil em busca de raízes folclóricas. Esteve no Nordeste e se extasiou com a riqueza do folclore da região. Esteve no Sul, no Centro-Oeste e na Amazônia, com a mesma curiosidade com que antes fora ao Nordeste. Em 1907 escreveu “Os Cantos Sertanejos”, para pequena orquestra.

Nessa época, buscando uma formação acadêmica, matriculou-se no curso de Harmonia de Frederico Nascimento, no Instituto Nacional de Música, mas não se adaptou à disciplina dos estudos. Para se sustentar, passou a tocar violoncelo, piano, violão e saxofone nos teatros e cinemas cariocas.

Por volta de 1913, Villa-Lobos deu início à sua produção já abordando os mais diversos gêneros musicais, entre eles: "Suíte Floral Para Piano” (1914), “Danças Africanas” (1914), “Uirapuru” (1917) e “Canto do Cisne Negro Para Piano e Violoncelo” (1917), “Amazonas” (1917), entre outras. Realizou alguns recitais com suas obras, mas recebia crítica por suas inovações musicais.

Semana de Arte Moderna

Em 1922, Heitor Villa-Lobos fez sua estreia oficial na "Semana de Arte Moderna", em São Paulo. Sua música moderna foi vaiada, mas o evento foi o início de sua projeção internacional como um criador original pela fusão dos ritmos folclóricos e populares com a música erudita. A crítica demorou a entender.

Heitor Villa-Lobos
O Modernista Villa-Lobos

Em 1923, com 36 anos, financiado pelo governo, desembarcou em Paris para mostrar seu talento, retornando em 1924. Em 1927 voltou à Europa, financiado pelo milionário Carlos Guínle. Nessas viagens, apresentou concertos de suas obras regendo importantes orquestras pelo continente europeu.

O Trenzinho do Caipira

O auge da criatividade de Heitor Villa-Lobos se deu na década de 30, quando deu início à série das nove “Bachianas Brasileiras”, suítes para diversas combinações de instrumentos que expressam a afinidade entre Bach e procedimentos melódicos e harmônicos da música popular instrumental brasileira.

Em 1931, ao excursionar por 54 cidades do interior paulista, inspirou-se para compor “O Trenzinho do Caipira”, parte integrante da peça “Bachianas Brasileiras n.º 2”. A obra se caracteriza por imitar o movimento de uma locomotiva com os instrumentos da orquestra.

Ensino de Música

Durante a ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas, quando era obrigatório o ensino de música nas escolas, o maestro foi Secretário de Educação Musical, e orientava os professores da rede pública sobre como ensinar música. Sob sua batuta, promovia apresentações de canto orfeônico que reunia estudantes em estádios de futebol.

Ressentido porque suas músicas eram pouco executadas no Brasil, Villa-Lobos costumava desabafar: “Não tive o justo reconhecimento em meu próprio país”. Depois da II Guerra, o maestro iniciou uma turnê pelos Estados Unidos e pela Europa, onde suas peças eram executadas no circuito dos mais prestigiados teatros.

Academia Brasileira de Música

Heitor Villa-Lobos fundou e foi o primeiro presidente da Academia Brasileira de Música. Era membro a Academia de Belas Artes de Nova Iorque. Recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Nova Iorque.

Villa-Lobos deixou mais de 700 composições, com destaque para as “Bachianas Brasileiras”, em número de nove, entre elas a de n.º 4, para piano e a de n.º 5, para soprano e conjunto de violoncelos, como também os choros: "Choro n.º 2", "Choro n.º 5" e "Descobrimento do Brasil, 4 suítes".

Heitor Villa-Lobos faleceu no Rio de Janeiro, no dia 17 de novembro de 1959.

Algumas obras de Villa Lobos

  • Baquianas Brasileiras
  • Choros
  • Concerto para Violão
  • Floresta do Amazonas O Fogo na Floresta
  • O Trenzinho Caipira
  • Uirapuru

Curiosidades

  • Heitor Villa-Lobos contrariou sua mãe quando entrou para a escola de música, pois o desejo dela era que ele entrasse para a faculdade de medicina.
  • Na Semana de Arte Moderna, em São Paulo, Heitor Villa-Lobos se apresentou de casaca e chinelo, pois estava sofrendo com uma crise de ácido úrico, e apareceu com o pé enfaixado, mancando. A plateia achou que fosse uma "performance futurista" e vaiou sem dó.
  • Um episódio turbulento da vida pessoal do maestro ocorreu em 1936, em uma viagem a Berlim, quando ele mandou uma carta desmanchando o casamento de 23 anos com a pianista Lucília Guimarães. Ele estava viajando em companhia de Arminda Neves d’Almeida, professora de música, então com 24 anos (quando ele tinha 46). A união com Arminda durou até sua morte.
Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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