As 18 mulheres brasileiras que mais influenciaram o nosso país
Você sabe quem foram as mulheres brasileiras que entraram para a história?
Elas arregaçaram as mangas e mudaram o status quo. Polêmicas, revolucionárias, corajosas: essas brasileiras foram ícones nas suas áreas de atuação e merecem ser relembradas.
Pintoras, escritoras, cantoras, políticas, pensadoras, relembre agora quem foram as mulheres que nos ensinaram a pensar de uma nova forma.
1. Chiquinha Gonzaga (1847-1935)
Chiquinha Gonzaga foi uma brasileira de vanguarda: compositora, pianista e maestrina. Autora da famosa marchinha de carnaval "Ô Abre Alas".
Filha de um militar com uma mulher mestiça, neta de uma escrava, Chiquinha teve acesso à educação de qualidade e desde cedo se mostrou fascinada pelo universo da música.
Conhecida pelo seu gênio forte, a jovem casou com um homem oito anos mais velho com quem teve três filhos. Como o marido não apoiava a sua vocação musical, Chiquinha pediu divórcio.
Pouco tempo depois casou novamente e teve uma filha. O casamento também não deu certo, mas Chiquinha conseguiu afinal ter o destino que tanto queria: viveu da música, viajou pelo país, compôs e deu aulas de piano.
Ficou encantado com essa musicista de vanguarda? Descubra mais sobre Chiquinha Gonzaga.
2. Dandara (?-1694)
Dandara foi uma mulher de enorme importante na luta pela emancipação do povo negro no Brasil. Companheira de Zumbi dos Palmares, lutou bravamente contra a opressão na época do Brasil colonial.
Infelizmente não muitos registros de suas ações, mas sabe-se que ela estava na linha de frente na defesa do Quilombo dos Palmares.
Liberta, morreu em 1694 tirando a própria vida, pois não suportava a ideia de voltar a ser escrava.
3. Cecília Meireles (1901-1964)
Cecília Meireles deixou um legado de mais de cinquenta obras publicadas! A autora começou a escrever quando era jovem - o seu primeiro trabalho foi publicado aos 18 anos - e, ao longo da vida, passeou por diversos gêneros: poesia, crônica, conto, ensaio, literatura infantil e didática. Apesar de ter explorado muitos estilos, Cecília acabou por se consagrar no universo da poesia e da literatura infantil.
Além de escrever textos literários, essa mulher admirável foi professora, jornalista e fundou a primeira biblioteca infantil do Rio de Janeiro no ano de 1934.
Essa brilhante escritora brasileira teve uma história de vida triste: o pai morreu um pouco antes do seu nascimento e a mãe faleceu quando a menina tinha apenas 3 anos. Sem pai nem mãe, Cecília foi criada pela avó materna.
A poeta casou-se duas vezes, a primeira delas com um artista plástico português com quem teve três filhas.
Gostou de conhecer essa incrível escritora? Saiba mais sobre a vida de Cecília Meireles.
4. Carolina Maria de Jesus (1914-1977)
Essa mulher admirável nasceu em 1914 em Sacramento (MG), mas passou a maior parte da vida na capital de São Paulo. Com pouco estudo, Carolina se estabeleceu na favela do Canindé, na zona norte de São Paulo.
Seu gosto pela leitura e pela escrita foram o impulso para que ela mantivesse um diário relatando suas vivências sobre a fome, a maternidade solitária e a miséria.
Com o auxílio do jornalista Audálio Dantas, consegue lançar o livro Quarto de Despejo em 1960, que reúne suas reflexões e se torna um enorme sucesso, sendo traduzido para diversos idiomas e contribuindo para uma visão humana e realista sobre a fome e a pobreza no Brasil.
5. Clarice Lispector (1925-1977)
Essa brasileira fenomenal era, na verdade, ucraniana, sabia? Clarice Lispector nasceu em Tchetchelnik, na Ucrânia, e veio para o Brasil com menos de um ano.
Clarice fez Direito, trabalhou como redatora e foi, antes de tudo, uma apaixonada pela escrita. Autora de romances, contos e crônicas, Clarice é um dos maiores nomes da literatura brasileira de todos os tempos. Muito premiada em vida, seu nome era conhecido já entre os seus contemporâneos.
Ainda jovem, a escritora casou com Maury Gurgel Valent, um colega de turma que virou diplomata e rapidamente se tornou uma cidadã do mundo, vivendo em uma série de países. Com ele teve dois filhos, mas acabou por se separar. Após o divórcio continuou escrevendo para o jornal, além dos livros literários que publicava regularmente.
É um apaixonado pela escrita dessa grande autora? Saiba mais sobre a biografia de Clarice Lispector.
6. Nise da Silveira (1905-1999)
Essa incrível médica psiquiatra revolucionou a maneira como se realizam os tratamentos de saúde mental no Brasil. Nascida em Alagoas em 1905, Nise se formou em medicina em 1926, um feito para uma mulher naquela época.
Se forma em psiquiatria e passa a trabalhar no Hospital da Praia Vermelha. Mas foi no Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, no bairro do Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro, que realizou seu trabalho mais importante.
Lá ela conseguiu tratar pacientes através da arteterapia, da interação com os animais e de acolhimento, o que foi possível com muita luta contra os métodos violentos e desumanos recorrentes.
Nise faleceu em 1999 aos 94 anos no Rio de Janeiro.
7. Tarsila do Amaral (1886-1973)
Tarsila do Amaral é a autora da célebre tela Abaporu, além de muitas outras obras que pertenceram ao Modernismo.
Os trabalhos da pintora são em geral divididos em três fases: Pau-Brasil, Antropofágica e Social. Tarsila também fundou, ao lado de Oswald de Andrade (com quem se casou) e Raul Bopp, o movimento Antropofágico, um divisor de águas na cultura brasileira.
Filha de uma família rica e tradicional, a pintora cresceu em fazendas no interior de São Paulo. Já aos dezesseis anos foi estudar artes plásticas fora do país, em Barcelona. Regressou para o Brasil, casou e teve uma filha. Separou e voltou a viver na Europa onde conheceu artistas, teve uma vida dinâmica e participou das altas rodas.
Tarsila foi uma mulher a frente do seu tempo: experimentou viver em vários lugares do mundo, pintou como e quando quis, foi uma criatura pensante no universo das artes plásticas e teve namorados e maridos quando lhe apeteceu.
Quer conhecer os pormenores da vida da pintora? Desvende a biografia de Tarsila do Amaral.
8. Ruth Rocha (1931-)
Ruth Rocha nasceu em São Paulo e é autora de alguns dos maiores clássicos da literatura infantil que permeiam o imaginário coletivo dos brasileiros há décadas.
Formada em Ciências Políticas e Sociais, Ruth Rocha sempre esteve envolvida com o universo das crianças. Ela começou a carreira trabalhando em uma biblioteca e logo virou orientadora educacional. Não demorou muito e experimentou escrever para revistas tendo afinal alcançado o cargo de editora de livros infantis.
Quando resolveu virar autora em tempo integral a sua produção literária deu um boost espantoso! Atualmente Ruth Rocha conta com mais de duzentos títulos publicados e a sua produção já foi traduzida para vinte e cinco idiomas.
Saiba tudo sobre a vida dessa grande autora lendo a biografia de Ruth Rocha.
9. Cora Coralina (1889-1985)
Cora Coralina, uma doceira que cursou a escola apenas até a terceira série do curso primário, foi uma poetisa do cotidiano, da singeleza, das pequenas coisas.
Seus versos, tantas vezes delicados e profundos, só foram publicados pela primeira vez quando a autora tinha 75 anos. Pouco tempo antes, aos 70 anos, resolveu aprender datilografia sozinha para organizar os seus poemas e enviar aos editores.
Seu trabalho foi elogiado por Carlos Drummond de Andrade. Cora chegou a receber o título de Doutor Honoris Causa pela UFG e ocupou a cadeira número 3 da Academia Goiânia de Letras.
Ficou encantado com o percurso literário da poeta goiana? Saiba mais sobre a biografia de Cora Coralina.
10. Lygia Fagundes Telles (1923-)
Paulista, filha de um promotor com uma pianista, Lygia publicou o seu primeiro livro de contos quando tinha apenas 15 anos. Desde sempre a escritora soube da sua vocação e mergulhou no universo da literatura tendo produzido enormes sucessos como As meninas.
Formada em Direito, a jovem começou a escrever para os jornais e casou com um professor do curso, com quem teve um filho. Se na vida pessoal o casamento que durou mais de uma década acabou em divórcio, na vida profissional tudo corria bem: a autora continuou durante toda a carreira com uma produção voraz.
O ano de 1963 foi muito especial para Lygia: casou-se com o novo marido e recebeu um prêmio Jabuti pelo seu segundo romance. Durante os anos setenta, aliás, a escritora colecionou prêmios literários nacionais e internacionais.
Algumas décadas mais tarde, em 2001, alcançou o auge da carreira: venceu o Prêmio Camões. Quinze anos mais tarde outra grande surpresa: Lygia foi a primeira mulher indicada para o Nobel de Literatura.
11. Ana Néri (1814-1880)
Menos conhecida do grande público, Ana Néri foi uma mulher essencial para a história do nosso país. Consegue imaginar a coragem dessa mulher que serviu como voluntária na Guerra do Paraguai?
A baiana nascida em 1814 casou com um militar e ficou viúva aos 29 anos, tendo criado sozinha os três filhos. Quando os filhos de Ana Néri foram convocados para a Guerra do Paraguai, ela não pensou duas vezes e escreveu uma carta ao presidente da província se voluntariando para servir como enfermeira durante o conflito.
Aceita, Ana Néri mudou para o sul do país e aprendeu tudo o que podia sobre enfermagem. Mesmo com poucos recursos e um número enorme de doentes fez um trabalho exemplar. Com os seus próprios recursos criou uma enfermaria em Assunção, no Paraguai, para atender feridos.
Essa brasileira foi tão importante que chegou a ser condecorada e recebeu homenagens do imperador D.Pedro II. O dia do enfermeiro é celebrado até hoje no dia 20 de maio em função do dia da morte de Ana Néri, que perdeu a vida em 1880.
Deseja saber mais sobre o percurso dessa mulher tão importante e tão pouco falada? Investigue a biografia de Ana Néri.
12. Marina Silva (1958)
Uma brava defensora do meio ambiente, essa pode ser uma das melhores definições de Marina Silva. Essa política nascida no seringal do interior do Rio Branco teve uma vida dura: nasceu em uma família pobre, de seringueiros, e só aos 14 anos começou a aprender matemática para ajudar o pai nos negócios.
Marina trabalhou como empregada doméstica e só aos 16 anos aprendeu a ler e a escrever. Ela fez supletivos, ingressou no curso de História e virou sindicalista. Também trabalhou com Chico Mendes e fundou a CUT, se tornando política profissional.
Marina casou duas vezes, teve quatro filhos, foi vereadora, deputada estadual, senadora, secretária do Meio Ambiente e, por fim, Ministra do Meio Ambiente.
Durante grande parte da sua vida esteve filiada ao PT, mas acabou por migrar para o Partido Verde e, em 2013, criou o partido Rede Sustentabilidade. Já concorreu à presidência da República por três vezes consecutivas.
13. Rachel de Queiroz (1910-2003)
Rachel de Queiroz, uma cearense nascida em 1910, foi a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras e a primeira autora a receber o importante Prêmio Camões. A escritora no princípio da carreira já havia recebido o prêmio da Fundação Graça Aranha pelo seu primeiro romance, O Quinze, publicado quando tinha apenas 20 anos.
Rachel era parente, pelo lado materno, do escritor José de Alencar. Filha de um promotor, a moça se formou professora com apenas quinze anos e colaborou com alguns jornais. Gostou tanto do ofício que seguiu escrevendo para os meios de comunicação, onde publicou mais de duas mil crônicas. Para além das crônicas também investiu nos romances e nas peças de teatro.
Ativista, Rachel também tinha preocupações políticas. Em 1931 se filiou ao Partido Comunista Brasileiro e ajudou a implantar o partido no nordeste. Militante, a autora chegou a ser presa durante três meses.
Rachel se casou duas vezes - a primeira com um poeta, a segunda com um médico - e teve uma única filha que morreu com apenas 18 meses.
14. Anita Malfatti (1889-1964)
Essa pintora foi um dos grandes nomes do Modernismo brasileiro.
A artista plástica paulistana começou vencendo desafios já desde pequena: como nasceu com um problema no braço direito precisou aprender a usar a mão esquerda. Ainda jovem, Anita tentou suicídio. Felizmente o plano não deu certo e ela renasceu decidida a se dedicar à pintura.
Aliás, a pintura sempre esteve na sua vida: a mãe, pintora, foi a primeira a lhe ensinar a usar os pincéis e foi através dela que a família se sustentou nos primeiros anos, após a morte do pai.
Depois de aprender em casa, Anita foi estudar artes plásticas na Europa e retornou ao Brasil para apresentar os seus quadros expressionistas. Entre eles talvez o mais famoso seja A Boba, pintado entre 1915 e 1916.
Através da amiga Tarsila do Amaral, participou da Semana de Arte Moderna e integrou o Grupo dos Cinco ao lado de Tarsila, Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti De Picchia. Com o passar dos anos a jovem alcançou visibilidade internacional tendo exposto em Paris, Berlim e Nova Iorque.
Essa pintora brasileira teve um destino agitado, repleto de idas e vindas. Saiba mais sobre a biografia de Anita Malfatti.
15. Dilma Rousseff (1947-)
Independente da sua ideologia ser de direita ou de esquerda há que se reconhecer a importância de Dilma Rousseff, a primeira mulher brasileira a presidir o país. Já antes de alcançar o cargo máximo da política nacional, Dilma esteve cinco anos a frente da Casa Civil.
Essa mineira destemida é filha de um imigrante búlgaro com uma professora carioca. Já na adolescência Dilma começou a se interessar por política, mais especificamente pelos ideais socialistas. Durante a ditadura militar se envolveu com a luta armada e chegou a ser presa e torturada pelo regime.
Formada em economia, Dilma ocupou uma série de cargos técnicos públicos. Foi, por exemplo, Secretária da Fazenda do Governo Municipal de Porto Alegre. Com a vitória de Lula virou Ministra das Minas e Energia. Depois de alguns anos assumiu o cargo de Ministra da Casa Civil.
Em 2010 se elegeu presidente (ou presidenta, como prefere ser chamada) do Brasil, sendo reeleita em 2014. Dilma sofreu um impeachment acusada de crime de responsabilidade fiscal e deixou o poder em 2016.
Leia a biografia completa de Dilma Rousseff.
16. Maria Quitéria (1792-1853)
No princípio do século XIX o Brasil teve uma militar no seu exército, uma verdadeira heroína na luta pela independência. Maria Quitéria era baiana filha de um português com uma dona de casa e ficou órfã de mãe quando tinha apenas dez anos, a partir daí começou a cuidar dos seus dois irmãos e da casa.
Independente, Maria Quitéria gostava de montar, de caçar e de manejar armas de fogo, mas não tinha qualquer interesse pela escola. Quando soube das lutas de apoio à Independência, em 1822, pediu autorização ao pai para se alistar. O pedido foi negado.
Ainda assim Maria Quitéria não desistiu. Com a ajuda da irmã e do cunhado, cortou o cabelo, pôs uma roupa masculina, arranjou um nome falso e se alistou voluntariamente. Quando foi descoberta pelo pai, já o major responsável por ela não deixou que a moça fosse desligada do batalhão porque tinha um comportamento exemplar.
A jovem participou ativamente da defesa da Ilha da Maré, da Pituba, da Barra do Paraguaçu e de Itapuã. Foi um ícone de coragem e perseverança, apesar de ter morrido no anonimato. Na vida pessoal Maria Quitéria casou com um namorado antigo, um lavrador, e teve com ele uma filha.
Se a vida dessa improvável militar te desperta curiosidade, conheça a biografia de Maria Quitéria.
17. Elis Regina (1945-1982)
Tida como a maior cantora do Brasil de todos os tempos, Elis Regina era um furacão no palco. Nascida no Rio Grande do Sul, a Pimentinha, como era conhecida, começou a cantar com apenas onze anos. Aos 15 foi contratada pela rádio Gaúcha e, no ano a seguir, lançou o seu primeiro disco.
A carreira de Elis decolou rapidamente e logo a cantora mudou para São Paulo. Queridinha do público e da crítica, Elis recebeu uma série de prêmios e participava de programas de televisão.
Elis foi um sucesso de vendas e passeava por diversos gêneros: foi da bossa nova ao jazz, cantou MPB, rock e samba.
Na vida pessoal Elis teve dois grandes parceiros: Ronaldo Bôscoli (com quem teve João Marcelo Bôscoli) e César Camargo Mariano (com quem teve Pedro Camargo Mariano e Maria Rita).
O destino desse grande nome da música foi trágico: com apenas 36 anos Elis partiu desse mundo vítima do seu vício com as drogas.
Se você sabe as letras das músicas de cor e quer conhecer mais sobre a vida dessa grande cantora, conheça a biografia de Elis Regina.
18. Irmã Dulce (1914-1992)
Beatificada em 2010 pelo Papa Bento XVI, Irmã Dulce chegou a ser indicada ao Prêmio Nobel da Paz. Nascida na Bahia, filha de um dentista e professor, a menina batizada de Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes desde muito cedo demonstrou vocação religiosa.
Quando ainda era adolescente já ajudava os mais necessitados voltando o seu olhar para os mendigos e doentes. Aos 13 anos tentou entrar para o convento de Santa Clara, mas acabou por ser rejeitada por ser muito nova. Em 1934, aos vinte anos, tornou-se freira e recebeu o nome de irmã Dulce em homenagem à própria mãe (Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes).
Irmã Dulce atuou em escolas, participou da criação de um albergue para doentes, procurou amparar os mais pobres.
Em outubro de 2010 o Vaticano reconheceu um milagre atribuído à freira: ela teria curado uma mulher desenganada após o parto.
Conheça mais sobre a história de vida da Irmã Dulce.
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