Gonçalves de Magalhães

Escritor brasileiro
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Gonçalves de Magalhães

Gonçalves de Magalhães (1811-1882) foi um escritor, professor e político brasileiro. Destacou-se como um dos principais poetas da Primeira Geração Romântica. É considerado o introdutor do Romantismo no Brasil.

Domingos José Gonçalves de Magalhães nasceu em Niterói, no Rio de Janeiro, no dia 13 de agosto de 1811. Ingressou no curso de Medicina, no Colégio Médico-Cirúrgico da Santa Casa de Misericórdia, graduando-se em 1832. Cursou filosofia no Seminário Episcopal de São José.

Carreira literária

Em 1832, Gonçalves de Magalhães estreou na literatura com um volume de versos, intitulado “Poesias”, no qual revelou traços neoclássicos, aliados a manifestações religiosas e patrióticas.

Entre 1833 e 1837, Gonçalves de Magalhães esteve na Europa com a intenção de aperfeiçoar-se na carreira. Nesse período, entrou em contato com o romantismo francês e passou a trabalhar pela reformulação literária do Brasil.

Foi o responsável pela divulgação do movimento romântico no Brasil. Integrou a “Primeira Geração do Romantismo”, classificada como “nacionalista ou indianista”, na qual predomina o nacionalismo que se manifesta através da exaltação da paisagem brasileira, do saudosismo em relação à pátria e da presença do elemento indígena.

Um passo fundamental para a explosão do movimento foi a publicação da revista “Niterói”, em Paris. A publicação foi elaborada por intelectuais que estudavam na Europa, entre eles: Sales Torres Homem, Manuel de Araújo Porto Alegre, e o próprio Gonçalves de Magalhães.

A revista propunha a investigação “das letras, artes e ciências brasileiras”. Em 1836, em um artigo na revista, criticou a literatura de seu país, tentando libertá-la das influências estrangeiras.

Suspiros Poéticos e Saudades

Em 1836, em Paris, Gonçalves de Magalhães publicou “Suspiros Poéticos e Saudades”, obra inaugural do Romantismo no Brasil, onde o escritor introduziu a liberdade formal na criação poética. É a materialização lírica de algumas ideias do autor sobre o Romantismo, encarado como possibilidade de afirmação de uma literatura nacional, na medida em que destruía os artifícios neoclássicos e propunha a valorização da natureza, do índio e da religiosidade.

             A Poesia

"Um Deus existe, a Natureza o atesta,
A voz do tempo sua glória entoa,
De seus prodígios se acumula o espaço
E esse Deus, que criou milhões de mundos,
          Mal queira, um minuto,
Pode ainda criar mil mundos novos.
Os que nos leves ares esvoaçam,
Os que do vasto mar no fundo habitam,
Os que se arrastam sobre a dura terra,
E o homem que para o céu olhos eleva,
Todos humildes seu Autor adoram. (...)"

Professor, Político e Diplomata

Em 1837, Gonçalves de Magalhães voltou ao Brasil e passou a exercer a função de professor de Filosofia no Colégio Pedro II.

Na política, assumiu diversos cargos, como secretário do Duque de Caxias, no Maranhão, e governador e deputado no Rio Grande do Sul. Como diplomata, trabalhou em diversos países, entre eles, a Itália, Áustria, Estados Unidos e Paraguai.

Confederação dos Tamoios

Em 1856, Gonçalves de Magalhães publicou “Confederação dos Tamoios”, poema épico, escrito nos moldes neoclássicos em dez cantos. Trata-se da passagem da nossa história em que os tamoios, instigados pelos franceses, tentam destruir a povoação de São Vicente, ocupada pelos portugueses. Aparece, então, o padre José de Anchieta que negocia a paz com o chefe dos tamoios, tornando-se refém dos índios.

Dedicou os versos desse poema ao imperador Dom Pedro II, que lhe concedeu o título de "Barão e Visconde de Araguaia".

"Já dos bosques escuros e dos montes
Projetavam-se as sombras para o oriente,
E a doce viração embalsamada,
Por entre os verdes ramos sussurrando,
Vinha seus frescos sopros espargindo.
Brilhavam no ocidente argênteas nuvens
Sobre ondas d’ouro e purpurinas faixas,
E as aves renovavam seus gorjeios
Em despedida ao sol, que transmontava. (...)"

O poema “Confederação dos Tamoios”, que foi custeada pelo imperador, foi severamente criticado por José de Alencar, que sob o pseudônimo de Ig., publicou oito textos no jornal Diário do Rio de Janeiro, atacando o poema.

Por um lado, avaliou o poema do ponto de vista dos preceitos clássicos que regiam a epopeia, censurando-lhe a falta de elevação do tema e da linguagem, a ausência dos princípios ordenadores da ação principal.

Por outro lado, acusou o feitio pouco romântico da obra e o maior aproveitamento dos motivos líricos na descrição da natureza brasileira. Sugeriu ao autor que a forma da epopeia, ainda que fosse realizada de acordo com os preceitos, seria inadequada aos tempos modernos.

Peças e Textos Filosóficos

Gonçalves de Magalhães dedicou-se ao teatro e escreveu: “Antônio José” ou “O Poeta e a Inquisição”, peça composta em homenagem ao centenário da morte do dramaturgo. Escreveu também a novela, “Amância”. Em 1865 escreveu uma série de ensaios em “Opúsculos Históricos e Literários”. Publicou três textos filosóficos intitulados “Fatos do Espírito Humano” (1858), “A Alma e o Cérebro” (1876) e “Comentários e Pensamentos” (1880).

Gonçalves de Magalhães foi nomeado patrono da cadeira n.º 9 da Academia Brasileira de Letras. Apesar do poeta ser cronologicamente o primeiro poeta romântico do Brasil, quem consolidou o Romantismo foi o poeta Gonçalves Dias.

Gonçalves de Magalhães faleceu em Roma, Itália, no dia 10 de julho de 1882.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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