Hermes da Fonseca

Político brasileiro
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Hermes da Fonseca

Hermes da Fonseca (1855-1923) foi um político brasileiro. Foi o 8.º presidente do Brasil no período conhecido como República Velha.

Partidário do positivismo e filiado à maçonaria, Hermes da Fonseca participou, ao lado do tio, marechal Deodoro da Fonseca, do movimento de 15 de novembro de 1889, que proclamou a República do Brasil.

Hermes Rodrigues da Fonseca nasceu em São Gabriel, no Rio Grande do Sul, no dia 12 de maio de 1855. Sobrinho do Marechal Deodoro da Fonseca, o primeiro presidente da República brasileira, também seguiu a carreira militar. Estudou na Escola Militar onde foi aluno de Benjamim Constant, que exerceu grande influência para a intensificação do espírito republicano.

Carreira Militar

Na época da Proclamação da República, Hermes da Fonseca ocupava o posto de Capitão e ajudante-de-ordem de Deodoro. Foi um dos fundadores do Clube Republicano do Círculo Militar, onde se conspirava para derrubada do governo imperial. Após a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, resultado da conjugação de interesses políticos entre os militares do Exército e a elite agrária, principalmente cafeicultora, instalou-se no Brasil um governo provisório chefiado pelo Marechal Deodoro da Fonseca que se prolongou até 1991.

Hermes da Fonseca comandou a entre Brigada Policial do Rio de Janeiro entre 1899 e 1904. Em seguida, foi nomeado comandante da Escola Preparatória e Tática do Realengo, no Rio de Janeiro. Em 1906 foi promovido a Marechal, na presidência de Rodrigues Alves. Foi nomeado ao cargo de Ministro da Guerra no governo do presidente Afonso Pena, quando reorganizou o Exército e introduziu o serviço militar obrigatório em 1908.

Presidente da República (1910-1914)

Em novembro de 1908, após regressar de uma viagem à Alemanha, onde assistiu as manobras militares como convidado de Guilherme II, foi indicado para a sucessão presidencial. Contou com o apoio das representações estaduais no Congresso Nacional, à exceção das bancadas de São Paulo e Bahia, que apoiavam o nome de Rui Barbosa e deram início à campanha civilista.

Nas eleições presidenciais de março de 1910, com o apoio dos conservadores, Hermes da Fonseca foi eleito Presidente da República, tendo como vice-presidente Venceslau Brás. Para ocupar o Ministério da Guerra convidou o general Dantas Barreto. Para a Pasta do Interior e Justiça foi nomeado Rivadávia Correia, leal correligionário do influente político Pinheiro Machado. Para o Ministério do Exterior foi mantido o Barão do Rio Branco.

O governo de Hermes da Fonseca foi marcado por várias rebeliões políticas e sociais. O presidente, para diminuir a influência do gaúcho Pinheiro Machado, que possuía forte poder sobre as oligarquias do Norte e Nordeste, pôs em prática a “Política das Salvações”, que consistia em intervir nos Estados onde não recebia o apoio das oligarquias locais. Houve intervenção em vários Estados, provocando violentas revoltas sociais e políticas.

A “Revolta da Chibata” que teve início em novembro de 1910, no Rio de Janeiro, foi uma rebelião de marinheiros dos navios São Paulo e o Minas Gerais, liderados por João Cândido, contra os castigos corporais ainda vigentes na Marinha, ameaçaram bombardear a cidade do Rio de Janeiro, caso o governo não atendesse suas reivindicações. Para sufocar a rebelião o presidente reuniu-se com o parlamento e foi decretado o fim dos açoites e a anistia dos rebeldes.

O governo de Hermes da Fonseca enfrentou mais uma rebelião que ocorreu em uma área localizada na região do Contestado, zona disputada entre o Paraná e Santa Catarina. A “Questão do Contestado” foi liderada pelo fanático João Maria, apelidado de Monge, que congregou aproximadamente 50 mil camponeses e desempregados. Em defesa dos interesses dos latifundiários e algumas companhias estrangeiras, o governo enviou tropas para destruir as “vilas santas”. O resultado foi a morte de milhares de camponeses e também militares.

Outra revolta ocorrida em seu governo foi a "Revolta do Juazeiro", em 1914, motivada pela derrubada “dos Aciolis” do governo do Ceará, aliados ao Padre Cícero e pela vitória de Franco Rabelo com o apoio e a intervenção de Hermes da Fonseca.

Durante a presidência de Hermes da Fonseca o desenvolvimento econômico do país sofreu os efeitos da instabilidade política. A região Norte sofreu a concorrência da borracha asiática, encerrando-se assim a fase do progresso que vivera a Amazônia. Um novo empréstimo comprometeu ainda mais a situação financeira do país.

Em política externa promoveu uma aproximação com os Estados Unidos e no plano interno prosseguiu com o programa de construção de ferrovias e de escolas técnicas, delineadas no governo de Afonso Pena.

Concluiu as reformas e obras da Vila Militar de Deodoro e do Hospital Central do Exército, além das vilas operárias, no Rio de Janeiro, no subúrbio de Marechal Hermes e no bairro da Gávea.

Ao terminar o mandato, em 1914, teve início a Guerra Mundial, quando o mundo atravessou dias difíceis. Hermes da Fonseca foi sucedido por Venceslau Brás.

Últimos Anos

Ao deixar a presidência, em novembro de 1914, Hermes da Fonseca candidatou-se ao Senado pelo Rio Grande do Sul, mas recusou-se a assumir o mandato em virtude do assassinato de Pinheiro Machado. Em seguida, viajou para a Europa só retornando seis anos depois.

Acolhido pelos militares, foi conduzido à presidência do Clube Militar. Em 1922 foi preso por determinação do presidente Epitácio Pessoa, por apoiar o movimento denominado "Reação Republicana", que lutava contra a corrução política e apoiava a candidatura do ex-presidente Nilo Peçanha. Depois de seis meses foi libertado graças a um habeas corpus. Doente, retirou-se para Petrópolis.

Hermes da Fonseca faleceu em Petrópolis, no Rio de Janeiro, no dia 9 de setembro de 1923.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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