Zaratustra

Profeta persa
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Zaratustra

Zaratustra ou Zoroastro (660-583 a. C.) foi um profeta persa, fundador do Zoroastrismo ou Masdeísmo – religião praticada pelos primitivos persas. É o autor do Zend-Avesta - o livro sagrado dos persas.

Zaratustra nasceu na Pérsia primitiva, no planalto do atual Irã, próximo ao lago Úrmia, em meados do século VII a. C., provavelmente em 660 a.C. Segundo a crença dos persas, Zaratustra nasceu de uma planta e de um anjo.

No dia de seu nascimento riu alto e os espíritos maus das trevas fugiram apavorados. Daquele dia em diante, Zaratustra foi consagrado a Ahura-Mazda - o Deus da Luz.

Desde jovem, Zaratustra mostrava uma sabedoria extraordinária manifestada em suas conversas. Com 15 anos já realizava diversas obras de caridade sendo reconhecido por sua bondade com os pobres, velhos, enfermos e animais.

Civilização persa

O planalto do atual Irã foi ocupado por inúmeros povos que se miscigenaram biologicamente e culturalmente. Por volta do ano 2000 a. C. tribos nômades indo-europeias, vindas do sul da Rússia se instalaram no planalto: os medos situaram-se no Noroeste e os persas a Sudeste.

Os medos, segundo os textos antigos, dominavam os persas já no século VIII a. C. Entretanto, em meados do século VI a. C., Astíages foi derrotado por Ciro, chefe das tribos persas, e criou-se novo reino do Antigo Oriente Próximo: o Reino da Pérsia.

O novo reino conseguiu o domínio de um espaço imenso desde a Ásia Menor até as fronteiras da Índia. Todos os esforços se faziam no sentido de preservar a unidade do Império e a religião era um poderoso agente de coesão desses diversos povos.

Zoroastrismo

Por volta de trinta anos, Zaratustra recebeu revelações divinas e começou a pregá-las, mas foi perseguido e afastou-se da sociedade indo viver no alto de uma montanha, em cavernas.

Em outros relatos, ele teria vivido no deserto, onde passou dez anos de solidão, na preparação dos princípios religiosos que deveriam guiar o povo persa.

Diz a lenda que Zaratustra foi tentado pelo demônio, que seu peito foi atravessado por uma espada, que seu corpo foi aberto e queimado com chumbo derretido, mas Zaratustra triunfou de tudo que foi ameaçado.

Diz a lenda, que terminado seu trabalho, ele subiu ao Céu, nas asas do relâmpago e assentou-se ao lado do trono de Ahura-Mazda.

A princípio, a religião dos antigos persas conservava muitas crenças do totemismo: a adoração de animais sagrados, por exemplo. Faziam sacrifícios às forças da Natureza, ligadas à agricultura: ao Sol, a Lua, a terra, a água e aos ventos.

A partir da dinastia dos Aquemênidas, com o Império de Ciro, as inscrições persas revelam o conhecimento de uma religião mais complexa, fruto de uma reforma introduzida por Zaratustra.

Esta nova religião, o Zoroastrismo ou Masdeísmo, cujos princípios estão expostos no Zend-Avesta, o Livro Sagrado dos antigos persas, foi criada por Zaratustra e baseada na adoração de uma divindade chamada Ahura-Mazda (Deus do Bem), acompanhada de seis espíritos: da verdade, justiça, ordem docilidade, vitalidade e da imortalidade.

A doutrina concebia uma divisão dualista do Universo: de um lado as forças do Bem, representadas por Ahura-Mazda, espírito da luz, de outro, as forças do Mal, simbolizadas por Ahriman, espírito das trevas.

O Deus da Luz criou a vida, a virtude e a felicidade. O Anjo das Trevas criou a doença, o desespero e a morte. Essa luta entre o bem e o mal durará 12 mil anos, e no fim o bem triunfará, ensinava Zaratustra.

Acreditava na existência do paraíso, do purgatório e do inferno, e na profecia do fim dos tempos, como é pregado no Cristianismo. Os homens deveriam ser bons e generosos, pois seriam recompensados nesta e em outra vida, com a vitória final do bem. Aos justos, o deus assegurava uma vida eterna.

Outra prática religiosa dos persas era a manutenção do fogo sagrado, que simbolizava a luz de Ahura-Mazda.

Livro Sagrado

Zaratustra foi perseguido e hostilizado por vários inimigos e principalmente pelos sacerdotes que se recusavam abandonar as antigas tradições religiosas.

Com 40 anos, Zaratustra realizou milagres e aos poucos sua religião foi conquistando seguidores. Foi com um milagre que convenceu um príncipe da região periférica da Ásia Central, chamado Vishtaspa, que lhe protegeu e facilitou a expansão do seu evangelho.

Após sua morte, a religião se espalhou por vários estados, até ser adotada pelo Imperador Ciro no século VI a. C. Seu livro havia sido gravado em 12 mil pedaços de couro, hoje restando poucos fragmentos. 

O Livro Sagrado do Zoroastrismo, tal como a Bíblia para os cristãos, contem orações, relatos e ensinamentos, Uma das partes mais importantes é o Gatha – composta de cânticos que constituem os escritos mais antigos do livro sagrado.

O Zoroastrismo exerceu grande influência sobre o judaísmo e está presente também na doutrina cristã. Entre 1883 e 1885, o filósofo alemão Friedrich Nietzsche escreveu os relatos das andanças, dos discursos e encontros do profeta, no livro “Assim Falava Zaratustra”, que veio a se tornar o seu mais famoso livro.

Segundo alguns relatos, aos 77 anos, Zaratustra teria sido assassinado enquanto rezava no templo, diante do fogo sagrado. Seu túmulo estaria em Persépolis.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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