Luís Carlos Prestes

Político, militar e líder revolucionário
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Luís Carlos Prestes

Luís Carlos Prestes (1898-1990) foi um político, militar e líder revolucionário brasileiro. Liderou a grande marcha pelo interior do país, conhecida como Coluna Prestes. Comandou o Partido Comunista Brasileiro por mais de 50 anos.

Luís Carlos Prestes nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, no dia 3 de janeiro de 1898. Filho de Antônio Pereira Prestes e de Maria Leocádia Felizardo Prestes.

Carreira militar e movimentos rebeldes

Carlos Prestes estudou no Colégio Militar e em seguida ingressou na Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, concluindo Engenharia em 1919. Prestou serviços como engenheiro ferroviário na Companhia Ferroviária de Deodoro.

No dia 5 de julho de 1922, Carlos Prestes participou da Revolta do Forte de Copacabana, em oposição ao presidente Artur Bernardes, que foi duramente reprimida. Foi então transferido para o Rio Grande do Sul para servir no Batalhão Ferroviário em Santo Ângelo.

No dia do segundo aniversário da Revolta do Forte, eclodiu em São Paulo, uma nova rebelião tenentista, sob a liderança do general Isidoro Dias Lopes. Os violentos combates geraram pânico e a fuga do governador Carlos de Campos.

Após o governo estadual receber reforços federais, os revoltosos foram obrigados a se retirar para o interior. Em 1925, nas proximidades de Foz do Iguaçu, os rebeldes paulistas se juntaram com outra coluna revolucionária que vinha do Rio Grande do Sul comandada por Luís Carlos Prestes.

Coluna Prestes

Do encontro dos rebeldes paulistas com a coluna comandada por Luís Carlos Prestes, nasceu a “Coluna Prestes” que simbolizou o apogeu do movimento tenentista. 

A Coluna Prestes composta de aproximadamente 1800 homens, lutava contra as forças legais. A marcha representou o momento máximo do Tenentismo e seu objetivo era conscientizar a população brasileira e instigá-la contra as estruturas políticas vigentes.

Durante 29 meses, a Coluna Prestes percorreu 25.000 km pelo interior do Brasil. No final de 1926, com a metade dos homens dizimados pela cólera e sem munição, não tinha condições de continuar a luta. Era o fim da Coluna Prestes.

Exílio na Bolívia

Em 1927, Carlos Prestes e os últimos remanescentes da coluna se exilaram na Bolívia. Prestes fez contato com os comunistas argentinos Rodolfo Ghioldi e Abraham Guralski, o dirigente da Intentona Comunista. Conheceu Astrogildo Pereira, um dos fundadores do Partido Comunista do Brasil.

Já apelidado de Cavaleiro da Esperança, em junho de 1928, viajou para Buenos Aires, onde participou da 1.ª Conferência Latino-americana do Partido Comunista. Começou a estudar o marxismo. Foi convidado a comandar militarmente a Revolução de 30, no Brasil, mas opôs-se à revolução.  

Formação na União Soviética

No dia 7 de novembro de 1931, a família Prestes – a mãe viúva, dona Leocádia, e os cinco filhos solteiros, Luís Carlos, Clotilde, Heloísa, Lúcia e Lígia desembarcam em Moscou, durante as comemorações do 14.º aniversário da tomada do poder pelos bolcheviques.

Prestes viajou com passaporte que o identificava como um pintor paraguaio. Foi logo contratado como engenheiro pela empresa responsável pela fiscalização de todas as obras de construção civil do país.

Nas horas vagas, Prestes comparecia a reuniões do PC ou a conferências de dirigentes comunistas latino-americanos.

Carlos Prestes e Olga Benário

Em 1934, a direção da Internacional Comunista decide atender ao pedido de Carlos Prestes de retornar ao Brasil com a perspectiva de iniciar uma revolução popular na América Latina.

Para cuidar da segurança pessoal de Prestes, foi designada a jovem Olga Benário, uma bolchevique completa: falava fluentemente quatro idiomas, conhecia a fundo a teoria marxista-leninista, atirava com pontaria certeira, pilotava avião, saltava de paraquedas, cavalgava e já tinha dado provas de coragem e determinação.

No dia 29 de dezembro de 1934, Prestes deixou o apartamento em direção ao trem, dando início à sua peregrinação com destino ao Brasil. Com novas identidades, Prestes e Olga ocuparam a cabine de um trem que partiu para Leningrado.

Depois de atravessar vários países, em dezembro de 1934, Prestes e Olga chegam clandestinamente ao Brasil para comandar A Aliança Nacional Libertadora.

A Intentona Comunista

Após ser eleito presidente da Aliança Nacional Libertadora, e objetivando revolucionar o país e derrubar o governo de Getúlio Vargas, Prestes enfrentou violentos choques entre a Ação Integralista, liderada por Plínio Salgado, e a Aliança Nacional Libertadora.

Após liderar o fracassado golpe conhecido como “Intentona Comunista”, Prestes foi preso, e sua mulher, Olga Benário, apesar de estar grávida, foi mandada de volta para a Alemanha. Sua filha, nascida em 27 de novembro de 1936, foi entregue a sua avó paterna. Olga morreu em um campo de concentração nazista em 1942.

O fim do Estado Novo e a anistia

Em abril de 1945, com a anistia e o fim do Estado Novo, Prestes foi solto e candidatou-se ao Senado Federal pelo Partido Comunista Brasileiro, porém, seu partido foi cassado em 1947, e Prestes teve a prisão preventiva decretada, o que o obrigou a voltar à clandestinidade.

Em 1958, sua prisão preventiva foi revogada, mas, com o regime militar de 1964, passou a ser perseguido novamente. Em 1971, deixou o país e se exilou na União Soviética.

Com a anistia de 1979, Prestes retornou ao Brasil e, em 1980, rompeu com o Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro e, três meses depois, foi destituído do cargo de secretário-geral da organização.

Em 1982 apoiou a candidatura de Leonel Brizola ao governo do Rio de Janeiro, o que motivou sua expulsão do partido.

Luís Carlos Prestes faleceu no Rio de Janeiro, no dia 7 de março de 1990.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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