Joaquim Manuel de Macedo

Escritor brasileiro
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Joaquim Manuel de Macedo

Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882) foi um importante romancista, jornalista, poeta, dramaturgo, professor, além de médico e político brasileiro. A Moreninha, sua obra-prima, foi considerado o primeiro Romance Romântico do Brasil. Foi preceptor dos netos do Imperador Pedro II, filhos da Princesa Isabel. É Patrono da cadeira nº. 20 da Academia Brasileira de Letras.

Joaquim Manuel de Macedo era personalidade indispensável nos salões literários e elegantes de seu tempo. Gozou de grande popularidade, tanto pela vasta obra que produziu, como por seu prestígio pessoal.

Joaquim Manuel de Macedo nasceu em Itaboraí, Rio de Janeiro, no dia 24 de junho de 1820. Com 11 anos escreveu seu primeiro texto literário: “O Sete de Abril”. Mais tarde, ingressou na faculdade de Medicina. Formou-se em 1844 e, no mesmo ano publicou o romance “A Moreninha”, que foi muito apreciado pelo público da época e, lhe deu fama.

Em 1845, depois de um longo namoro, Macedo casou-se com Maria Catarina de Abreu Sodré, prima do escritor Álvares de Azevedo. No mesmo ano tornou-se sócio fundador, secretário e orador oficial do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

Seduzido pelo magistério, foi professor de História e Geografia no Colégio Pedro II e, preceptor dos netos do Imperador Dom Pedro II, filhos da Princesa Isabel. Mantinha forte ligação com a família imperial brasileira. Em 1847, recebeu o título de Cavaleiro da Ordem da Rosa.

 Em 1849 fundou, juntamente com Gonçalves Dias e Manuel de Araújo Porto Alegre, a “Revista Guanabara”, na qual publicou grande parte do seu poema romance “A Nebulosa (1857)”, considerado por muitos críticos como um dos melhores do Romantismo.

A poesia A Nebulosa está vinculada à Segunda Geração Romântica ou Ultrarromantismo. De caráter melodramático, conta uma trágica história que mistura amor e morte.

De 1852 a 1854, escreveu para o jornal de cunho político, “A Nação”, associado à ideologia do Partido Liberal.

Em 1866 foi membro do Conselho Diretor da Instrução Pública da Corte. Em 1870, escreveu manuais de História, obras de caráter didático solicitadas pelo governo para serem usadas no ensino básico. Em 1874 recebeu a Ordem de Cristo.

Envolvido na política, foi deputado em várias legislaturas pelo Partido Liberal. Foi deputado provincial em 1850, 1853, 1854 e 1859. Foi deputado geral entre 1864-1868 e 1878-1881.

O Romance Romântico - A Moreninha

A prosa literária começou no Brasil com os folhetins, publicados em capítulos nos jornais. No início, pulicava-se traduções de folhetins franceses, mas com o tempo, foram surgindo autores brasileiros. Quando algumas destas histórias faziam sucesso eram lançadas em livros. Somente em 1844 é que se definiu a nossa verdadeira prosa de ficção com o romance “A Moreninha”.

A obra “A Moreninha” de Joaquim Manuel de Macedo foi o primeiro romance brasileiro propriamente dito, que representou todo o esquema e desenvolvimento dos romances iniciais. Foi escrito com uma linguagem simples, trama fácil, descrição de costumes da sociedade carioca, suas festas e tradições, pequenas intrigas de amor e mistério e um final feliz com a vitória do amor.

O romance A Moreninha, grande sucesso no século XIX, conta a história de amor entre os jovens Augusto e Carolina (A Moreninha).

Tudo começa quando Filipe convida os amigos Leopoldo, Fabrício e Augusto, estudantes de medicina, para passarem o feriado de Sant’Ana na casa da avó de Filipe, na ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro.

Filipe aposta que os rapazes irão se apaixonar por suas primas ou por sua irmã, Carolina, que lá estarão. Augusto aceita a aposta, e fica combinado que se ele se apaixonasse por uma delas, deveria escrever um romance.

De fato, Augusto apaixona-se por Carolina, mas não pode realizar seus sentimentos, pois havia feito, sete anos antes, aos treze anos de idade, um juramento de fidelidade a uma menina que conhecera na praia Na época, Augusto lhe ofereceu um camafeu enrolado numa fita verde. Mas, até hoje não sabe o nome da garota.

Quando todos retornam aos estudos, Augusto sente falta de Carolina e resolve ir encontrá-la na Ilha de Paquetá.

Quando ela lhe entrega o embrulho do camafeu que ele outrora deu para uma garota, o mistério de seu amor é revelado. Assim, para cumprir a promessa, ele escreve o romance intitulado A Moreninha.

Características da Obra de Joaquim Manuel de Macedo

A obra de Macedo pode ser vista como uma crônica do seu tempo, que retratava com fidelidade a sociedade brasileira do século XIX. A temática restringe-se aos costumes da classe da pequena burguesia do império, os saraus familiares, namoros de estudantes, mucamas alcoviteiras, comadres, negociantes e funcionários públicos, sempre em volta com o amor como problema central de uma sociedade cujos interesses giravam em torno do casamento.

O doutor "Macedinho", como era chamado, teve o mérito de ser o primeiro a escrever um ciclo amplo e completo de romances, que podiam ser chamados de “novelescos”, dada a persistência com que repetia a cada obra as mesmas chaves da intriga. Joaquim Manuel de Macedo produziu inúmeros trabalhos literários, mas os mais conhecidos são “A Moreninha” e O “Moço Loiro”.

Joaquim Manuel de Macedo faleceu padecendo de problemas mentais, esquecido e na pobreza, no Rio de Janeiro, no dia 11 de abril de 1882.

Obras de Joaquim Manuel de Macedo

Romance

  • A Moreninha, 1844
  • O Moço Loiro, 1845
  • Os Dois Amores, 1848
  • Rosa, 1849
  • Vicentina, 1853
  • O Culto do Dever, 1865
  • O Forasteiro, 1856
  • A Luneta Mágica, 1869
  • As Vítimas Algozes, 1869
  • O Rio do Quarto, 1869
  • As Mulheres de Mantilha, 1870
  • A Namoradeira, 1870

Teatro

  • O Cego, 1849
  • O Fantasma Branco, 1856
  • O Primo da Califórnia, 1858
  • Luxo e Vaidade, 1860
  • Remissão de Pecados, 1870

Poesia

  • A Nebulosa, 1857

Memória

  • Um Passeio Pela Cidade do Rio de Janeiro, 1862,63
  • Memórias da Rua do Ouvidor, 1878
Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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