13 feitos marcantes de Nelson Mandela

Nelson Mandela foi o primeiro presidente negro da África do Sul e um nome de referência na luta contra o Apartheid. 

Até hoje, Madiba, como era conhecido, é um dos líderes africanos mais conhecidos do mundo. Quer saber quem foi Mandela? Confira então a nossa lista com os 13 momentos marcantes de sua biografia. 

1. Mandela mudou de nome

Na verdade, sem motivo conhecido, logo que começou o Ensino Fundamental, a sua professora lhe atribuiu o nome Nelson, inglês, que era popular e muito mais fácil de pronunciar. 

Seu nome de nascença é Rolihlahla, que na língua Xhosa significa aquele que ergue o galho da árvore, ou, popularmente, encrenqueiro. 

Com o tempo, o líder sul-africano foi ainda ganhando outros nomes: 

Madiba (nome do clã Thembu a que pertencia), Tata (pai, no caso, pai da nova África do Sul) e Dalibhunga, um nome Xhosa que ganhou aos 16 anos em seu rito de passagem para a vida adulta, e significa criador ou fundador da conciliação, do diálogo. 

Tudo a ver com a história que viria a construir na vida adulta!

2. Mandela fugiu de sua tribo e de um casamento forçado 

Casamentos arranjados eram parte da cultura do povo Thembu, ao qual Mandela pertencia. Quando tinha 23 anos de idade, seu tio lhe arranjou uma moça para casar. Foi o início da vida de Mandela longe das suas raízes: ele recusou o casamento e decidiu ir para Joanesburgo, o centro econômico do país, onde trabalhou como vigia noturno em uma mina, ao mesmo tempo que cursava Direito. 

3. Mandela inicia a vida política nos movimentos estudantis

No início da década de 1940 o jovem Mandela já morava na cidade mais civilizada de seu país, estudava Direito em uma Universidade em que era o único negro da turma, e se deparava com um país cada vez mais dividido entre brancos e negros. 

Nelson Mandela com cerca de 20 anos de idade
Nelson Mandela com cerca de 20 anos de idade

Mandela então começa a se envolver com movimentos estudantis que tinham como objetivo lutar pela igualdade de direitos e respeito às pessoas negras. Formado em Direito, ele funda com o também líder sul-africano antiapartheid, Oliver Tambo, o primeiro escritório de advogados negros do país

4. Atuou como advogado de vítimas de políticas de segregação racial

Depois de formado em Direito, Mandela atuou como advogado no país, especialmente voltado para vítimas de políticas de segregação racial. Ao mesmo tempo, casou-se com sua primeira esposa, Evelyn Mase, com quem teve quatro filhos. 

O jovem já era envolvido politicamente ao ANC (Congresso Nacional Africano), e logo tornou-se figura central da organização, junto com seu amigo Tambo. 

Mandela e seu amigo Oliver Tambo
Mandela e seu amigo Oliver Tambo. Fonte:The Peto Collection, University of Dundee 

Em 1948, um partido alinhado com causas nazistas ganha as eleições do país. No ano seguinte, institui o Apartheid, separando brancos e negros através de leis que julgavam a partir da ideia de superioridade da raça branca. Pessoas não-brancas perdem seus direitos, suas terras, sua dignidade.

Foi então que Mandela começou a liderar protestos pacíficos contra o regime. 

5. De lutador de boxe à guerrilheiro: a virada na vida de Mandela 

Em sua biografia, ao explicar o porquê do seu interesse em lutar boxe na juventude, Mandela disse a seguinte frase:

Não era a violência que me interessava no boxe, mas a sua ciência. Me intrigava ver como o corpo podia se mexer para se proteger, como se usa a estratégia para atacar e esquivar-se, como se controla o próprio ritmo.

Foi um movimento de luta parecido que o levou de um líder pacífico a um homem que chegou a defender o uso da violência para resistir aos horrores do Apartheid. 

Mandela com luvas de boxe

No começo da década de 1960, o governo endureceu ainda mais o tratamento às pessoas negras, o ANC foi proibido e Mandela tornou-se um clandestino: viajou ao Marrocos e à Etiópia aprendendo técnicas de guerrilha e treinando para ser um militar. Aprendeu a pegar em armas.

O ponto de partida para essa mudança de atitude foi o episódio que ficou conhecido como Massacre de Sharpeville, onde 69 pessoas negras foram assassinadas em um protesto pacífico contra as leis segregacionistas. 

Massacre de Sharpeville, 21 de março de 1960
Massacre de Sharpeville (21 de Março de 1960) Foto: Arquivo da Baileys African History

6. Como Mandela foi parar na prisão? De quando o líder sul-africano escapou da pena de morte 

Era 1962 e Mandela, atuando de forma clandestina segundo as regras nacionais, saiu do país a fim de juntar fundos para financiar a sua ideia de luta armada, e obter treinamento militar. 

Em uma blitz policial, foi preso por deixar o país sem permissão. 

Apenas dois anos depois, foi acusado de sabotagem e preso com vários outros líderes políticos negros. Havia a possibilidade de ser punido com pena de morte, mas Mandela escapou, e foi condenado à prisão perpétua. 

Uma das frases mais famosas de Mandela foi dita em tribunal, quando atuou em sua própria defesa:

O ideal de uma sociedade democrática e livre é um ideal para cuja concretização espero viver. Mas se for necessário é um ideal pelo qual estou disposto a morrer.

7. A parte trágica da biografia de Mandela: 27 anos na prisão

Mandela ficou por mais de duas décadas preso na Cidade do Cabo, em uma cela na prisão de segurança máxima da Ilha Robben, que tornou Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1999.

Cela de Mandela
Cela onde Mandela ficou preso por mais de 20 anos, em Robben Island. 

Após, foi transferido para a prisão de Pollsmoor, de onde começou a negociar sua liberdade. Naquele momento, o Governo já sentia a pressão da campanha Liberte Mandela, que estampava cartazes, shows, encontros políticos, seminários e diversos eventos mundiais. 

Campanha 'Liberte Mandela' em Berlim, Alemanha (1986)
Campanha "Liberte Mandela" em Berlim, Alemanha (1986)

8. Queria todos livres: Mandela se recusa várias vezes a sair da prisão 

Enquanto estava preso, Mandela se recusou diversas vezes a ser solto, pois não chegava a um acordo com os líderes nacionais brancos sul-africanos. Ele exigia liberdade a todos os presos políticos, e que o seu partido, ANC, fosse legalizado. 

A pressão mundial pela sua soltura começou a ser grande demais para o Governo, que sofria com boicotes e campanhas negativas em todo o resto do mundo. 

9. Da prisão à glória: Nelson Mandela é libertado 

Depois de anos de negociação, finalmente o governo sul-africano aceitou as condições de Mandela, que saiu da prisão no dia 11 de fevereiro de 1990, aclamado por uma multidão. 

A saída de Mandela da prisão aconteceu juntamente com o fim oficial do regime de Apartheid, sinalizando para uma África do Sul mais justa e igualitária. 

Mandela saindo da prisão de mãos dadas com a sua esposa, Winnie (11 de Fevereiro de 1990)
Mandela saindo da prisão de mãos dadas com a sua esposa, Winnie (11 de Fevereiro de 1990)

10. E o Nobel da Paz de 1993 vai para Nelson Mandela! 

Depois de ter passado quase três décadas em prisões na África do Sul, Mandela finalmente é solto e agraciado com uma série de homenagens, incluindo a importante Medalha da Liberdade, que ganhou do presidente dos EUA, Bill Clinton. 

Junto com o seu compatriota e então presidente sul-africano Frederick Willem de Klerk, Mandela foi um dos condecorados com o Prêmio Nobel da Paz aquele ano, por todo o seu esforço em acabar com o regime de segregação racial e luta por princípios democráticos e igualitários para o seu país. 

Mais uma vez, uma frase marcante foi dita pelo líder na ocasião: 

O valor da nossa recompensa compartilhada deve ser medida e a paz triunfará. Porque a humanidade que une negros e brancos em uma só raça dirá a cada um de nós que devemos viver como filhos do paraíso.  

11. A revolução chegou: Mandela torna-se o primeiro presidente negro da África do Sul 

As eleições de 1994 foram muito importantes na biografia de Mandela: além de ser a primeira vez na vida que ele votou (foram as primeiras eleições livres do país), o líder sul-africano foi eleito presidente do país com 62% dos votos, aos 75 anos de idade.

Mandela votando nas eleições presidenciais de 1994
Mandela votando nas eleições presidenciais de 1994

A posse do presidente no dia 10 de maio foi marcada pela experiência de um país onde a liberdade estava renascendo, com novos símbolos, e inclusive a partir uma nova constituição proposta por Mandela, com valores ligados à igualdade, liberdade, democracia, justiça e respeito. 

Mandela na ocasião promete:

Uma sociedade de que toda a humanidade se orgulhará, (...) que nasceu da experiência de um desastre humanitário que durou tempo demais. 

12. Invictus: Mandela tenta unir a nação através do esporte 

O Apartheid havia oficialmente acabado, mas as divisões permaneciam: brancos e negros não se davam bem em todo o país. Recém-eleito presidente, Mandela então se empenhou em um apoio apaixonado à seleção de rúgbi sul-africana, composta só por jogadores brancos.

Era 1995 e o time africano conseguiu chegar à final da Copa do Mundo de Rúgbi contra a seleção neozelandesa, disparado a predileta para a vitória. 

Poster do filme Invictus
Poster do filme Invictus 

O resto da história muita gente já viu no filme Invictus (2009) estrelado por Morgan Freeman: os sul-africanos bateram os All Blacks em uma vitória épica e, com o apoio de Mandela, muitos negros no país se puseram à favor da seleção nacional, o que parecia impossível devido às circunstâncias. O presidente vestiu a camisa do time e entregou o troféu pessoalmente ao técnico da seleção. 

Invictus é um dos poemas prediletos de Nelson Mandela, escrito pelo inglês William Ernest Henley, e utilizado como inspiração para os anos de prisão de Mandela. 

13. União: a mensagem deixada por Mandela antes de sua morte 

Depois de um mandato como presidente sul-africano, Mandela de afasta aos poucos da vida pública, com intenção de ficar mais próximo da família.

Sua biografia lançada em em 2005 e chamada "Longa Caminhada até a Liberdade" é um sucesso completo, traduzida para várias línguas. 

Capa da autobiografia de Mandela 'Uma Longa Caminhada até a Liberdade'
Capa da autobiografia de Mandela "Uma Longa Caminhada até a Liberdade"

Em 2010, aos 92 anos, aparece pela última vez em um grande ato público, na final do Mundial de Futebol no Estádio de Joanesburgo. Simbolicamente, a sua presença no estádio representa a evolução do país. 

A mensagem que resume a biografia de Mandela foi dita na comemoração do seu aniversário de 90 anos, em uma grande festa organizada no Hyde Park, em Londres:

Mesmo celebrando, deixem-me lembrar-vos que o nosso trabalho está longe de estar completo: o nosso trabalho é liberdade para todos. 

Curiosidades sobre a vida de Nelson Mandela:

  • Ele se casou três vezes e teve seis filhos, dos quais apenas três estão vivos. 
     
  • Winnie Madikizela-Mandela, sua segunda esposa e, conforme contam, maior amor da vida, ficou com ele durante todo o seu tempo de prisão, mas divergências políticas separaram o casal logo após a liberdade de Mandela, depois de 38 anos de união oficial. 
     
  • A terceira e última esposa de Mandela, quase 30 anos mais nova, Graça Machel, foi guerrilheira, líder moçambicana e esposa de outro homem notável na história da África: Samora Machel, o primeiro presidente de Moçambique. 
  • Mandela é um dos homens mais premiados e homenageados do mundo. Com 695 prêmios, é a única pessoa a ter uma data em sua homenagem pela Organização das Nações Unidas (ONU). 
Estátua de Nelson Mandela
Estátua de Nelson Mandela, criada por Ian Walters, e localizada da Praça do Parlamento, em Londres
  • Seu nome também foi dado a uma partícula nuclear, a um pica-pau pré-histórico (Australopicus nelsonmandelai) e a uma orquídea (Paravanda Nelson Mandela).
     
  • A ONU (Organização das Nações Unidas) declarou 18 de julho, data do aniversário dele, Dia Internacional Nelson Mandela. Foi a primeira vez que as Nações Unidas dedicaram uma data em particular a uma pessoa.
     
  • Ele costumava inspirar-se em Gandhi e seu modelo de não-violência. Era um grande admirador do líder indiano. 

As frases de Nelson Mandela que marcaram história 

Sonho com o dia em que todas as pessoas levantar-se-ão e compreenderão que foram feitos para viverem como irmãos.

Uma boa cabeça e um bom coração formam uma formidável combinação.

Não há caminho fácil para a liberdade.

A queda da opressão foi sancionada pela humanidade, e é a maior aspiração de cada homem livre.

Ser livre não significa apenas libertar-se das correntes mas viver de forma que respeite e envolva a liberdade dos outros.

A educação é a arma mais forte que você pode usar para mudar o mundo.

Eu odeio o racismo, pois o considero uma coisa selvagem, venha ele de um negro ou de um branco.

Sonho com uma África em paz consigo mesma.

Sempre parece impossível até que seja feito.

A luta é a minha vida. Continuarei a lutar pela liberdade até ao fim dos meus dias.

Gostou? Confira então a biografia completa de Nelson Mandela

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