Rui Barbosa

Político brasileiro
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Rui Barbosa

Rui Barbosa (1849-1923) foi um político, diplomata, advogado e jurista brasileiro. Representou o Brasil na Conferência de Paz em Haia (1907) defendendo com brilho a tese brasileira de igualdade entre as nações.

Rui Barbosa recebeu o cognome de “O Águia de Haia”. Foi membro fundador da Academia Brasileira de Letras e seu presidente entre 1908 e 1919.

Infância e juventude

Rui Barbosa de Oliveira nasceu em Salvador, Bahia, no dia 05 de novembro de 1849. Era filho de João José Barbosa de Oliveira, médico, deputado provincial e diretor da Instrução Pública da Bahia, e de Maria Adélia Barbosa de Oliveira. 

Com cinco anos, Rui foi para a escola e em poucos dias já sabia ler e conjugar verbos. Em casa, recebia aulas de piano e oratória. Era uma criança triste e sobrecarregada de estudos. Era obrigado, pelo pai, a ler os clássicos portugueses. Com dez anos já recitava os poemas de Luís de Camões.

Formação e primeiro emprego

Em 1861 Rui Barbosa ingressou no Ginásio Baiano, e em 1864 terminou o curso de humanidades em primeiro lugar, recebendo medalha de ouro e pronunciando seu primeiro discurso em público.

Após concluir o curso preparou-se para estudar Direito com apenas 15 anos de idade. Passou o ano de 1864 estudando alemão, lendo juristas e obras médicas de seu pai. Nessa época escrevia versos tristes e melancólicos.

Em 1866, Rui Barbosa matriculou-se na Faculdade de Direito da cidade do Recife. Participou da “Associação Acadêmica Abolicionista”. Entrou em conflito com um professor e foi obrigado a terminar o curso em São Paulo. Em 1870 graduou-se em Direito. Com dores de cabeça e vertigens antecipou sua volta para a Bahia.

Após seu pai perder o emprego, Rui Barbosa foi trabalhar com Manuel Pinto de Souza Dantas no Diário da Bahia. Manteve longa amizade com Rodolfo Dantas, filho de seu patrão e, junto com a família, passou seis meses na Europa o que lhe fez bem para a saúde.

Pouco depois de sua volta para a Bahia seu pai faleceu e, em seguida faleceu Maria Rosa, sua namorada. Tornou-se diretor do Diário da Bahia. Depois, foi nomeado pelo conselheiro Manuel Dantas para o cargo de secretário da Santa Casa de Misericórdia.

Carreira Política

Membro do Partido Liberal, Rui Barbosa participava de comícios nos teatros e praças, defendendo eleições diretas, liberdade religiosa e a abolição da escravatura.

No dia 21 de novembro de 1876, depois de uma disputa com o amigo Rodolfo pelo coração da jovem, finalmente casou-se com Maria Augusta Viana Bandeira.

Em 1877, com o partido em alta, foi deputado provincial na Bahia e no ano seguinte elegeu-se deputado no Parlamento do Império. Rui Barbosa defendia a reforma eleitoral, a reforma do ensino e a libertação dos escravos sexagenários. O controle dos votos feito pelos fazendeiros escravagistas e uma campanha contra os abolicionistas não reelegeu Rui Barbosa.

Rui Barbosa voltou aos jornais em março de 1889. Tornou-se redator chefe do Diário de Notícias. Na luta pelo regime federativo, começou a afastar-se do Partido Liberal.

Com a Proclamação da República em 15 de novembro de 1889, Rui Barbosa foi chamado para ocupar a pasta da Fazenda no governo provisório de Deodoro da Fonseca. Foi alvo de protestos do grupo agrário paulista, representado no ministério de Campos Sales, por ser favorável à industrialização.

Dois fatos marcaram sua passagem no ministério: a Constituição de 1891, quase toda de sua autoria, e o encilhamento (política de emissão sem lastro-ouro, que elevou a inflação e a alta especulação na Bolsa de Valores gerando uma grande crise econômica). Depois de graves crises e violenta inflação, Rui Barbosa deixou o ministério acompanhando uma demissão coletiva.

Em 1893, Rui Barbosa assumiu a direção do Jornal do Brasil. Com a ascensão do marechal Floriano Peixoto, passou para a oposição criticando o governo no Parlamento e nas páginas do Jornal do Brasil. Em 1895 foi eleito para o Senado. Lutou contra as limitações impostas às liberdades públicas.

Em setembro eclodiu a "Revolta da Armada" (rebelião que explodiu no Rio de Janeiro em 1893, liderada pelo almirante Custódio de Melo, representante de uma ala da Marinha que não admitia um militar do Exército na Presidência da República). Mesmo sem ligação com o movimento, Rui Barbosa foi preso e processado. Foi obrigado a exilar-se. Esteve em Buenos Aires, Lisboa e Londres.

Na capital inglesa, escreveu uma série de artigos, um deles considerado como a primeira defesa conhecida do capitão Alfred Dreyfus, no famoso caso jurídico que mobilizou a opinião pública mundial, no fim do século XIX.

De volta do exílio em 1895, reassumiu sua cadeira no Senado Federal e tentou sem êxito organizar o Partido Republicano Conservador. Lutou pela anistia aos punidos por Floriano.

O Águia de Haia

Em 1907, Rui Barbosa foi nomeado pelo presidente Afonso Pena para chefiar a delegação brasileira durante a Conferência de Paz de Haia, nos Países Baixos. Defendeu a tese brasileira da igualdade entre as nações, mas não contou com a simpatia das grandes potências.

Rui Barbosa
Rui Barbosa e a delegação de Haia

Como porta voz dos pequenos países, empenhou-se em memoráveis debates com os delegados da Alemanha e do Reino Unido. Um dos principais resultados da Conferência foi a criação da Corte Permanente de Justiça Internacional, que Rui Barbosa seria um dos integrantes.

Em sua volta ao Brasil, Rui Barbosa foi festejado por seu importante desempenho. Recebeu o cognome de “Águia de Haia”, e recebeu do presidente da República uma medalha de ouro.

Candidato à Presidência da República

Rui Barbosa era respeitado nacionalmente e resolveu disputar as eleições presidências de 1910 como candidato da oposição. Nenhum outro parecia ter condições de disputar com ele, no entanto, o Marechal Hermes da Fonseca, saiu vencedor por uma ampla margem de votos.

Nas eleições presidenciais de 1914, Rui Barbosa teve novamente seu nome lançado na convenção partidária, mas acabou retirando sua candidatura.

Em 1919, com a morte do presidente eleito Rodrigues Alves, que não chegou a tomar posse, Rui Barbosa candidatou-se mais uma vez, em disputa com Epitácio Pessoa. Contou apenas com o apoio do Rio de Janeiro e Pará, sendo mais uma vez derrotado nas urnas.

Academia e legado

Rui Barbosa escreveu mais de cem volumes, entre artigos e discursos. Foi Sócio fundador da Academia Brasileira de Letras, e sucedeu a Machado de Assis na presidência da casa. Rui reuniu uma das maiores bibliotecas do país, com cerca de cinquenta mil volumes.

Rui Barbosa faleceu em Petrópolis, Rio de janeiro, para onde foi se convalescer de uma pneumonia, no dia 1.º de março de 1923. Em 1949 seu corpo foi transladado para a cripta do Palácio da Justiça da Bahia, denominado Fórum Rui Barbosa.

Sua residência no Rio de Janeiro, comprada pelo governo foi transformada na Fundação Casa Rui Barbosa, encarregada de pesquisas e da publicação de suas obras.

Obras de Rui Barbosa

  • Oração aos Moços
  • Migalhas de Rui Barbosa
  • A Imprensa e o Dever da Verdade
  • Rui Barbosa e a Constituição
  • O Dever do Advogado
  • A Questão Social e a Política no Brasil
Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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