18 obras de Frida Kahlo para compreender a artista mexicana
Frida Kahlo (1907-1954) é uma das figuras femininas mais famosas do ocidente. Seu trabalho como pintora, fotógrafa e escritora deixou ao mundo das artes um legado muito valioso.
Frida viveu apenas 47 anos, mas a sua biografia é de uma intensidade impressionante. Selecionamos 18 quadros para conhecer um pouco mais do percurso.
1. Meus Avós, Meus Pais e Eu (1936) - a genealogia de Frida
![Meus Avós, Meus Pais e Eu (1936)](https://s.ebiografia.com/img/07/me/07_meus_pais_meus_av_s_e_eu_c.jpg?auto_optimize=low&width=655)
A mãe de Frida, Matilde Calderón, era de origem Oaxaca e não sabia ler nem escrever. O pai, Guillermo Kahlo, emigrou com 18 anos da Alemanha para o México. Tanto o pai de Frida quanto o seu avô eram fotógrafos.
A primeira mulher de Guillermo, María Cardeño Espino, faleceu durante o parto da sua segunda filha. As duas filhas do casal foram então enviadas para um colégio interno.
Três meses após o falecimento da primeira esposa, no dia 21 de agosto de 1898, Guillermo casou-se com Matilde. Frida foi a terceira filha das quatro meninas fruto do casal.
O quadro, pintado em 1936, trata justamente das origens da pintora. Intitulado Meus Avós, Meus Pais e Eu, ele é uma espécie de retrato de família, uma criativa árvore genealógica ilustrada.
2. Meu Nascimento (1932) - a infância de Frida
![Meu Nascimento, 1932](https://s.ebiografia.com/img/me/un/meu_nascimento_1932_c.jpg?auto_optimize=low)
Nascida no México em 6 de julho de 1907, Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderó passou a sua infância na residência conhecida como La Casa Azul (A Casa Azul), em Coyoacán, onde hoje funciona o Museu Frida Kahlo.
Apesar de ter nascido em 1907, quando perguntada sobre a sua data de nascimento, Frida sempre dizia que tinha nascido em 1910, ano em que começou a Revolução Mexicana. A artista gostava de pensar que tinha nascido junto com o novo México, não mais regido pela ditadura.
Frida teve uma infância difícil e lutou, quando tinha apenas seis anos, contra uma doença chamada espinha bífida. Com limitações físicas, a menina nunca chegou a ser uma criança com uma rotina normal.
Na tela, composta em 1932, a pintora registra o momento exato do seu nascimento.
3. Minha Ama e Eu (1937)
Sua mãe, que deu à luz a sua irmã Cristina apenas onze meses depois do seu nascimento, não podia amamentá-la, então Frida foi alimentada por uma enfermeira indígena nativa contratada apenas para este propósito.
![Minha Ama e Eu, 1937](https://s.ebiografia.com/img/mi/nh/minha_ama_e_eu_1937.jpg?auto_optimize=low)
Tal acontecimento foi retratado em um dos seus quadros mais poderosos, onde a ama aparece com uma máscara funerária pré-colombiana, já que a pintora, adulta, não podia se lembrar do seu rosto.
4. Retrato de Alejandro Gómez Arias (1928) - os amores de Frida
![Retrato de Alejandro Gómez Arias, 1928](https://s.ebiografia.com/img/re/tr/retrato_de_alejandro_goi_mez_arias_1928a.jpg?auto_optimize=low)
Quando tinha 15 anos de idade, Frida conseguiu uma vaga na Escola Nacional Preparatória do México, uma das mais concorridas do país.
Foi lá que teve o primeiro contato com quem viria a ser o seu esposo, Diego Rivera. Ele, muito mais velho, pintava e expunha algumas das suas obras na escola, Frida apenas admirava o artista de longe.
Nesta mesma época, a pintora teve o seu primeiro romance, com um colega chamado Alejandro Gómez Arias.
Foram três anos inseparáveis de cumplicidade, paixão e troca de cartas. Alejandro rendeu um dos poucos retratos que Frida fez de outras pessoas:
5. O ônibus (1929) - o acidente de ônibus
No dia 17 de setembro 1925, o ônibus em que Frida Kahlo viajava com o namorado Alejandro e outros colegas colidiu com um bonde da linha de Xochimilco.
O quadro retrata o ônibus um pouco antes do acidente.
![O ônibus, 1929](https://s.ebiografia.com/img/oo/in/o_oi_nibus_1929_c.jpg?auto_optimize=low)
Todos os que estavam no ônibus tiveram ferimentos, mas Frida sofreu com danos mais graves, que deixaram sequelas para o resto dos seus dias.
A pintora chegou a ser internada no hospital da Cruz Vermelha e correu mesmo risco de vida. Devido às fraturas, Frida foi obrigada a passar mais de um ano na cama em repouso absoluto.
6. Autorretrato com Vestido de Veludo (1926)
![Autorretrato com Vestido de Veludo, 1926](https://s.ebiografia.com/img/au/to/autorretrato_com_vestido_de_veludo_1926.jpg?auto_optimize=low)
A ideia de estimular a filha a pintar foi da mãe de Frida que, vendo a jovem presa ao hospital, resolveu transformar o espaço colocando um espelho no teto e adaptando um cavalete à cama. O pai de Frida levou uma série de tintas e a artista começou a produzir os seus autorretratos.
Frida compôs o seu primeiro autorretrato, o Autorretrato com Vestido de Veludo, para o então namorado Alejandro Gómez Arias. O quadro foi entregue à Alejandro e no verso da pintura havia uma inscrição que dizia "Agora é para sempre".
A relação, porém, acabou depois que Alejandro foi para a Europa.
Quando questionada sobre qual seria a razão da sua fixação por autorretratos, Frida respondeu sem rodeios:
Pinto a mim mesma porque sou sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor.
7. Raízes, 1943 - autorretrato
![Raízes, 1943](https://s.ebiografia.com/img/ra/ii/raii_zes_1943_c.jpg?auto_optimize=low)
Em outro interessante autorretrato observa-se uma Frida que se funde com a terra. É uma alusão à sua forte ligação com o México como país de origem.
8. Autorretrato com um colar de espinhos (1940)
![Autorretrato com um colar de espinhos, 1940](https://s.ebiografia.com/img/au/to/autorretrato_com_um_colar_de_espinhos_1940_c.jpg?auto_optimize=low)
No quadro, Frida também utiliza referências da sua terra natal e se pinta usando uma coroa de espinhos (castigo cristão), um gato preto (má sorte) e um beija-flor morto, pássaro que na tradição folclórica mexicana é símbolo de boa sorte nos casos de amor.
9. O marxismo dará saúde aos doentes (1954) - Frida e o comunismo
![O marxismo dará saúde aos doentes, 1954](https://s.ebiografia.com/img/om/ar/o_marxismo_darai_saui_de_aos_doentes_1954_c.jpg?auto_optimize=low)
Em 1927, Frida retomou contato com velhos amigos da escola e passou a fazer parte de um grupo de jovens comunistas.
A opção política de Frida aparece em dos seus quadros mais famosos, pintado pouco antes de sua morte, chamado O marxismo dará saúde aos doentes.
10. Frida e Diego Rivera (1931)
![Frida e Diego Rivera, 1931](https://s.ebiografia.com/img/fr/id/frida_e_diego_rivera_1931_c.jpg?auto_optimize=low)
Frida conheceu o famoso pintor mexicano Diego Rivera em 1922. Sete anos mais tarde, no dia 21 de agosto de 1929, em Coyoacán, casou-se com o muralista, que dizia ser o amor da sua vida.
Diego era 21 anos mais velho, já tinha uma boa experiência como pintor e passou a incentivar o seu talento como artista. O casal teve uma relação bastante atribulada com muitas idas e vindas e traições mútuas.
Frida e Diego foram viver nos Estados Unidos em 1930 e permaneceram por lá até 1934. Diego havia sido convidado para pintar murais para a San Francisco Stock Exchange e para a California School of Fine Arts. Em 1931, o casal se fixou em Nova Iorque e Diego recebeu também um convite para realizar uma exposição individual no MoMA.
O quadro é um registro feito do casal em solo norte-americano. A pintura foi realizada dois anos após o casamento, e inscrito na tela lemos o seguinte:
Aqui nos vêem. Eu, Frida Kahlo com o meu adorado marido Diego Rivera. Pintei estes retratos na bela cidade de São Francisco, Califórnia, para o nosso amigo Sr. Albert Bender e foi no mês de Abril do ano de 1931.
11. Diego e Frida 1929-1944 (1944)
Outra peça que retrata a trajetória do casal é o quadro que Frida pintou como presente para o marido no 15º aniversário de casamento:
![Diego e Frida 1929-1944, 1944](https://s.ebiografia.com/img/di/eg/diego_e_frida_1929_1944_1944.jpg?auto_optimize=low)
12. Memória (O coração) 1937 - a traição de Diego com a irmã de Frida
![Memória (O coração), 1937](https://s.ebiografia.com/img/re/cu/recuerdo_el_corazoi_n.jpg?auto_optimize=low)
Quando regressou dos Estados Unidos para o México, em 1935, Diego teve um caso com a irmã caçula de Frida.
O quadro foi pintado quando Frida descobriu que Diego mantinha um affair com sua irmã mais nova, Cristina. O coração está partido, ela está desamparada, sem as mãos, e o título, Memória, sugere lembranças da época que conheceu Diego, quando ainda estava na escola (uniforme pendurado do lado esquerdo).
Com uma relação instável, digna de uma novela mexicana, a pintora, durante um surto de raiva, chegou a afirmar:
Diego, houve dois grandes acidentes na minha vida: o bonde e você. Você sem dúvida foi o pior deles.
13. As Duas Fridas (1939)
Diego pediu o divórcio em 1939. Após alguns meses de separação, o casal voltou a se unir novamente.
É dessa época o quadro As duas Fridas, que coloca em causa a questão da identidade da pintora mexicana.
Duas personalidades diferentes são retratadas, ambas com corações expostos e de mãos dadas, sendo a única companhia uma da outra. A pintora escreveu em seu diário sobre o sentimento de dor e solidão que inspirou a pintura.
![As Duas Fridas, 1939](https://s.ebiografia.com/img/as/du/as_duas_fridas_1939_c.jpg?auto_optimize=low)
14. Hospital Henry Ford (1932) - os abortos espontâneos
![Hospital Henry Ford, 1932](https://s.ebiografia.com/img/ho/sp/hospital_henry_ford_1932_c.jpg?auto_optimize=low)
Um dos sonhos de Frida era ser mãe e, provavelmente, a sua maior tristeza foi nunca ter conseguido dar à luz.
Em 1932, quando o casal Frida e Diego mudou-se para Detroit, Frida sofreu um aborto espontâneo. Esse foi o seu segundo aborto, o primeiro aconteceu dois anos antes, ainda no México.
O segundo aborto ocorreu no dia 4 de julho de 1932 e Frida ficou no hospital por mais de um mês. O registro dessa ocasião triste foi feito em um quadro que leva o nome do hospital onde ficou internada.
Para piorar o ano terrível de Frida, no dia 3 de setembro ela soube que a mãe estava gravemente doente. Imediatamente a pintora regressou ao México para acompanhar a família, mas no dia 15 de setembro a sua mãe faleceu vítima de um câncer de mama.
Em 1932, após a morte da mãe, foi a vez de Frida adoecer. Depois de muito sofrimento, a pintora teve os cinco dedos do pé direito amputados e voltou a sofrer um novo aborto.
15. Sem esperança (1945) - a dor de Frida e sua arte
![Sem esperança, 1945](https://s.ebiografia.com/img/se/me/sem_esperanci_a_1945_c.jpg?auto_optimize=low)
Em meados dos anos 40, a saúde de Frida começou a ficar ainda mais debilitada. Eram infecções renais, anemias e dores que só eram controladas com muita morfina.
Em poucos anos, a pintora passou por inúmeras cirurgias, a maioria malsucedida. Para piorar, o seu pai faleceu, o que afundou a artista em depressão.
A artista esteve especialmente doente durante um ano específico (entre 1950 e 1951), período em que sofreu sete operações na coluna vertebral.
Frida ficou na cadeira de rodas durante algum tempo e precisou usar um colete de gesso.
Felizmente, a princípio já não tinha mais dores. Depois de algum tempo, no entanto, as dores voltaram e, desesperada, a artista misturava analgésicos com bebidas alcoólicas para adormecer o sofrimento.
Vários dos quadros desta década são a representação da dor emocional e física de Frida, que ao mesmo tempo que ascende como uma pintora reconhecida no México e no mundo, piorava a sua condição humana.
No quadro denominado Sem Esperança, Frida retratou a si presa a uma cama, sendo alimentada à força, sob um cobertor com desenhos de vidas microscópicas, que representa as suas constantes infecções.
16. A Árvore da Esperança, Mantenha-se Firme (1946)
![A Árvore da Esperança, Mantenha-se Firme,1946](https://s.ebiografia.com/img/ar/bo/arbol_de_la_esperanza_mantenme_firme_c.jpg?auto_optimize=low)
No quadro chamado A Árvore da Esperança, Mantenha-se Firme, Frida havia acabado de sair de uma cirurgia malsucedida, e retrata a si de duas formas: com cicatrizes da operação, sob o sol que na mitologia asteca se alimenta do sangue humano dos sacrifícios, e saudável e forte, segurando o seu próprio colete cervical sob a lua, símbolo da feminilidade.
17. Cocos chorando (1951) - a precoce morte de Frida
![Cocos chorando, 1951](https://s.ebiografia.com/img/co/co/cocos_chorando_1951_c.jpg?auto_optimize=low)
Nos início dos anos 50, Frida Kahlo já era uma artista de renome, sendo exposta em galerias importantes ao redor do mundo, com quadros comprados pelo Museu do Louvre e outras instituições importantes.
O que não estava bem era mesmo a sua saúde. Cirurgia após cirurgia e os seus problemas espinhais continuavam recorrentes. Ela passava a maior parte do tempo no hospital. Em 1953, a sua perna direita foi amputada e Frida contraiu uma grave pneumonia.
Nesta época, provavelmente por não estar feliz com a sua condição física e aparência degradante, ela pintava principalmente naturezas mortas.
O quadro, por exemplo, apresenta "cocos chorando", como uma expressão de como ela estava se sentindo.
Dá para perceber, também, que não é tão rico em detalhes quanto outros que a artista costumava pintar, porque na época já estava muito difícil para ela exercer a sua arte.
18. Autorretrato com o retrato de Diego no peito e Maria entre as sobrancelhas (1954) - o último autorretrato de Frida
![Auto-retrato com o retrato de Diego no peito e Maria entre as sobrancelhas, 1954](https://s.ebiografia.com/img/fr/id/frida_kahlo_autorretrato_con_un_retrato_de_diego_en_el_pecho_y_marii_a_entre_las_cejas.jpg?auto_optimize=low)
O quadro "Autorretrato com o retrato de Diego no peito e Maria entre as sobrancelhas" foi o último autorretrato de Frida, pintado no ano de sua morte. As pinceladas mais grossas, borradas e imprecisas denunciam a sua degradação física.
Diego aparece no peito da artista, uma figura no sol simula Jesus Cristo e, com muito senso de humor, na sua testa ela retrata a atriz Maria Felix, uma das amantes do seu marido.
No dia 13 de julho de 1954, a pintora veio a falecer aos apenas 47 anos. Alguns apontam a causa da morte como uma embolia pulmonar e outros supõem que tenha sido consequência do consumo excessivo de analgésicos.
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