Guilherme Araújo

Guilherme Araújo (1936-2007) foi um produtor musical e empresário brasileiro, considerado o mentor do Tropicalismo.

Guilherme Araújo (1936-2007) nasceu no Rio de Janeiro, no ano de 1936. Fez curso de direção de teatro com o produtor Paschoal Carlos Mago. Começou sua carreira como ator de teatro, em 1956. Em 1959 ingressou na TV Tupi como relações públicas e levou para algumas capitais do país um concurso denominado Garota Cinderela. Em 1962 foi entrevistador do Programa Alô Brotos. Produziu e dirigiu o programa Dentro da Noite, apresentado por Paulo Autran.

O aparecimento da Bossa Nova levou Guilherme Araújo para a música, quando dirigiu com Aluísio de Oliveira, na boate Zum Zum, os novos artistas da música nacional. Em 1966, foi o empresário da cantora Maria Betânia, dirigindo seu primeiro show individual “Recital”, na boate Cangaceiro, no Rio de Janeiro.

Guilherme Araújo exerceu grande influencia nas carreiras de Caetano, Gal Costa, Maria Betânia e Gilberto Gil. Participava de reuniões que levaram à criação do movimento que daria uma virada na música nacional. Foi Nelson Mota que surgiu com o nome “tropicalismo” para o movimento que ainda não existia, e Guilherme Araújo que formatou a imagem que Caetano, Gil, Gal, Tom Zé e Mutantes adotariam nos dois anos em que exercitaram as ideias da “Tropicália” nos palcos e na TV.

Guilherme foi empresário de todos os tropicalistas, além de Jards Macalé e Jorge Bem (ainda sem o Jor). Os cabelos eriçados e as roupas espalhafatosas dos cantores foram ideias dele, mas sua influência no grupo foi além das roupas e atitudes. A canção ”É Proibido Proibir”, cujo título vem de uma frase pichada nos muros de Paris durante a revolução estudantil de 1968, foi uma sugestão de Guilherme a Caetano Veloso, que desenvolveu o tema de sua canção que mais polêmica criou diante de uma plateia.

Em 1968, na fase nacional do Festival Internacional da Canção, as roupas de plástico que Caetano e os Mutantes usaram naquela apresentação também foram ideias de Guilherme Araújo. Foi também o idealizador dos trajes futuristas usados por Caetano Veloso, Gilberto Gil e os Mutantes no show apresentado na Boate Sucata, no Rio de Janeiro, que motivou a prisão dos baianos, em 1969, época da ditadura militar.

Uma expressão que fazia parte do linguajar particular de Guilherme Araújo, "divino maravilhoso", inspirou a emblemática composição de Caetano Veloso, defendida no festival da Record, em 1968, e no programa homônimo, apresentado na TV Tupi e comandado por Caetano e Gil, que levou o tropicalismo para a TV brasileira.

A influência de Guilherme Araújo nos tropicalistas, e na Música Popular Brasileira perdurou até meados dos anos 70. Mesmo reconhecendo a importância dele para suas carreiras, aos poucos os baianos foram rompendo com ele. Segundo Caetano, em seu livro Verdade Tropical, “suas habilidades empresariais se tornaram desastrosas com o tempo”.

Em 1987, recebeu o título de Embaixador do Rio de Janeiro com uma grande festa no Copacabana Palace. Nos anos 80 e 90, Guilherme Araújo atuou mais em produções em casas noturnas, entre eles, os famosos shows e festas do Morro da Urca e os bailes de carnaval. Em 1999, fez um testamento doando sua casa de Ipanema para a FUNARJ, com a finalidade de transforma-la em um espaço cultural. Em 2001 recebeu o título de cidadão baiano.

Guilherme Araújo faleceu no Rio de Janeiro, no dia 21 de março de 2007.