Gilberto Gil

Músico brasileiro
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Gilberto Gil

Gilberto Gil (1942) é um músico brasileiro. Cantor, compositor e instrumentista, foi um dos criadores do Movimento Tropicalista nos anos 60. É autor de músicas consagradas como “Procissão”, “Domingo no Parque” e “Aquele Abraço”.

Gilberto Gil foi Ministro da Cultura entre os anos 2003 e 2008. Em abril de 2022 tomou posse na Academia Brasileira de Letras.

Gilberto Gil nasceu em Salvador, Bahia, no dia 26 de junho de 1942.  Filho de um médico e uma professora, com menos de um mês de nascido a família mudou-se para Ituaçu, cidade no sudeste da Bahia, onde passou parte de sua infância.

Desde cedo, mostrou interesse por música. Cresceu ouvindo os intérpretes da época, entre eles Sílvio Caldas, Orlando Silva e Francisco Alves.

Com 9 anos, já em Salvador, ao mesmo tempo em que cursava o ginasial, estudava música na Academia Regina. Seu instrumento preferido era o acordeão, mas aprendia também a tocar violão. Nessa época, Gil morava na casa de uma tia paterna, Margarida, que mais tarde seria homenageada na música “Margarida-ê-ê me criou pra valer”.

Em 1960, Gilberto Gil ingressou na Universidade Federal da Bahia para cursar administração de empresas. No ano seguinte, ganhou um violão de presente de sua mãe.

Carreira Musical

Ainda estudante de música, Gilberto Gil fazia parte do conjunto “Os Desafinados”, quando ele praticava o que aprendia na academia de música.

Em 1963 fez sua primeira música, “Felicidade Vem Depois”, um samba bossa-nova inspirado no estilo João Gilberto, que nunca foi gravada.

No final de 1963, Gilberto Gil conheceu Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gal Costa e Tom Zé. Nessa época, o Teatro Vila Velha estava para ser inaugurado e o grupo foi convidado para o evento pelo diretor João Augusto. O show “Nós, por Exemplo” foi montado e apresentado em junho de 1964.

Mudança para São Paulo

Depois de formado, Gil foi contratado pela Gessy-Lever para trabalhar em São Paulo. No começo de 1965, reencontrou Caetano e Maria Bethânia, e conheceu Vinícius de Moraes, Edu Lobo e Chico Buarque.

Nessa época, os amigos se encontravam nas madrugadas na Galeria Metrópole. Nas sextas e sábados, Gil cantava no Bar Bossinha e fazia algumas apresentações ao lado de Betânia no Teatro Arena. São dessa época as músicas Procissão (1965) e Roda (1965).

Primeiro Disco

Em 1966, Gil começou a se apresentar no programa "Fino da Bossa", de Elis Regina, na TV Record. Nesse mesmo ano, lançou seu primeiro disco, “Louvação”, e sua música “Ensaio Geral”, interpretada por Elis Regina, ficou em 5.º lugar no II Festival de Música Popular Brasileira (FMPB), realizado pela TV Record.

Tropicalismo

Em 1967, a música “Domingo no Parque”, que Gilberto Gil cantou com a participação dos Mutantes, ficou em 2.º lugar no III FMPB. O festival foi o ponto de partida para o movimento artístico chamado “Tropicalismo”, que Gilberto Gil participou junto com Caetano Veloso, Torquato Neto, Tom Zé, Rogério Duprat, entre outros artistas.

A ideia do movimento tropicalista era a fusão de elementos da música inglesa e americana junto com as músicas de João Gilberto e Luiz Gonzaga. O movimento causou polêmica, porém abriu as portas para uma nova etapa na música popular brasileira.

Em 1968 lançou o disco “Gilberto Gil”, com 14 músicas, entre elas "Procissão" e "Domingo no Parque". Lançou também um disco manifesto intitulado “Tropicália”, do qual também participaram Caetano, Gal Costa, Os Mutantes, Tom Zé e Torquato Neto.

Exílio

O Movimento Tropicalista foi considerado subversivo pela ditadura militar e Gilberto Gil foi preso, junto com Caetano Veloso. Em 1969, Gil se exilou na Inglaterra. Nesse mesmo ano, foi lançado o disco “Gilberto Gil” (1969), no qual se destacou a música “Aquele Abraço”.

Aquele Abraço foi a última música que Gil gravou no Brasil, um dia antes de partir para a Europa. Aquele Abraço foi o seu maior sucesso popular e tornou-se um samba de despedida.

Aquele Abraço

O Rio de Janeiro continua lindo
O Rio de Janeiro continua sendo
O Rio de Janeiro, fevereiro e março
Alô, alô realengo, aquele abraço! ...

Retorno ao Brasil

No início de 1972, Gilberto Gil voltou definitivamente ao Brasil. Em seguida, lançou “Expresso 2222”. Em 1976, junto com Caetano, Gal e Betânia, formaram o conjunto “Doces Bárbaros”, que rendeu um álbum e várias turnês pelo país.

Gilberto Gil
Doces Bárbaros

Em julho de 1976, em uma excursão dos Doces Bárbaros, Gil foi preso com pequena quantidade de maconha, em Florianópolis. Recolhido à cadeia, admitiu ser usuário da erva e foi obrigado a se internar em um hospital na capital catarinense.

Em 1978 se apresentou no Festival de Montreux, na Suíça. Nesse mesmo ano, ganhou o Grammy de Melhor Álbum de Word Music, com “Quanta Gente Veio Ver”. Em 1980 lançou uma versão em português do reggae (No Woman, No Cry) “Não Chores Mais”, sucesso de Bob Marley.

Em 2008, Gilberto Gil lançou o álbum “Banda Larga Cordel”. Em 2010 lançou “Fé na Festa”. Em seguida, vieram: “Gilberto Samba” (2014) e “Ok Ok Ok” (2018).

Entre suas músicas mais famosas destacam-se ainda: "Não Chore Mais" (1979), "Andar com Fé" (1982), "Se Eu Quiser Falar Com Deus" (1981), "Vamos Fugir" (1984) e "Esperando na Janela" (2000), que recebeu o Grammy Latino de Melhor Canção Brasileira.

Atuação na Política

Entre 1989 e 1992, Gilberto Gil foi vereador na Câmara Municipal de Salvador, pelo Partido Verde. Em 2003, Gilberto Gil foi nomeado Ministro da Cultura. Em janeiro de 2008 resolveu se desligar do cargo para se dedicar à carreira musical.

Academia Brasileira de Letras

No dia 8 de abril de 2022, Gilberto Gil foi escolhido para ocupar a cadeira 20 e integrar o rol de imortais da Academia Brasileira de Letras, por seu estreito laço da música com a cultura popular brasileira.

Família

Gilberto Gil foi casado com Belina, entre 1965 e 1967, com quem teve os filhos Nara Gil e Marília Gil. Entre 1967 e 1968, esteve casado com Nana Caymmi. Entre 1969 e 1980, Gilberto Gil viveu com Sandra Gadelha, mãe de Preta Gil, Pedro Gil e Maria Gil. Desde 1988, está casado com Flora Gil, mãe de Bela Gil, José Gil e Bem Gil.

Discografia de Gilberto Gil

  • Louvação (1967)
  • Tropicália (1968)
  • Gilberto Gil (1968)
  • Gilberto Gil (1969)
  • Gilberto Gil (1971)
  • Expresso 222 (1972)
  • Cidade do Salvador (1973)
  • Refazenda (1975)
  • Refazenda (1977)
  • Nightingale (1979)
  • Realce (1979)
  • Brasil (1981)
  • Luar (1981)
  • Um Banda Um (1982)
  • Raça Humana (1984)
  • Dia Dorim Noite Neon (1985)
  • Parabolicamará (1991)
  • Quanta (1997)
  • Quanta Gente Veio Ver (1998)
  • O Sol de Oslo (1998)
  • Gil e Milton (2000)
  • Kaya N'gan Daya (2002)
  • Gil Luminoso (2006)
Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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