Zélia Gattai
Biografia de Zélia Gattai
Zélia Gattai (1916-2008) foi uma escritora brasileira. Começou a escrever com 63 anos. Estreou na literatura com o livro de memórias "Anarquistas Graças a Deus". Recebeu o Prêmio Paulista de Revelação Literária. Viveu com o escritor Jorge Amado durante 56 anos. Em 2001, foi eleita para a Academia Brasileira de Letras, para a cadeira n.º 23, a mesma que pertenceu a Jorge Amado.
Zélia Gattai nasceu em São Paulo, no dia 2 de julho de 1916. Filha de Ernesto Gattai e Angelina, imigrantes italianos, passou sua infância e adolescência no bairro do Paraíso onde fez os estudos básicos.
Participava junto com a família do movimento político-operário organizado por imigrantes italianos, espanhóis e portugueses, que reivindicavam melhorias nas condições do trabalho.
Zélia Gattai casou-se aos dezenove anos com o militante comunista, Aldo Veiga. Em 1942, nasceu seu primeiro filho, Luís Carlos, nome escolhido em homenagem a Luís Carlos Prestes. O casal separou-se depois de oito anos de casados. Posteriormente, Zélia perdeu a guarda do filho e ficaram décadas sem se comunicar.
Zélia Gattai e Jorge Amado
Em 1945, Zélia conheceu o escritor Jorge Amado, quando ambos trabalhavam no movimento pela anistia dos presos políticos.
Pouco tempo depois, foram morar juntos, pois ainda não havia divórcio e os dois eram separados. Zélia passou a trabalhar com Jorge, revisando e datilografando os originais de seus livros.
Em 1945, com a eleição de Jorge Amado para a Câmara Federal, o casal mudou-se para o Rio de Janeiro. Em 25 de novembro de 1947, nasceu João Jorge o primeiro filho do casal e o segundo filho de Zélia.
Exílio
Em 1948, o Partido Comunista foi declarado ilegal e os parlamentares eleitos pelo PCB foram cassados.
Jorge Amado perdeu o mandato e teve que se exilar. Foi para Europa e Zélia seguiu depois, com João Jorge ainda pequeno. Chegou à Itália, no porto de Gênova, onde Jorge a esperava.
Depois de alguns dias, Zélia e Jorge seguiram para a Tchecoslováquia, depois foram para a Polônia e por fim, chegaram à Paris. No final do ano, foram para a URSS.
Em 1949 estavam de volta à Paris quando Zélia ingressou na Sorbonne, onde estudou Civilização Francesa, Fonética e Língua Francesa.
No fim do mesmo ano, foram obrigados a deixar Paris, pois os comunistas não eram bem vistos pelo governo francês, então voltaram para a Tchecoslováquia.
Em 1951, nasceu sua filha Paloma. Viajaram ainda para a Hungria, Romênia, Bulgária, China e Mongólia.
A volta ao Brasil
De volta ao Brasil, em 1952, passam a morar no Rio de Janeiro, onde permanecem alguns anos.
Decididos a viver numa cidade mais pacata, em 1960, Zélia e Jorge compram uma casa em Salvador, Bahia, no bairro do Rio Vermelho.
No dia 12 de maio de 1976, depois de vários anos de união, eles conseguiram oficializar o casamento.
Anarquistas Graças a Deus
Em 1979, depois de três anos do casamento, Zélia Gattai estreou na literatura com o livro de memórias "Anarquistas Graças a Deus, no qual narra sua infância de filha de imigrantes italianos, anarquistas e católicos.
O livro foi traduzido para diversos países, sendo adaptado para o teatro e para uma minissérie de televisão. Zélia recebeu pelo livro o Prêmio Paulista de Revelação Literária de 1979.
Zélia, que assinou seu livro com o nome de solteira, tomou gosto, e três anos depois já lançava o segundo livro e não parou mais. Alguns de seus livros foram traduzidos para vários países.
Zélia Gattai viveu durante 56 anos com o escritor Jorge Amado, que faleceu em 6 de agosto de 2001. Nesse mesmo ano, foi eleita pra a cadeira n.º 23, que pertenceu a Jorge Amado, da Academia Brasileira de Letras. Foi também eleita para a Academia de Letras da Bahia.
Zélia Gattai Amado de Faria faleceu em Salvador, Bahia, no dia 17 de maio de 2008.
Prêmios e homenagens
- Prêmio Paulista de Revelação Literária (1979)
- Cidadã de Salvador (1984)
- Cidadã de Honra da Comuna de Mirabeau, França (1985)
- Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique de Portugal (1986)
- Medalha Castro Alves da Secretaria de Educação do Estado da Bahia (1987)
- Comendadora da Ordem do Mérito da Bahia (1994)
- Comendadora da Ordem das Artes e das Letras do Governo Francês (1998)
Obras de Zélia Gattai
- Anarquistas Graças a Deus, memórias, 1979
- Um Chapéu para Viagem, memórias, 1982
- Pássaros Noturnos de Abaeté, 1983
- Senhora Dona do Baile, memórias, 1984
- Jardim de Inverno, memórias, 1988
- Pipistrelo das Mil Cores, literatura infantil, 1989
- O Segredo da Rua 18, literatura infantil, 1991
- Chão de Meninos, memórias, 1992
- Crônica de Uma Namorada, romance, 1995
- A Casa do Rio Vermelho, memórias, 1999
- Cittá di Roma, memórias, 2000
- Joana e a Sereia, literatura infantil, 2000
- Códigos de Família, memórias, 2001
- Um Baiano Romântico e Sensual, 2002
- Memorial do Amor, memórias, 2004
- Vacina de Sapo e Outras Lembranças, 2006
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