Luís XVI da França

Foi rei da França
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Luís XVI da França

Luís XVI da França (1754-1793) foi rei da França entre 1774 e 1792. Foi o último rei antes da Revolução Francesa. Durante a revolução, o rei Luís XVI e a rainha Maria Antonieta foram guilhotinados.

No reinado de Luís XVI, a França passou por um período conturbado e de grande revolta da população contra o abismo entre as classes sociais. A nobreza, detentora de todos os privilégios, recusava-se a abrir mão de qualquer deles, até que lhe foram tomados, pela força, em 1792.  

Luís XVI da França (Luís Augusto de Bourbon) nasceu em Versalhes, França, no dia 23 de agosto de 1754. Era filho de Luís, o herdeiro do trono da França e de Maria Josefa da Saxônia. Era neto do rei Luís XV. Com a morte de seu pai em 1765, Luís tornou-se o herdeiro do trono.

Casamento e filhos

Em 1769, a França e a Áustria realizaram um acordo político para fortalecer as relações entre os dois países com o casamento do futuro rei Luís XVI e sua prima de segundo grau, a arquiduquesa austríaca Maria Antonieta de Habsburgo.

Filha do imperador do Sacro Império Romano-Germânico Francisco I e da imperatriz Maria Teresa da Áustria, Antonieta tinha apenas 14 anos. O casamento foi realizado por procuração, em uma igreja em Viena, quando Luís foi representado por Maximiliano o irmão da noiva.

Logo após a cerimônia, um cortejo com 57 carruagens seguiu para a França. Em território francês, uma nova cerimônia foi celebrada no Palácio de Versalhes, no dia 16 de maio de 1770, comemorado com ostentação de joias, fogos de artifício e banquete.

Em 1774, após a morte de Luís XV, seu neto foi coroado rei Luís XVI, e Maria Antonieta tornou-se rainha consorte da França.

A rainha consorte ganhou do marido o Palácio de Petit Trianon, em Versalhes, construído pelo rei Luís XV para sua amante. Maria Antonieta se encantou com a corte francesa.

Maria Antonieta empreendeu numerosas reformas no palácio, se divertia em passeios de carruagem, promovia corridas de cavalo e frequentava os bailes, quando as mulheres compareciam mascaradas, e gastava fortunas em joias. Seus hábitos extravagantes se tornaram alvo da revolta da população.

Luís XVI e Maria Antonieta tiveram quatro filhos, mas só um chegou à vida adulta:

Luís XVI

  • Maria Teresa Carlota (1778-1851) a única filha que chegou à vida adulta.
  • Luís José (1781-1788) faleceu ainda criança.
  • Luís Carlos de França (1785-1795) morreu na prisão com 10 anos.
  • Sofia Helena Beatriz (1786) morreu no mesmo ano do nascimento.

Reinado de Luís XVI

Com 19 anos, Luís XVI herdou de seu avô, Luís XV, uma França cheia de problemas, e ao deixar-se envolver pela nobreza, comprometeu-se em guerras de pouco interesse para a França, como a Guerra dos Sete Anos (conflito ocorrido de 1756 a 1763, entre a França e a Inglaterra, por terras na América do Norte e no continente asiático), acabando por perder quase todo o império colonial.

Essa política atirou a burguesia contra o trono, e a nobreza sentindo-se fortalecida, tentou contra o rei uma rebelião, em 1766, movida pelos parlamentos aristocráticos das cidades de Paris e Rennes.

A perda de poder do rei Luís XVI para o Parlamento, dominado pela aristocracia, contribuiu para diminuir o prestígio do rei, que apesar de honesto era inepto para realizar as reformas econômicas, administrativas e fiscais em um reino à beira da falência.

Os Privilegiados e o Terceiro Estado

Quando Luís XVI subiu ao trono, a sociedade francesa estava organizada em camadas distintas: os privilegiados – o clero (Primeiro Estado) e a nobreza (Segundo Estado), a burguesia e os que trabalhavam - todo o resto da população (Terceiro Estado).

Gerando quase toda a renda da França, a burguesia próspera de banqueiros, comerciantes e industriais pretendiam amplas reformas (administrativa, jurídica, fiscal), pois não desejavam continuar sustentando os dois outros estados privilegiados.

Em 1788, Luís XVI se viu obrigado a tomar uma decisão que há 175 anos vinha sendo esquecida: convocou os Estados Gerais, que deveriam discutir as medidas necessárias para tirar o país da crise. Solenemente, foi inaugurada em Versalhes os “Estados Gerais”, quando se discutiu intensamente o modo de votação tradicional que favorecia os privilegiados.

Sem acordo, o Terceiro Estado partiu para uma medida audaciosa: separou-se dos demais e declarou-se representante da verdadeira “Assembleia Nacional” e se autoproclamam “únicos depositários da soberania”.

A Tomada da Bastilha

No dia 20 de junho, a “Assembleia Nacional” resolveu elaborar uma Constituição, mas o rei Luís XVI mandou fechar o salão principal e fez um discurso ameaçador, mas os constituintes permanecem impassíveis.

Quando um mestre de cerimônias repetiu a ordem real de acabar com a Assembleia, o deputado Mirabeu respondeu: “Vá e diga a seu senhor que estamos aqui pela vontade do povo e daqui só sairemos pela força das baionetas”.

Luís XVI
Tomada da Bastilha

No dia 14 de julho de 1789 o povo ataca a velha prisão real de Paris, a Bastilha, que depois de um cerco de 4 horas a fortaleza cai.

Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão

O passo seguinte vai mais longe: a Assembleia proclama a “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”. Diz a declaração: “Os homens nascem livres e iguais em direitos. Todos os cidadãos têm o direito de concorrer para a elaboração da Lei, pessoalmente ou por intermédio de delegados. A lei deve ser a mesma para todos”. Dizia que “todos os cidadãos tinham direito à liberdade, à propriedade, à segurança e à resistência à pressão”.

O Que Fez o Rei Luís XVI

Luís XVI, que apesar de submetido à Constituição tinha direito a veto, rejeitou todos os decretos. No dia 10 de junho de 1792 ele foi intimado a retirar o veto, pois se não o fizesse permitiria aos franceses supor que o rei estaria conivente com os refugiados e com o inimigo estrangeiro.

Os camponeses envoltos em ambiente de insegurança retardaram a colheita. Nasceram boatos de que o rei tinha mandado esconder os cereais. As mulheres de Paris marcharam em direção à Versalhes e "exigem pão". O palácio real foi cercado e o rei foi obrigado a transferir a sede do governo para Paris.

Enquanto o país voltava a uma falsa normalidade, o rei deixou-se dominar pelas facções mais reacionárias da corte, encabeçadas por seu irmão, o conde de Artois e pela rainha Maria Antonieta. Começam a planejar a intervenção dos monarcas estrangeiros: da Áustria, Prússia e Rússia, para garantir o trono.

Leopoldo II, da Áustria, e Frederico Guilherme, rei da Prússia, assinaram um acordo para restituir o poder a Luís XVI. Catarina II da Rússia escreveu a Maria Antonieta: "A defesa do rei francês é uma causa de todos os soberanos. No momento atual é suficiente um exército de 10 mil homens para atravessar a França de um extremo a outro."

A Nova Constituição e a Fuga de Luís XVI

Em setembro de 1791, a Assembleia promulgou a nova Constituição, que transformava o poder absoluto do rei em poder constitucional. O rei deixaria de possuir bens e passaria a receber uma pensão anual.

Luís XVI preparou-se para agir. A família real tentou sair da França, mas foi capturada antes de chegar à fronteira, e levada para o Palácio das Tulherias. As massas exigiram seu julgamento, mas a Assembleia querendo acalmar anunciou que o rei tinha sido raptado.

Em julho de 1792, Robespierre, líder dos radicais do Terceiro Estado, realizou uma campanha pela deposição de Luís XVI e pelo sufrágio universal de uma Convenção Nacional.

Desde então, o rei Luís XVI apostava na invasão estrangeira como meio de salvação. Descobertos os seus planos, no dia 10 de agosto de 1792 o povo atacou o palácio real e Luís XVI refugiou-se na Assembleia, mas o seu poderio terminou: a monarquia foi suspensa e a república instalada.

O poder executivo foi entregue a um conselho provisório. Elegeu-se pelo sufrágio universal, uma Convenção Nacional e, ao lado dela, a Comuna de Paris, isto é, um conselho municipal que tomou a liderança da Revolução Francesa.  

Prisão e morte

Em 1792, Luís foi oficialmente preso e enviado, com sua família, para a Torre do Templo. Julgado e condenado por traição, foi guilhotinado no dia 21 de janeiro de 1793, na “Place de la Révolution” (depois Praça da Concórdia), em Paris. No mesmo ano, no dia 16 de outubro, Maria Antonieta também foi guilhotinada.

Luís XVI
Luís XVI sendo levado para a guilhotina

Para os revolucionários, um possível herdeiro real vivo representava uma ameaça para a nova república, assim com oito anos, Luís Carlos continuou trancado na Torre do Templo.

Sua morte foi anunciada no dia 8 de junho de 1795, aos 10 anos de idade. Seu corpo foi sepultado no cemitério de Sainte-Marguerite sem grandes cerimônias. No mesmo ano, sua irmã mais velha, Maria Teresa, foi libertada e faleceu em 1851.

Curiosidades:

  • Nas cocheiras de Luís XVI havia 1 857 cavalos, tratados por 1 400 servidores. Nas províncias, outros 1 200 cavalos estavam de reserva.
  • O rei podia escolher entre 217 carruagens.
  • 54 mil libras eram gastas por ano só para alimentar os cães de caça – e a caça era sua atividade predileta.
Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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