Conheça os grandes nomes da Tropicália

Rebeca Fuks
Rebeca Fuks
Doutora em Estudos da Cultura

Revolucionários, loucos, corajosos, vanguardistas: esses foram alguns dos adjetivos usados para caracterizar aqueles que fizeram a Tropicália.

A galera jovem que se reuniu no final dos anos 60 queria desafiar o status quo e assim o fez. Encabeçados por Caetano Veloso e Gilberto Gil, o movimento deu os seus primeiros passos em 1967 e ganhou corpo no ano a seguir. 

Confira agora quem foram os grandes nomes dessa talentosa geração.

Os jovens que fizeram a Tropicália
Alguns dos jovens que fizeram a Tropicália

1. Gilberto Gil (1942)

Gil nasceu em 1942 na Bahia e desde sempre mostrou que tinha dentro dele o bichinho da música. Com nove anos, começou a estudar música na Academia Regina e toda vez que pode colocou alguns acordes no seu dia a dia. 

Já adolescente, entrou para o curso de administração de empresas mas, no ano a seguir, ganhou um violão de presente da mãe e tomou coragem para seguir o rumo que tanto desejava. 

Gilberto Gil

Em 1963, compôs a sua primeira música (Felicidade vem depois) e, nesse mesmo ano, conheceu aqueles que viriam a ser seus grandes amigos e companheiros de profissão: Caetano Veloso, Maria Bethânia, Tom Zé e Gal Costa. Depois vieram outros camaradas importantes: Vinicius de Moraes, Edu Lobo e Chico Buarque.

Em 1967, Gil cantou Domingo no Parque com Os Mutantes e ficou em segundo lugar no Festival da Canção. Relembre esse momento icônico:

Ao lado de Caetano, o baiano se empenhou para levar a frente a sua Tropicália e acabou entrando na história da música popular brasileira.

Saiba tudo sobre o percurso de Gilberto Gil.

2. Caetano Veloso (1942)

Caetano Veloso

É impossível falar de Tropicália sem mencionar Caetano Veloso. Ele e Gilberto Gil foram os principais nomes da questionadora geração de 60 que lutava corajosamente pela liberdade e contra a ditadura (1964-1985).

Apesar de ter nascido no sertão baiano, a família Veloso se mudou para o Rio de Janeiro quando Caetano tinha 14 anos. Em 1960, regressaram para a Bahia e se estabeleceram em Salvador, onde Caetano e a irmã Maria Bethânia passaram a cantar em bares.

Os irmãos fizeram amizade com Gal Costa, Gilberto Gil e Tom Zé e chegaram a participar do show de inauguração do Teatro Vila Velha em 1964. Caetano continuou investindo na carreira musical até que, em 1967, participou do Festival da MPB da TV Record e ficou em quarto lugar com a música Alegria Alegria. A apresentação foi histórica acompanhada da banda de rock os Beat Boys, lembra?

No ano a seguir da participação no festival, lançou com os seus amigos o disco Tropicália ou Panis et Circensis, um marco do Tropicalismo.

Conheça melhor o percurso de Caetano Veloso.

3. Rita Lee (1947)

Rita Lee

Rita Lee Jones é filha de um americano com uma pianista e, aos 15 anos, ingressou no mundo da música tocando bateria. Quando completou 19 anos, resolveu montar a banda Os Mutantes junto com os irmãos Sérgio e Arnaldo Baptista.

Em 1967, o grupo estava ao lado de Gilberto Gil no III Festival da Música Popular Brasileira durante a apresentação da canção Domingo no Parque. Vanguardistas, os integrantes da banda também participaram do disco icônico Tropicália ou Panis et Circensis.

Rita Lee acabou saindo dos Mutantes e seguiu uma memorável carreira solo investindo mais no ritmo pop.

Conheça a biografia completa de Rita Lee.

4. Tom Zé (1936)

Tom Ze

Controverso, questionador, polêmico, esse é Tom Zé, um baiano nascido em Irara, no recôncavo baiano. Filho de um sujeito que ganhou a loteria federal, a família de Zé nunca teve dificuldades financeiras e aceitou rapidamente quando o adolescente resolveu cursar música na Universidade da Bahia.

Foram seis anos estudando e conhecendo gente jovem igualmente interessada pelo universo artístico. Foi durante esse período que conheceu outros integrantes da Tropicália e juntos fizeram o espetáculo Nós, Por Exemplo. Essa parceria foi tão forte que culminou na gravação do CD Tropicália ou Panis et Circensis.

Após a dissolução do grupo, Tom Zé continuou no mercado musical produzindo as suas canções originais e arrebatando a crítica nacional e internacional.

5. Nara Leão (1942-1989)

Nara Leão

A musa da bossa nova também participou ativamente da Tropicália, sabia?

Nara se encantou pela música quando ganhou de presente do pai um violão - nessa época a menina tinha apenas 12 anos. 

Entusiasmada pelo instrumento, ela fez aulas particulares e se formou na Academia de Violão de Menescal e Carlos Lyra. Com o seu talento ímpar começou a frequentar as reuniões do grupo que viria a fundar a Bossa Nova. Foi assim que Nara Leão acabou por ser divulgada em todo Brasil.

Já no final da década de 60, Nara se aproximou dos compositores baianos e participou da gravação do disco Tropicalia ou Panis et Circenses. Sua voz ficou eternizada pela canção Lindoneia

Desvende a carreira de Nara Leão.

6. Gal Costa (1945)

Gal Costa

"Meu nome é Gal!". Maria das Graças Penna Burgos, a famosa Gal, conheceu Caetano Veloso em 1963, na Bahia, e já no ano a seguir fez parte do show Nós, Por Exemplo.

Sua carreira musical está intimamente ligada à Tropicália, o movimento que ajudou a criar. Em 1965, Gal foi para o Rio de Janeiro, onde lançou seu primeiro disco, ao lado de Caetano Veloso. No ano a seguir, se apresentou no I Festival Internacional da Canção com Gilberto Gil e Torquato Neto. Na ocasião, os três cantaram Minha Senhora.

Gal investiu também em uma carreira solo tendo lançado seu primeiro álbum individual em 1969. Após a dissolução dos tropicalistas, Gal seguiu trilhando o seu caminho como interprete. 

Saiba tudo sobre a vida pessoal e profissional de Gal Costa.

7. Torquato Neto (1944)

Torquato Neto

Talvez o nome menos conhecido dessa lista seja o de Torquato Neto, um talentoso artista que cedo demais se despediu da vida.

Torquato nasceu no Piauí, filho de um promotor público, e foi durante a adolescência estudar em Salvador. Foi lá que conheceu a turma animada que estava querendo revolucionar a música e juntos começaram a ensaiar os primeiros passos da Tropicália. Com medo da ditadura militar, Torquato deixou o país em 1968.

Jornalista, letrista, compositor, ele forneceu uma série de músicas para grandes nomes da MPB. É dele, por exemplo Pra Dizer Adeus (feita em parceria com Edu Lobo), Nenhuma Dor (com Caetano Veloso), Louvação e Minha Senhora (com Gilberto Gil).

Ouça o LP Tropicalia ou Panis et Circencis na íntegra

O disco icônico feito pela geração Tropicália encontra-se disponível online, confira abaixo:

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Rebeca Fuks
Rebeca Fuks
Formada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2010), mestre em Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2013) e doutora em Estudos de Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e pela Universidade Católica Portuguesa de Lisboa (2018).