Joaquim Nabuco

Político brasileiro
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Joaquim Nabuco

Joaquim Nabuco (1849-1910) foi um político, diplomata, advogado e historiador brasileiro. Foi o mais importante e o mais popular dos abolicionistas. Foi nomeado para a cadeira nº. 27 da Academia Brasileira de Letras.

A ação política de Joaquim Nabuco pautou-se pela ética em favor das reformas, o que fez dele uma das maiores figuras humanas do segundo reinado.

Infância

Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo nasceu no sobrado 119 da Rua da Imperatriz, no Recife, Pernambuco, no dia 19 de agosto de 1849. Era o quarto filho de José Tomás Nabuco de Araújo e de Ana Benigna de Sá Barreto.

Seu pai, nascido em Salvador, mudou-se para o Recife onde estudou e tornou-se juiz criminal. Quando Joaquim estava com poucos meses, seu pai foi eleito deputado para o Parlamento Imperial. Três integrantes da família paterna, seu avô, seu tio-avô e seu pai foram senadores vitalícios do império.

Para assumir o cargo de deputado, seu pai mudou-se para o Rio de Janeiro, junto com a família, porém, Joaquim ficou com seus padrinhos, Ana Rosa Falcão de Carvalho e Joaquim Aurélio Pereira de Carvalho que viviam no Engenho Massangana, no município do Cabo de Santo Agostinho em Pernambuco.

Joaquim viveu no engenho entre 1849 e 1857, onde aprendeu as primeiras letras com um professor particular que se deslocava do Recife para o engenho. Em seus primeiros oito anos, Joaquim viveu cercado de escravos o que lhe marcou profundamente.

Posteriormente, no livro “Minha Formação” (1909), Joaquim rememora os primeiros contatos com os escravos, como na história, ocorrida quando tinha sete anos, do jovem fugido que se ajoelha a seus pés implorando-lhe que o compre para libertá-lo da crueldade do ano.

Formação

Em 1857, após a morte de sua madrinha, Joaquim Nabuco foi levado para a casa da família no Rio de janeiro. Foi matriculado como interno no Colégio de Nova Friburgo. Em 1860, ingressou no Colégio Pedro II, onde permaneceu até 1865, sempre com excelentes notas em todas as matérias.

Nessa época, publicou sua primeira poesia, a ode “O Gigante da Polônia”, dedicada a seu pai, que recebeu um comentário de Machado de Assis, que reconheceu o valor do poeta.

Em 1866, Joaquim Nabuco foi para São Paulo e ingressou na Faculdade de Direito, que era um dos principais centros liberais e abolicionistas do Brasil Imperial. Passou a conviver com jovens que marcariam a história do país, como Rodrigues Alves e Afonso Pena, mais tarde presidentes da República.

Joaquim Nabuco manteve intensa atividade nos grêmios político-literários e nos jornais que agitavam a vida acadêmica. Datam desses anos as primeiras manifestações do liberalismo progressista que seria sua ideologia política. Aos 18 anos fundou “A Tribuna Liberal”. Nessa mesma época, foi eleito presidente da associação estudantil Ateneu Paulistano.

Em 1869, transferiu-se para a Faculdade de Direito, do Recife, onde colou grau em 1870. No último ano do curso defendeu, no júri, um escravo que embora condenado à prisão perpétua escapou da pena de morte.

Carreira política e ideias abolicionistas

Abolicionista e contrário à pena de morte, atraiu logo a antipatia dos fazendeiros, o que lhe fechou as portas à carreira política. Além de atuar no escritório do pai, passou oito anos se dedicando à publicação de seus primeiros livros.

Joaquim Nabuco atuou também no jornalismo, com artigos para os periódicos “A Reforma” e “A Época”, este fundado por Machado de Assis, e folhetins dominicais para “O Globo”.

Entre 1873 e 1874, com os recursos da herança da madrinha, viajou para a Europa, onde conheceu importantes intelectuais e políticos do continente. Sem perspectiva de uma eleição parlamentar, em 1876, contou com a ajuda do pai e ingressou na carreira diplomática como adido em Washington e depois foi transferido para Londres.

Em 1878, com a morte do pai, retornou ao Rio de Janeiro e trocou a vida diplomática pela advocacia. No mesmo ano, com a volta dos liberais ao poder, Joaquim Nabuco candidatou-se à Câmara, sendo eleito Deputado Geral da Província.

Como deputado, Joaquim Nabuco defendeu a eleição direta, a presença de não católicos ao Parlamento e a imediata abolição da escravatura.

Joaquim Nabuco

Na luta pela abolição, Joaquim Nabuco não se encontrava sozinho na Câmara. Em 1880, transformou sua casa, na praia do Flamengo, em uma Sociedade Brasileira Contra a Escravidão, lançou um manifesto e fundou o jornal “O Abolicionista”.

Joaquim Nabuco viajou a Lisboa, Madri, Paris e Londres, onde recebeu homenagens e incentivo à luta abolicionista. De volta ao Brasil, candidatou-se de novo ao Parlamento, mas foi derrotado. De 1882 a 1884 exilou-se voluntariamente em Londres, onde escreveu “O Abolicionismo” (1884).

Em 15 de julho de 1884, o Gabinete liberal Sousa Dantas, apoiado por Nabuco, propõe uma série de medidas que visavam à extinção gradual da escravidão. Em 1885 foi promulgada a Lei dos Sexagenários.

De volta ao Brasil, elegeu-se deputado por Pernambuco em 1885, e empenhou-se na campanha pela adoção de uma monarquia federativa, sob a regência da Princesa Isabel. Em discurso na Câmara condenou a utilização do Exército na perseguição dos escravos fujões.

No dia 10 de março de 1888, caiu o gabinete do conservador Barão de Cotegipe e assumiu João Alfredo, que tinha a missão de propor a abolição, contando inclusive com os desejos da princesa Isabel. Lutando pelo projeto abolicionista, Nabuco encaminhou as medidas de urgência, até que no dia 13 de maio a Lei Áurea foi assinada.

Casamento e filhos

Joaquim Nabuco manteve uma relação complicada com Eufrásia Teixeira Leite, que conheceu quando ela estava com 12 anos e ele com 13. Depois de se corresponderem por dois anos, ele parou de escrever.

Oito anos depois eles se reencontraram em um recital de poesia no Rio de Janeiro, os dois viajaram juntos para a Europa. Depois de idas e vindas, o plano de casamento não vingou.

Joaquim Nabuco ficou solteiro até os 39 anos. Por fim, no dia 23 de abril de 1889, casou-se com a jovem Evelina Torres Soares Ribeiro, filha do barão de Inoã, fazendeiro fluminense. Depois de casados, foram residir em Paquetá.

O casal teve cinco filhos: Carolina (1890), Maurício (1891), Joaquim (1894), Mariana (1895) e José Tomás (1902).

Um Monarquista

Nos últimos anos de sua atividade parlamentar, Joaquim Nabuco fez um discurso profético: “O honrado presidente do Conselho, Visconde de Ouro Preto, deve inspirar-se em seu patriotismo para que o seu Ministério não possa ser, em caso algum, o último da monarquia”. Alguns dias depois, a 15 de novembro de 1889, proclamava-se a República do Brasil.

Joaquim Nabuco recebeu a notícia da proclamação quando estava em sua casa na ilha de Paquetá, para onde se mudara. Nos primeiros anos da República, tentou, através do Jornal do Brasil, debater ideias políticas e criticar o novo regime, porém, afastou-se de toda atividade política.

Embaixador

Em 1899, Joaquim Nabuco foi convidado para chefiar uma delegação brasileira a Londres e, em nome do presidente da República, Campos Sales, defender perante a Coroa britânica a causa dos limites entre o Brasil e a Guiana Inglesa.

Em 1904, foi nomeado embaixador brasileiro nos Estados Unidos, onde proferiu várias conferências, nas universidades, sobre a cultura brasileira. Tornou-se amigo pessoal do presidente Theodore Roosevelt.

Em 1906, voltou ao Rio de Janeiro, para presidir a III Conferência Pan-Americana, em companhia do Secretário de Estado norte-americano Elihu Root.

A Volta ao Recife

Em 1906, de volta ao Brasil, Joaquim Nabuco foi recebido festivamente. No Recife, sua passagem foi uma consagração popular, no Teatro Santa Isabel, onde tantas vezes falara, repleto para recebê-lo, pronunciou a frase que hoje figura inscrita em pedra, numa das paredes da plateia: “Aqui nós ganhamos a causa da Abolição”.

Morte

Joaquim Nabuco voltou para os Estados Unidos, onde reassumiu seu posto de embaixador. Embora doente, surdo e com problemas no coração, lutou pela ideia pan-americana, na embaixada, nas conferências e nas universidades.

Joaquim Nabuco faleceu em Washington, Estados Unidos, no dia 17 de janeiro de 1910. Seu corpo foi transportado para o Brasil a bordo de um cruzador americano e levado para o Recife, onde foi enterrado. Em 1949 foi criada a Fundação Joaquim Nabuco, com o objetivo de preservar o legado histórico do grande abolicionista.

Joaquim Nabuco
Engenho Massangana, Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco

O Engenho Massangana, onde Nabuco viveu entre 1849 e 1857, é hoje um museu, com a casa grande, a senzala e a igrejinha de São Mateus, onde Joaquim Nabuco foi batizado.

Obras de Joaquim Nabuco

  • Camões e Os Lusíadas (1892)
  • O Abolicionismo (1884)
  • Campanha Abolicionista no Recife (1885)
  • Escravos – poesia (1896)
  • Um Estadista do Império (1898) (uma biografia de seu pai)
  • Minha Formação (1900)
Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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