Adélia Prado
Biografia de Adélia Prado
Adélia Prado (1935) é uma escritora e poetisa brasileira. Recebeu da Câmara Brasileira do Livro, o Prêmio Jabuti de Literatura, com o livro "Coração Disparado", escrito em 1978. Consagrou-se como a voz mais feminina da poesia brasileira
Adélia Prado nasceu em Divinópolis, em Minas Gerais, no dia 13 de dezembro de 1935. Filha de João do Prado Filho, ferroviário, e de Ana Clotilde Correa, dona de casa, iniciou seus estudos no Grupo Escolar Padre Matias Lobato. Em 1950, após a morte de sua mãe, escreveu seus primeiros versos.
Foi aluna do Ginásio Nossa Senhora do Sagrado Coração. Em 1951 ingressou na Escola Normal Mário Casassanta. Em 1953 formou-se professora. Em 1955 começou a lecionar no Ginásio Estadual Luiz de Melo Viana Sobrinho.
Posteriormente, ingressou na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Divinópolis, e em 1973 formou-se em Filosofia.
Primeiras publicações
Adélia Prado publicou seus primeiros poemas em jornais de Divinópolis e de Belo Horizonte. Em 1971 dividiu com Lázaro Barreto a autoria do livro "A Lapinha de Jesus".
Sua estreia individual só veio em 1975, quando remeteu os originais de seus novos poemas para o crítico literário Affonso Romano de SantAnna, que entregou a Carlos Drummond de Andrade para sua apreciação.
Impressionado com suas poesias, Drummond as enviou para a Editora Imago, e no mesmo ano os poemas de Adélia foram publicados no livro "Bagagem", que chamaram a atenção da crítica pela originalidade e pelo estilo
Em 1976 o livro foi lançado no Rio de Janeiro, com a presença de importantes personalidades como Carlos Drummond de Andrade, Affonso Romano de Sant'Anna, Clarice Lispector, Juscelino Kubitschek entre outros.
Em 1978 publicou "O Coração Disparado", que conquistou o Prêmio Jabuti de Literatura, conferido pela Câmara Brasileira do Livro.
Poesia e cultura
Em 1979, depois de lecionar durante 24 anos, Adélia Prado abandonou o Magistério e passou a se dedicar à carreira de escritora. Em seguida, publicou em prosa: "Solte os Cachorros" (1979) e "Cacos Para Um Vitral" (1980).
Em 1980, Adélia dirigiu o grupo teatral amador Cara e Coragem na montagem da peça Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna. Em 1981, dirigiu a peça A Invasão, de Dias Gomes, e voltou à poesia com A Terra de Santa Cruz.
Ainda em 1981 foi apresentado no Departamento de Literatura Comparada da Universidade de Princeton o primeiro de uma série de estudos sobre a obra de Adélia Prado.
Entre 1983 e 1988, Adélia exerceu a função de Chefe da Divisão Cultural da Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Divinópolis.
Em 1985, Adélia participou, em Portugal, de um programa de intercâmbio cultural entre autores brasileiros e portugueses. Em 1988 apresentou-se em Nova York na Semana Brasileira de Poesia, promovida pelo Comitê Internacional pela Poesia.
Em 1993, Adélia voltou para Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Divinópolis.
Em 1996 estreou no Teatro do SESI, em Belo Horizonte, a peça "Duas Horas da Tarde no Brasil". Em 2000, em São Paulo, apresentou o monólogo "Dona de Casa". Em 2001 apresentou no SESI do Rio de Janeiro um Sarau quando declamou poesias do livro "Oráculos de Maio".
Características da obra de Adélia Prado
A obra de Adélia Prado recria, numa linguagem despojada e direta, a vida e as preocupações dos personagens do interior mineiro. Com vocabulário simples e linguagem coloquial, Adélia produz uma obra leve, marcante e original.
A fé católica se faz presente na obra de Adélia, que costuma tratar de temas ligados a Deus, à família e principalmente à mulher.
Sua poesia costuma colocar a perspectiva da mulher em seus versos, destacando sempre o feminino em primeiro plano. Sua poesia ficou conhecida por retratar o cotidiano sob o olhar feminino e não feminista e libertário. Consagrou-se como a voz mais feminina da poesia brasileira.
Poemas de Adélia Prado:
O Vestido
No armário do meu quarto escondo de
tempo e traça meu vestido estampado em fundo preto
É de seda macia desenhada em campânulas vermelhas à ponta de
longas hastes delicadas.
Eu o quis com paixão e o vesti como um rito, meu vestido de amante.
Ficou meu cheiro nele, meu sonho, meu corpo ido.
É só tocá-lo, volatiza-se a memória guardada:
eu estou no cinema e deixo que segurem minha mão.
De tempo e traça meu vestido me guarda.
A Serenata
Uma noite de lua pálida e gerânios
ele virá com a boca e mão incríveis
tocar flauta no jardim.
Estou no começo do meu desespero
e só vejo dois caminhos:
ou viro doida ou santa.
Eu que rejeito e exprobo
o que não for natural como sangue e veias
descubro que estou chorando todo dia,
os cabelos entristecidos,
a pele assaltada de indecisão.
Quando ele vier, porque é certo que vem,
de que modo vou chegar ao balcão sem juventude?
A lua, os gerânios e ele serão os mesmos
- só a mulher entre as coisas envelhece.
De que modo vou abrir a janela, se não for doida?
Como a fecharei se não for santa?
Vida pessoal
Em 1958, Adélia casou-se com o bancário José Assunção de Freitas, com quem teve cinco filhos: Eugênio (1959), Rubem (1961), Sarah (1962), Jordano (1963) e Ana Beatriz (1966).
Em 2014, foi condecorada pelo governo brasileiro com a Ordem do Mérito Nacional.
Obras de Adélia Prado
- Bagagem (1975)
- O Coração Disparado (1978)
- Soltem os Cachorros (1979)
- Cacos para um Vitral (1981)
- Terra de Santa Cruz (1981)
- Os Componentes da Banda (1984)
- O Pelicano (1987)
- A Faca no Peito (1988)
- Poesia Reunida (1991)
- O Homem da Mão Seca (1994)
- Duas Horas da Tarde no Brasil (1996)
- Oráculos de Maio (1999)
- Estreia do Monólogo Dona da Casa (2000)
- Quero Minha Mãe (2005)
- A Duração do Dia (2010)
- Miserere (2013)
Frases de Adélia Prado
"Não tenho tempo algum, ser feliz me consome."
"Amor pra mim é ser capaz de permitir que aquele que eu amo exista como tal, como ele mesmo. Isso é o mais pleno amor. Dar a liberdade dele existir ao meu lado do jeito que ele é."
"Dor não tem nada a ver com amargura. Acho que tudo que acontece é feito pra gente aprender cada vez mais, é pra ensinar a gente a viver. Desdobrável. Cada dia mais rica de humanidade."
"Deus é mais belo que eu. E não é jovem. Isto sim, é consolo."
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