Joaquim Cardoso

Engenheiro e poeta brasileiro
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Joaquim Cardoso

Joaquim Cardoso (1897-1978) foi um engenheiro, poeta, contista e professor brasileiro. Trabalhou com o arquiteto Oscar Niemeyer, realizando cálculos estruturais em diversas obras de Brasília. Poeta ligado ao Pós-Modernismo, teve forte ligação com Manuel Bandeira e João Cabral de Melo Neto.

Joaquim Maria Moreira Cardoso nasceu no bairro do Zumbi, no Recife, no dia 26 de agosto de 1897. Era filho do bibliotecário José Antônio Cardoso e Elvira Moreira Cardoso. Nono de doze irmãos, em 1909 perdeu seu irmão mais velho José Maria Moreira Cardoso que foi seu orientador nas primeiras leituras.

Em 1910 sua família mudou-se para a vizinha cidade de Jaboatão. Iniciou seus estudos no Ginásio Pernambucano, no Recife. As viagens para o Recife aconteciam de trem, o que possibilitava o encontro com futuros amigos da vida literária, entre eles os irmãos Benedito e Honório Monteiro. Tais viagens marcaram suas futuras obras.

Em 1913 editou com Durval César, Oscar Ramos, Eduardo Cunha e os irmãos Benedito e Honório Monteiro o jornal "O Arrabalde", quando estreou na literatura com o conto "Astronomia Alegre".

Em 1914 publicou seus primeiros trabalhos como caricaturista e chargista nas edições do domingo dos jornais Diário da Tarde e Diário de Pernambuco.

Em 1915 ingressou na Escola Livre de Engenharia de Pernambuco, tendo que interromper os estudos várias vezes, por dificuldade financeira. Levou 15 anos para concluí-lo. Em 1930, finalmente estava formado.

Professor e engenheiro

Joaquim Cardoso tornou-se professor da Escola de Engenharia onde lecionou até o ano de 1939 quando foi preso, por medidas repressivas do Estado Novo, após pronunciar um discurso em que criticou os procedimentos do governo no campo da engenharia e arquitetura. Em seguida, mudou-se para o Rio de Janeiro.

Em 1940 começou a trabalhar no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional com o arquiteto Lúcio Costa, o paisagista Burle Marx e o advogado Rodrigo Melo Franco.

Durante 12 anos, entre 1942 e 1954, trabalhou em parceria com o arquiteto Oscar Niemeyer, realizando os cálculos estruturais do conjunto da Pampulha, em Minas Gerais, e de vários edifícios de Brasília, entre eles, o Palácio do Planalto, o Palácio da Alvorada, as cúpulas do Congresso Nacional e a Catedral Metropolitana.

O poeta

As primeiras poesias de Joaquim Cardoso foram publicadas em 1924, porém seu primeiro livro só foi lançado em 1947 por incentivo dos amigos Manuel Bandeira e João Cabral de Melo Neto, dois importantes poetas pernambucanos.

Ao lado de Gilberto Freire, Ascenso Ferreira e Vicente do Rego Monteiro, enraizou-se pelas tradições populares do Nordeste, sem desconhecer o que estava acontecendo no Sudeste do país ou na Europa.

Seus poemas são plenos de melancolia e introspecção. Mescla traços líricos numa dimensão moderna, sem abraçar o modernismo em sua totalidade.

Foram publicados 11 livros do poeta, dos quais destaca-se o primeiro livro “Poemas”, cujo prefácio é de autoria de Carlos Drummond de Andrade. Entre outras poesias destacam-se: A Tarde Sobe, Alucinação em Branco, Espumas do Mar, Imagens do Nordeste, Menina e Tarde no Recife.

Joaquim Cardos foi eleito para a cadeira n.º 29 da Academia Pernambucana de Letras.

Joaquim Cardoso faleceu em Olinda, Pernambuco, no dia 4 de novembro de 1978.

Obras de Joaquim Cardoso

  • Poemas (1947)
  • Pequena Antologia Pernambucana (1948)
  • Signo Estrelado (1960)
  • Coronel de Macambira (1963)
  • De Uma Noite de Festa (1971)
  • Poesias Completas (1971)
  • Os Anjos e os Demônios de Deus (1973)
  • O Interior da Matéria (1976)
  • Um Livro Aceso e Nove Canções Sombrias (1981, póstuma)
Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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