Eurico Gaspar Dutra

Político e militar brasileiro
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Eurico Gaspar Dutra

Eurico Gaspar Dutra (1883-1974) foi um político brasileiro e General do Exército. Foi o 14.º presidente do Brasil, governando entre 1946 e 1951.

Eurico Gaspar Dutra nasceu em Cuiabá, Mato Grosso, no dia 18 de maio de 1883. Filho de José Florêncio, comerciante e ex-combatente na Guerra do Paraguai, e de Maria Justina Dutra.

Carreira Militar

Em março de 1902 Dutra ingressou na Escola Preparatória e Tática de Rio Pardo, no Rio Grande do Sul. Em 1903 foi para a Escola de Guerra de Porto Alegre e em 1904 ingressou na Escola Militar da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro.

No dia 14 de novembro de 1904, participou do levante contra o governo de Rodrigo Alves, tendo como pano de fundo o desemprego, a miséria generalizada e a lei da vacina obrigatória.

Dutra e seus colegas foram expulsos da escola e lotados no 24.º Batalhão de Infantaria do Rio de Janeiro. Em 1905, Dutra foi anistiado e retornou ao 24.º Batalhão de Infantaria. Neste mesmo ano, voltou para a Escola Militar, agora instalada no Realengo.

Depois de se distinguir na repressão à Revolução Constitucionalista de São Paulo, em 1932 chegou ao posto de General do Exército. Em 1935 foi promovido a general-de-divisão e comandou a resistência à Intentona Comunista de 27 de novembro, no Rio de Janeiro.

Em 1936, foi nomeado Ministro da Guerra, permanecendo nesse posto que até 1945, quando se afastou para concorrer à presidência da República. No ministério, construiu a Academia Militar das Agulhas Negras, a Escola de Estado Maior, a Escola Técnica do Exército e o palácio da Guerra. É de sua iniciativa a lei de serviço militar de 1945.

Em 1937, Dutra apoiou a instalação do Estado Novo pelo presidente Getúlio Vargas. Perto do fim da Segunda Guerra, ao voltar de uma viagem à Itália, comunicou ao presidente que a força expedicionária pretendia restabelecer o regime democrático no Brasil. No dia 29 de outubro de 1945 Getúlio Vargas foi deposto, sem luta, pelos generais Góis Monteiro e Eurico Gaspar Dutra, era o fim da ditadura.

Presidência da República

No dia 2 de dezembro de 1945, o general Eurico Gaspar Dutra, apoiado pelo PSD e pelo PTB, venceu as eleições para presidente do Brasil, derrotando o brigadeiro Eduardo Gomes, candidato da União Democrática Nacional (UDN) e Yedo Fiúza, candidato pelo Partido Comunista Brasileiro. Juntamente com o general, foram eleitos os deputados e senadores que comporiam a nova Assembleia Constituinte.

O primeiro ano do governo de Dutra foi de conciliação. O país saia da sufocante ditadura de Vargas e estava terminada a Segunda Guerra Mundial. No dia 18 de setembro de 1946 foi promulgada a nova Constituição, que garantiria os direitos civis e eleições livres.

Em 1947, o governo Dutra, devido às suas estreitas relações com os Estados Unidos e pressionados por setores sociais, políticos e militares, cortou relações com a União Soviética e pediu extinção do Partido Comunista Brasileiro, que foi pouco a pouco declarado ilegal por decisão judicial. Todos os parlamentares eleitos pelo PCB foram cassados em seus direitos políticos.

A atitude do governo refletia as tensões da política internacional do pós-guerra. Os Estados Unidos lideravam os países do mundo capitalista ocidental e pretendiam deter o crescimento do mundo comunista, liderado pela União Soviética. Nessa época, o Brasil assinou uma série de acordos com os Estados Unidos e passou a defender os mesmos interesses norte-americanos no plano internacional.

O presidente Dutra seguiu uma política tipicamente conservadora. Em sua administração foram realizadas duas importantes obras: a pavimentação da rodovia Rio – São Paulo (Via Presidente Dutra) e a instalação da Companhia Hidroelétrica do São Francisco, com a construção da Usina de Paulo Afonso, permitindo a eletrificação de grande parte do Nordeste do país.

Nas eleições presidenciais de 3 de outubro de 1950, cinco anos depois de ser derrubado do poder, Getúlio Vargas apresenta-se como candidato pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) vencendo facilmente seus concorrentes.

O General Dutra deixou a presidência em 1951. Teve então o início do nacionalismo radical de Vargas, apoiado pelo PCB e por setores radicais do PTB. Os boatos sobre um novo golpe de Estado para instalação de uma república sindicalista, igual à de Perón, na Argentina, e o “Crime da Rua Toneleros” que resultou na morte do major da Aeronáutica, Rubens Vaz, assustaram alguns setores da sociedade brasileira.

Últimos anos

O General Eurico Gaspar Dutra, três anos depois de deixar a presidência, continuava presente na vida política brasileira. Participou da conspiração que resultou no suicídio de Getúlio Vargas. Nesse clima tenso, assumiu a Presidência Café Filho, o vice, que deveria completar o mandato presidencial.

Em 1964, Dutra fez um discurso contra o Governo do presidente João Goulart, que teve grande repercussão entre os militares. Logo após o golpe militar que derrubou o presidente João Goulart, Dutra tentou voltar à presidência, mas sem sucesso.

Eurico Gaspar Dutra faleceu no Rio de Janeiro, no dia 11 de junho de 1974.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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