16 maiores cantoras da música brasileira

Rebeca Fuks
Rebeca Fuks
Doutora em Estudos da Cultura

A música popular brasileira tem o privilégio de colecionar nomes de grandes cantoras. 

Pensando em homenagear essas mulheres de garra que emprestam as suas vozes para servirem de trilha sonora das nossas vidas, resolvemos relembrar a biografia das dezesseis maiores cantoras brasileiras de todos os tempos. 

1. Elza Soares (1930)

Com uma voz rouca inconfundível, Elza Soares conquistou o coração do Brasil se tornando um dos grandes nomes da nossa música popular.

Seu percurso foi marcado por inúmeros altos e baixos. Elza nasceu em berço humilde, no subúrbio do Rio de Janeiro, e antes de conseguir se dedicar só à música foi encaixotadora em uma fábrica de sabão. Filha de uma lavadeira com um operário, a jovem foi obrigada a se casar quando tinha apenas 12 anos.

Sonhando em ser cantora, deu os seus primeiros passos como crooner na Orquestra Garam Bailes. Aos poucos foi ficando conhecida e chegou a ir trabalhar na Rádio Vera Cruz, em 1959.

Em 1963 Elza foi escolhida como representante do Brasil na Copa do Mundo do Chile. Foi lá que conheceu Garrincha, o jogador de futebol que se tornou o amor da sua vida e viria a ser motivo de imensa alegria, mas também de profunda tristeza.

Descubra a trajetória de Elza Soares.

2. Rita Lee (1947)

A ovelha negra da família? Não me parece... Rita Lee é uma das maiores representantes do rock brasileiro e frequenta a cena musical há algumas décadas. 

Nascida em São Paulo, Rita é filha de um imigrante americano com uma pianista brasileira e, quando tinha 15 anos, começou a dar os primeiros passos no mundo da música tocando bateria. 

Aos 19 anos, se juntou com os irmãos Sérgio e Arnaldo Baptista para fundarem a lendária banda Os Mutantes. O grupo tocou em 1967 ao lado de Gilberto Gil a canção Domingo no Parque e ficou em segundo lugar no III Festival da Música Popular Brasileira.

No ano a seguir foi a vez de acompanharem Caetano Veloso na canção icônica É proibido proibir, apresentada no Festival Internacional da Canção (FIC).

Rita também fez carreira solo e emplacou sucessos como Baila comigo, Caso sério e Lança perfume

Desvende a carreira de Rita Lee.

3. Maria Bethânia (1946)

Nascida no interior da Bahia, Maria Bethânia Viana Teles Veloso é filha de Dona Canô com um funcionário dos Correios. Junto com o irmão Caetano Veloso começou a frequentar as rodas artísticas da capital baiana e acabou por se mudar definitivamente para Salvador em 1960.

No meio daquele rebuliço cultural conheceu Gal Costa, Tom Zé e Gilberto Gil. Juntos, participaram da inauguração do Teatro Vila Velha.

Bethânia deu o primeiro passo na carreira em janeiro de 1965, quando se apresentou a convite de Nara Leão no show Opinião (no Rio de Janeiro). O palco a projetou de tal forma que no mesmo ano a cantora foi contratada para gravar o seu primeiro disco.

Desde então, Maria Bethânia ocupa um lugar de destaque na música popular brasileira emplacando uma série de sucessos como Ronda, Olhos nos olhos e Tatuagem.

Saiba mais sobre a vida de Maria Bethânia.

4. Gal Costa (1945)

"Meu nome é Gal!" - o grito de guerra da cantora baiana ficou marcado no inconsciente coletivo e ajudou a fazer dela um dos grandes nomes da nossa música. 

Gal começou a carreira durante os anos 60 em Salvador ao lado dos amigos Gil, Caetano e Bethânia. Ela também fez parte do show histórico Nós, que inaugurou o Teatro Vila Velha em 1964. No ano a seguir, mudou-se para o Rio de Janeiro a fim de investir na carreira musical.

Em 1966 ganhou maior visibilidade ao participar do I Festival Internacional da Canção junto com Gil e Torquato Neto (juntos cantaram a música Minha Senhora).

Gal tem tido ao longo das décadas uma carreira multifacetada e vem explorando diversas vertentes musicais, indo desde a experimentação tropicalista até um repertório mais roqueiro. 

Conheça a biografia completa de Gal Costa.

5. Elis Regina (1945-1982)

A Pimentinha deixou a vida muito cedo, mas antes encantou os brasileiros com a sua voz repleta de emotividade. Elis nasceu em Porto Alegre e deu os primeiros passos na música cantando, ainda com 11 anos, em um programa de rádio local. 

Quando completou 15 anos foi contratada pela Rádio Gaúcha e, no ano a seguir, lançou o seu primeiro disco. A carreira de Elis foi veloz e rapidamente ela conquistou o eixo Rio-São Paulo se apresentando em programas de rádio e televisão.

Vendo que o futuro estava na capital paulista, se mudou para lá em 1964. Ao longo da década de 60, participou de uma série de Festivais da Canção e lançou alguns discos. Fez também algumas apresentações internacionais. 

Apesar da carreira seguir de vento em popa, a Pimentinha começou a enfrentar uma série de problemas com o álcool e com a cocaína que levaram a sua morte prematura.

Descubra os bastidores da carreira e da vida Elis Regina.

6. Marisa Monte (1967)

Cantora, compositora e produtora musical, Marisa é versátil e gosta de se aventurar em voo solo, mas também ao lado de amigos (quem não se lembra do projeto Tribalistas com Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes?).

A carioca tem a música no sangue e é filha de Carlos Monte, um músico que faz parte da diretoria cultural de samba da Portela. Por causa do pai, desde pequena Marisa frequentava as escolas de samba e, aos nove anos, recebeu de presente uma bateria. Cinco anos mais tarde, resolveu ter aulas de canto e teoria musical.

Formada em canto lírico, Marisa foi viver na Itália onde estudou mais a fundo a sua voz e voltou para o Brasil no final dos anos 80, quando decidiu abandonar de vez a música clássica para se dedicar à música popular. 

O primeiro disco de Marisa foi lançado em 1989 e de lá para cá a artista vem produzindo de modo consistente espalhando o seu talento ímpar aos quatro ventos. 

Não perde uma música da cantora? Então que tal saber mais sobre a biografia de Marisa Monte?

7. Nara Leão (1942-1989)

Cantora, artista plástica e atriz, a talentosa Nara Leão ficou conhecida pelo grande público como a musa da Bossa Nova. Nascida na capital do Espírito Santo, filha de uma professora com um advogado, Nara foi criada com a família no Rio de Janeiro, para onde se mudou quando tinha apenas um ano. 

Aos 12 anos, recebeu de presente do pai um violão onde começou a ensaiar os primeiros acordes. Interessada pelo instrumento, começou a ter aulas particulares e, dois anos mais tarde, se matriculou em uma academia de música. 

Com muitos amigos do meio musical, Nara frequentou desde o princípio as reuniões daqueles que fundariam a Bossa Nova. A jovem emprestou a voz à grandes sucessos do movimento como o Samba de uma nota só e o Samba do Avião.

Mais tarde, a musa também experimentou a Tropicália tendo participado da gravação do disco coletivo Tropicalia ou Panis et Circenses.

Quer saber mais sobre essa artista tão diversa? Não perca a leitura da biografia de Nara Leão na íntegra.

8. Maysa (1936-1977)

Especialmente famosa entre as décadas de 50 e 60, Maysa era filha de uma família tradicional do Espírito Santo e se mudou ainda criança (com apenas três anos) para o interior de São Paulo. Aos 14 anos, foi para a capital. 

Ainda cedo Maysa começou a criar composições. Rebelde, durante a adolescência cantava e tocava com amigos e desafiada o status quo fumando, bebendo, usando cabelos curtos e calça comprida.

Em 1956 foi descoberta por um produtor musical que deu o pontapé inicial na sua carreira profissional. Com ele, lançou seu primeiro disco - Convite para ouvir Maysa - que trazia sambas-canção.

Dois anos mais tarde, lançou um novo álbum com o seu maior sucesso (a canção Meu mundo caiu). Outro grande clássico que ficou consagrado na sua voz foi O barquinho, um marco da Bossa Nova composto por Ronaldo Bôscoli e Roberto Menescal.

A carreira de Maysa a projetou nacional e internacionalmente. A jovem, no entanto, infelizmente morreu de modo prematuro depois de sofrer um acidente de carro na Ponte Rio-Niterói.

Espreite um pouco mais sobre a vida de Maysa.

9. Beth Carvalho (1946-2019)

Percebendo o talento da jovem menina, a família de Beth Carvalho a levou para participar do programa Trem da alegria, da Rádio Mayrink Veiga. Foi assim que começou uma história de sucesso.

Além de cantar, Beth também adorava balé clássico - por esse motivo abandonou provisoriamente a música quando tinha 13 anos. Quando percebeu que não conseguia viver sem cantar, quis se aprofundar nesse universo e se matriculou na Escola Nacional de Música. Beth chegou a ser professora de violão para ajudar com as contas de casa. 

Em 1965 gravou o seu primeiro compacto simples dando o pontapé inicial na carreira. Um ano mais tarde, teve a companhia ilustre de Nelson Sargento e Noca da Portela ao participar do show A Hora e a Vez do Samba.

Cada vez mais bem relacionada no meio, Beth foi se tornando uma figura querida e ativa no meio musical - ela chegou a apadrinhar uma série de grandes nomes como Arlindo Cruz, Zeca Pagodinho e Jorge Aragão.

Entre os anos 60 e 70 fez uma série de apresentações nos Festivais da Canção tendo ficado em terceiro lugar no Festival Internacional da Canção com a música Andança. Durante esses anos de ouro, Beth gravou praticamente um disco por ano se tornando uma referência especialmente no universo do samba. 

Com trabalho duro conquistou o seu espaço no Brasil e recebeu reconhecimento internacional se apresentando também na Europa, nos Estados Unidos e na África. 

Em 2009 foi laureada no Grammy Latino com o prêmio Lifetime Achievement Awards em homenagem a importância da sua carreira. Três anos mais tarde, também recebeu o Grammy Latino de Melhor Álbum de Samba/Pagode com o disco Nosso samba tá na rua.

Fique conosco para saber tudo sobre o percurso de Beth Carvalho.

10. Nana Caymmi (1941)

Sabia que Nana na verdade tem o nome civil Dinair Tostes Caymmi? Filha do grande Dorival Caymmi e da cantora Stella Maris, Nana seguiu os passos da família no mundo da música assim como os irmãos, Danilo e Dori Caymmi.

A cantora e compositora Nana deu os primeiros passos num estúdio participando da faixa Acalanto, feita do pai para ela, no ano de 1960. Em abril assinou o seu primeiro contrato, com a TV Tupi, para o programa Sucessos Musicais. Logo depois passou a apresentar ao lado do irmão Dori o programa A Canção de Nana.

Quatro anos mais tarde participou do icônico disco Caymmi visita Tom e leva seus filhos Nana, Dori e Danilo. Em 1966 venceu o Festival da Internacional da Canção com a música Saveiros. Nesse mesmo ano assinou um contrato com a TV Record.

A partir dos anos 70, Nana começou a investir numa carreira internacional tendo feito shows inicialmente na Argentina e no Uruguai. Em 1976 recebeu o Troféu Villa-Lobos de Melhor Cantora do Ano. 

De lá para cá a cantora vem lançando uma série de discos e tem feito sucessivas apresentações no Brasil e no exterior.

11. Elizeth Cardoso (1920-1990)

Elizeth Moreira Cardoso nasceu no Rio de Janeiro, perto do Morro da Mangueira, filha de pai seresteiro e mãe cantora amadora. A música sempre esteve, portanto, muito presente na sua família.

Ainda pequena, aos cinco anos, começou a cantar para os vizinhos. Aos oito já cobrava para a ouvirem, mas custou até conseguir viver de música. Antes de se estabelecer como um dos grandes nomes da MPB, Elizeth foi balconista, cabeleireira e funcionária de fábrica. 

Sua vida mudou quando, aos 16 anos, foi ouvida por Jacó do Bandolim e fez um teste na Rádio Guanabara. A partir de então se apresentou em rádios, boates, teatros e cinemas investindo cada vez mais na carreira. Já com algum nome, começou a lançar discos.

Elizeth viveu no Rio de Janeiro e em São Paulo, e, além de cantora, foi também apresentadora. Reza a lenda que ela teria sido a cantora favorita do então presidente Jânio Quadros.

12. Clara Nunes (1943-1983)

Nascida em Caetanópolis, Clara era a caçula da família composta por sete filhos. O pai, marceneiro, tinha como hobby a música.

De origem humilde, aos 14 anos Clara começou a trabalhar como tecelã. Aos 16, já vivendo em Belo Horizonte, na casa dos irmãos, passou a cantar nos finais de semana na igreja.

Um dos grandes nomes da Jovem Guarda, Clara Nunes além de cantar também atuava tendo participado de uma série de filmes. A atriz fundou, ao lado do marido, Paulo César Pinheiro, um teatro que leva o seu nome na Gávea (na zona sul do Rio de Janeiro).

Entusiasta da cultura nacional, Clara Nunes fez turnês no exterior para divulgar a música brasileira. 

13. Carmen Miranda (1909-1955)

O que é que a baiana tem?

Sabia que a mulher que espalhou a imagem do Brasil mundo afora não nasceu, de fato, no Brasil? Pois é, Maria do Carmo Miranda da Cunha veio ao mundo no Porto (Portugal). Filha de um barbeiro, mudou-se com a mãe e com a irmã para o Brasil quando tinha apenas um ano de idade.

Carmen foi criada na Lapa, estudou em colégio de freiras e, aos 15 anos, resolveu jogar tudo para o alto para trabalhar numa confecção de chapéus. Foi lá que aprendeu a costurar e se apaixonou pelos turbantes.

Em 1930 lançou o seu primeiro disco e fez a sua primeira - de muitas - turnê internacional em Buenos Aires. Três anos mais tarde, entrou para a história depois de se tornar a primeira mulher a ter assinado um contrato com uma rádio.  

Carmin Miranda foi o grande nome do Cassino da Urca, no Rio de Janeiro. Foi lá que Lee Shubert, um magnara americano, conheceu a artista e a convidou para se apresentar na Broadway. Celebrada na América como símbolo da América Latina, Carmen foi a primeira sul-americana a ter uma estrela na Calçada da Fama, em Hollywood.

Conheça a biografia completa de Carmen Miranda.

14. Ângela Maria (1929-2018)

A rainha do rádio alcançou o auge do seu sucesso entre as décadas de 1950 e 1960. Nascida em Macaé, a menina foi criada entre São Gonçalo, Niterói e São João de Meriti.

Como era filha de um pastor evangélico, começou a cantar quando era criança no coral da igreja. Quando ainda não conseguia viver de música, foi operária tecelã e inspetora de lâmpadas.

Abelim Maria da Cunha precisou lutar contra a família para se tornar cantora de rádio - foi por isso que usou o nome artístico Ângela Maria, para não ser descoberta pelos mais próximos. 

Em 1948 cantou na casa de shows Dancing Avenida, depois foi para a Rádio Mayrink Veiga. Também passou pela rádio Nacional e em 1954 venceu um concurso popular se consagrando como a rainha do rádio.

15. Cássia Eller (1962-2001)

Filha de um militar (sargento paraquedista do exército) com uma dona de casa, Cássia Eller, considerada uma das maiores vozes femininas da MPB, enfrentou muitas barreiras para seguir a vida musical que tanto desejava. Nascida no Rio de Janeiro, Cássia Eller se mudou com a família para várias cidades do Brasil.

Quando tinha 14 anos, a menina recebeu um violão de presente da mãe, e foi aí que começou a se interessar ainda mais por música. Cássia também cantou em coral e trabalhou em duas óperas como corista. Depois virou cantora de forró, participou do primeiro trio-elétrico do planalto e, aos poucos, foi descobrindo a sua própria linguagem. 

Seu auge foi durante a década de 90, depois do lançamento do primeiro disco, lançado em 1990. Cássia gravou sete distos e se tornou um dos nomes mais importantes da nossa música.

Casada com a companheira Eugênia durante 14 anos, teve um único filho, Francisco, e morreu de modo prematuro aos 39 anos.

16. Dalva de Oliveira (1917-1972)

O talento de Dalva atravessou gerações e o seu sucesso cruzou as décadas de 30, 40 e 50. Apelidada de Rouxinol do Brasil, Dalva, que nasceu no interior de São Paulo, era a filha mais velha de um carpinteiro brasileiro e de uma portuguesa dona de casa.

O pai, músico amador, organizava muitas serenatas em casa. Em 1934 Dalva se muda para o Rio de Janeiro e começa a namorar com Herivelto Martins, que a levou para o mundo da música. No grupo do marido, começou a se apresentar como Dalva de Oliveira e a dupla Preto e Brando. O trio fez enorme sucesso.

Depois da separação, em 1950, Dalva investiu na carreia solo. Os seus maiores sucessos foram: Bandeira Branca, Ave Maria do Morro e Tudo acabado.

Quer saber mais sobre esse grande nome da MPB? Então vá para a biografia de Dalva de Oliveira.

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Rebeca Fuks
Rebeca Fuks
Formada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2010), mestre em Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2013) e doutora em Estudos de Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e pela Universidade Católica Portuguesa de Lisboa (2018).