Ivo Pitanguy

Ivo Pitanguy (1923-2016) foi um cirurgião plástico brasileiro, referência mundial em cirurgia estética e também reparadora. Além de seus grandes feitos na área cirúrgica, também foi professor, Membro da Academia Nacional de Medicina e imortal da Academia Brasileira de Letras desde 1990 – escreveu centenas de trabalhos científicos.

Ivo Pitanguy foi referência também nas plásticas de mama e de abdômen, para as quais criou técnicas que se tornaram padrão, e nas cirurgias de mão e queimados.

Ivo Hélcio Jardim de Campos Pitanguy nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, no dia 5 de julho de 1923. Era filho do médico-cirurgião Antônio de Campos Pitanguy e de Maria Stael Jardim de Campos Pitanguy.

Formação

Pitanguy iniciou seus estudos em sua cidade natal. Ingressou no curso de medicina na Universidade Federal de Minas Gerais, onde permaneceu até o 4.º ano. Em seguida, transferiu-se para a Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Na mesma época, passou a servir no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva. Paralelamente ao curso, serviu na Cavalaria dos Dragões da Independência. Formou-se em medicina no ano de 1946.

Através de concurso, iniciou sua formação em cirurgia geral, no Hospital do Pronto Socorro do Rio de Janeiro (atual Hospital Souza Aguiar). Para se aperfeiçoar na área que o consagraria, viajou para os Estados Unidos e a Europa. Aprendeu muito tratando as pessoas desfiguradas na II Guerra.

Ao retornar ao Brasil, ingressou no Hospital do Pronto Socorro. Nessa época, foi convidado pelo cirurgião francês Marc Iselin, que visitava o hospital, para ser seu assistente em Paris. Permaneceu dois anos realizando essa função, e nessa época, visitou os principais serviços de cirurgia plástica de Paris.

Através de uma bolsa de estudos do British Council, Pitanguy buscou aperfeiçoamento na clínica de Cirurgia Plástica de Sir Harold Gillies, em Londres, no Queen Victoria Hospital, em East Grinstead, e no Churchill Hospital, em Oxford.

Carreira de cirurgião e professor

Depois de anos se aperfeiçoando, Ivo Pitanguy retornou ao Brasil e em 1955 criou o Serviço de Queimados do Hospital do Pronto Socorro, e o primeiro Serviço de Cirurgia de Mão e de Cirurgia Plástica Reparadora da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, para atender às pessoas de baixa renda.

Em 1960 criou o Curso de Pós-Graduação em Cirurgia Plástica da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, logo conquistou a cátedra de cirurgia plástica da universidade, e mais tarde a do Instituto de Pós-Graduação Médica Carlos Chagas.

Em 1963, o cirurgião inaugurou a Clínica Ivo Pitanguy, e ao longo de sua vida atendeu cerca de 60 000 pacientes. Sua clínica tornou-se um centro de referência nacional e internacional da especialidade, tendo sido frequentada por um grande número de cirurgiões plásticos.

Pitanguy foi membro titular da Academia Nacional de Medicina desde 28 de junho de 1973, ocupando a cadeira número 67.

O cirurgião organizou o I Curso de Cirurgia da Mão, o I Curso de Cirurgia Plástica da Academia Nacional de Medicina, os Cursos da Universidade Camplutense de Madrid, o Curso de Cirurgia Plástica do XXIII World Congress of the International College of Surgeons, Universidade de Harvard e Universidade de Paris, entre outros.

A importância de Ivo Pitanguy para a cirurgia plástica é inegável. O cirurgião levou sua experiência para várias partes do mundo ministrando mais de 1500 conferências, seminários, simpósios, congressos e demonstrações cirúrgicas.

Quarto ocupante da cadeira 22 da Academia Brasileira de Letras, foi eleito em 11 de outubro de 1990, na sucessão de Luís Viana Filho, e recebido em 24 de setembro de 1991 por Carlos Chagas Filho.

Doutor honoris causa em diversas universidades brasileiras e estrangeiras, pertenceu a inumeráveis instituições científicas em todo o mundo, sendo condecorado por numerosos países.

Ivo Pitanguy é autor de 18 livros e de mais de 900 trabalhos publicados em revistas do Brasil e do exterior. Foi membro da Academia Brasileira de Médicos Escritores.

Pitanguy relutava em comentar sobre o grande número de celebridades que passaram pelas mãos do “Professor”, como era chamado, mas especula-se que as atrizes Sophia Loren, Gina Lollobrigida, Sonia Braga e Madona, tiveram o rosto retocado pelo cirurgião, chamado pela revista alemã Der Spiegel de “o Michelangelo do bisturi”.

Doença e morte

Como sempre desejou, trabalhou até quase o fim da vida, atendendo, inclusive em hospitais públicos e pessoas carentes em sua própria clínica.

Foi casado com Marilu Nascimento desde 1955 e tiveram quatro filhos: Helcius Pitanguy, Gisela Pitanguy, Bernardo Pitanguy e Ivo Pitanguy.

Em 2015, precisou ser submetido a um exame de contraste e sofreu uma reação alérgica, que desencadeou uma falência renal, tornando-se dependente de hemodiálise e passou a se locomover com dificuldade.

Um dia antes de morrer, Pitanguy, em cadeira de rodas, havia participado do revezamento da tocha olímpica no bairro de Botafogo, durante os Jogos Olímpicos de Verão de 2016.

Ivo Pitanguy faleceu em sua casa, na Gávea, na Zona Sul carioca, no dia 6 de agosto de 2016, de parada cardíaca, aos 93 anos.