A vida e obra dos principais autores do romantismo brasileiro
Os escritores do romantismo brasileiro inauguraram uma forma de fazer poesia e prosa logo depois da Independência do Brasil, em 1822.
Temas como o nacionalismo, o indianismo e o amor romântico eram retratados com frequência pelos escritores da época.
A busca era por uma literatura própria, exaltando a identidade nacional, valorizando as belezas naturais e as tradições. Além disso, os escritores românticos se preocupavam em idealizar a sociedade e o amor, trazendo sentimentalismo e egocentrismo, assim como uma necessidade de fuga da realidade.
Vamos conhecer os principais autores românticos do Brasil e suas obras de maior relevância para o movimento?
1. Gonçalves Dias (1823-1864), com Canção do Exílio
Nasceu no Maranhão, filho de comerciante português e uma mulher de descendência negra e indígena.
Foi o principal nome da primeira geração de românticos brasileiros. Se interessou pela leitura ao ter contato com escritores do romantismo português enquanto estudava Direito, em Coimbra, aos 17 anos.
Foi em Portugal que escreveu boa parte de sua obra, incluindo "Canção do Exílio" (1843), seu poema mais conhecido. Nele, retrata a saudade do Brasil durante sua estadia em terra estrangeira.
Confira um trecho famoso do poema:
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Morou no Rio de Janeiro na década de quarenta, procurando viver de sua escrita, e seu primeiro livro, Primeiros Cantos (1947) foi recebido com sucesso no meio literário.
Publicou ainda Segundos Cantos, em 1948, e Últimos Cantos, em 1951. Seus poemas líricos e épicos tratavam principalmente do amor, natureza, pátria (nacionalismo), os indígenas (indianismo) e a religião. Além de escrever textos jornalísticos, poesias e peças de teatro, Dias também lecionava Latim e História.
Apaixonou-se por Ana Amélia Ferreira do Vale, mas não puderam se casar, pois o escritor era mestiço. Um de seus poemas de amor mais famosos, "Ainda Uma Vez Adeus!", é dedicado a ela.
Gonçalves Dias morreu em um naufrágio quando voltava de uma viagem para cuidar da saúde na Europa, também jovem, aos 41 anos.
Saiba mais sobre a vida e obra de Gonçalves Dias em sua biografia completa.
2. Gonçalves de Magalhães (1811-1887), com Suspiros Poéticos e Saudades
Nascido em Niterói, no Rio de Janeiro, é considerado o primeiro poeta romântico brasileiro, cronologicamente.
Formado em Medicina aos 21 anos, já nessa época publicava as suas primeiras poesias, com traços de patriotismo e uma nova forma de literatura nacional, desapegada das influências europeias.
Foi em sua viagem à França em 1833, no entanto, que teve contato com romancistas franceses. Assim, volta ao Brasil para publicação de Suspiros Poéticos e Saudades, obra inaugural do romantismo nacional e sua criação mais conhecida.
Além de escritor, Gonçalves de Magalhães foi político e professor, viajando pela Europa como diplomata e lecionando filosofia no Colégio Pedro II. Morreu aos 70 anos, na Itália, enquanto ainda cumpria sua carreira política.
Não deixe de ler na íntegra a biografia de Gonçalves de Magalhães.
3. José de Alencar (1829-1877), com O Guarani
O cearense José de Alencar é considerado o precursor do romantismo no Brasil, destacando seu caráter indianista, nacionalista e regionalista.
Vindo de uma família de políticos, como muitos de seus colegas românticos, estudou Direito em São Paulo, concluindo a graduação aos 22 anos, mas já apaixonado pela escrita.
O tema do indígena, do sertão e da língua falada são os protagonistas de suas histórias. Enquanto trabalhava como advogado no Rio de Janeiro, publicou em formato de folhetim sua obra mais aclamada, O Guarani (1857), logo um sucesso transformado em livro.
Além de advogado, escritor e jornalista, Alencar também escreveu peças de teatro e seguiu os passos políticos do pai, chegando ao cargo de Senador do Ceará.
Entre os seus clássicos, aclamados inclusive por Machado de Assis, estão A Viuvinha (1860), Lucíola (1862), Senhora (1865) e Iracema (1875).
Saiba mais sobre José de Alencar lendo a sua biografia completa.
4. Álvares de Azevedo (1831-1852), com Lira dos Vinte Anos
Nascido em São Paulo em uma família com boas condições, Álvares de Azevedo se apaixonou pela escrita assim que ingressou no curso de Direito na Faculdade do Largo de São Francisco e conheceu outros escritores românticos.
Foi durante os quatro anos de faculdade que produziu a maioria da sua obra, considerada ultrarromântica, da segunda fase do movimento. Nessa fase os escritores voltavam suas atenções para os sentimentos interiores, em vez de temas nacionalistas e indianistas.
Não teve nenhuma obra publicada em vida, mas seus poemas e textos cheios de tédio, solidão, tristeza, frustrações amorosas e sentimento de morte foram organizados em algumas obras póstumas. O livro Lira dos Vinte Anos foi o único organizado pessoalmente pelo poeta, publicado um ano após a sua morte.
Álvares de Azevedo, como outros poetas românticos e boêmios, também morreu em decorrência de tuberculose, com apenas 21 anos.
Quer saber mais sobre Álvares de Azevedo? Leia a sua biografia completa.
5. Casimiro de Abreu (1837-1860), com As Primaveras
Nascido no Rio de Janeiro, filho de um rico comerciante português, Casimiro só conseguiu escrever o seu único livro porque esteve isolado do pai em Lisboa por quatro anos.
Desde sempre interessado por literatura, com 16 anos foi enviado pela família a Portugal para que deixasse seu interesse por literatura.
Entretanto, foi na estadia no país que escreveu a maioria dos poemas. Os temas de destaque foram o amor, as tristezas, nostalgia infantil e saudade da Pátria, que o tornaram um dos poetas mais populares da literatura brasileira.
Com 22 anos publicou o seu livro solo, Primaveras (1859), cujo poema "Meus Oito Anos" é até hoje um dos mais conhecidos da literatura. Morreu jovem, já no ano seguinte à publicação, devido ao agravamento de uma tuberculose.
Leia um trecho do poema "Meus Oito Anos":
Oh! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
À sombra das bananeiras,Debaixo dos laranjais!
Leia mais sobre a curta vida e carreira brilhante de Casimiro de Abreu aqui.
6. Castro Alves (1847-1871), com Espumas Flutuantes
Nascido na Bahia em uma família de médicos, Castro Alves é considerado o maior nome da terceira geração do romantismo brasileiro. Foi chamado de O Poeta dos Escravos por expor seus ideais abolicionistas e temáticas sociais.
Escrevia desde adolescente e, enquanto vivo, teve poemas publicados em jornais e revistas. Entre indas e vindas da faculdade, cursou direito com passagens pela Faculdade de Direito de Recife e também do Largo do São Francisco, em São Paulo. Gostava da vida boêmia, sendo introduzido no universo literário por Machado de Assis.
Sua poesia, sensível aos problemas sociais, especialmente ligados à escravatura no Brasil, o transformou em um dos maiores nomes da literatura nacional. O escritor já não exibia a ingenuidade e nacionalismo ufanista presentes na primeira fase do romantismo.
Seu único livro editado em vida foi Espumas Flutuantes (1870). Dentre as suas poesias mais importantes estão A Primavera, O Navio Negreiro e Vozes dAmérica. Morreu também em decorrência de tuberculose aos 24 anos.
Quer mais informações sobre a vida e obra do Poeta dos Escravos? Leia a sua biografia completa aqui.
7. Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882), com A moreninha
O carioca Joaquim Manuel de Macedo foi muito famoso em sua época, sendo lembrado como o primeiro autor realmente expressivo da literatura nacional.
Apesar de ter se formado em medicina, nunca exerceu a profissão, preferindo o mundo literário. Sua obra é extensa, com quase quarenta romances e peças teatrais. É considerado, inclusive, um dos responsáveis pela criação do teatro no Brasil.
Com um sentimentalismo exagerado, alcançou o sucesso máximo com a sua obra A Moreninha (1844), considerada uma das primeiras obras românticas do país.
Adoeceu por volta dos 60 anos, de doenças mentais, falecendo no Rio de Janeiro dois anos depois.
Saiba mais sobre a vida e obra lendo a biografia completa de Joaquim Manuel de Macedo.
8. Manuel Antônio de Almeida (1831-1861)
O carioca e conterrâneo de Machado de Assis veio de uma família de portugueses e desde adolescente foi interessado pela arte literária. Ainda assim, aos 20 anos, ingressou na faculdade de medicina. Em paralelo estudava desenho e contribuía com jornais da época, com a produção de poesias e traduções.
Seu único romance publicado tem lugar especial no romantismo brasileiro e veio a público enquanto o autor era redator e revisor do jornal Correio Mercantil.
Em formato de folhetins, entre junho de 1852 a julho de 1853, foram publicadas as histórias de Memórias de Um Sargento de Milícias, um grande sucesso da época.
Aos 26 anos entrou para o serviço público como administrador da Tipografia Nacional, onde conheceu Machado de Assis, na época aprendiz de tipógrafo. Tornou-se imediatamente amigo e protetor do jovem rapaz.
Manuel Antônio de Almeida faleceu aos 30 anos, vítima de um naufrágio, quando viajava pelo Rio de Janeiro para iniciar a sua campanha política.
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