Visconde de Taunay
Biografia de Visconde de Taunay
Visconde de Taunay (1843-1899) foi um escritor, militar e político do império brasileiro. Monarquista e grande admirador de D. Pedro II, com ele manteve uma longa correspondência quando o ex-imperador foi exilado do país.
Alfredo Maria Adriano dEscragnolle Taunay nasceu em São Cristóvão, no Rio de Janeiro, no dia 22 de fevereiro de 1843. De família aristocrata, era filho de Felix Émile Taunay, um dos preceptores do Imperador e seu fiel amigo durante quarenta anos, e de Gabriela Hermínia d'Escragnolle Taunay, filha do conde d'Escragnolle.
Seu avô, o pintor Nicolas Antoine Taunay, veio para o Brasil como integrante da Missão Artística Francesa, em março de 1816.
Formação
Visconde de Taunay ingressou no Colégio Pedro II, onde em 1858 concluiu o curso de Humanidades.
Em 1861 ingressou no Exército Imperial, no 4.º Batalhão de Artilharia. Em 1863 formou-se em Ciências Físicas e Matemática na Escola Militar. Em 1964 foi promovido a 2.º tenente.
Em 1965 iniciou o curso de Engenharia Militar, interrompido pela convocação para servir na Guerra do Paraguai.
A Retirada da Laguna
Com a eclosão da Guerra do Paraguai (1864-1870), em 1865, Taunay foi incorporado à Comissão de Engenheiros, anexa ao Corpo Expedicionário que seguiu para a província de Mato Grosso, que havia sido invadida pelas tropas de Solano López.
Durante três anos, Taunay permaneceu na região do Planalto Central, tendo tomado parte ativa na Retirada da Laguna.
Em 1868 retornou ao Rio de Janeiro e em 1869 foi convidado pelo Conde dEu, comandante das forças brasileiras em operação no Paraguai, para redigir o Diário do Exército, que em 1870 foi reproduzido em livro do mesmo nome.
Terminada a guerra, o Visconde de Taunay foi promovido a Capitão e retorna ao curso de Engenharia Militar.
Em 1871, Visconde de Taunay publica uma de suas principais obras: "A Retirada da Laguna", que em uma narrativa forte e dramática, evidencia os problemas militares, o sofrimento dos combatentes e o nacionalismo durante os anos na guerra.
Escrita em francês, a obra foi posteriormente traduzida para o português por seu filho Afonso.
Terminado o curso de Engenharia, Taunay passou a lecionar História, Línguas, Mineralogia, Biologia e Botânica no Colégio Militar.
Inocência
Trazendo para a literatura suas experiências da guerra, projetou-se com o romance Inocência, publicado em 1872 e considerado o melhor romance sertanejo do Romantismo.
Na obra, Taunay retrata a vida rústica do sertanejo: a paisagem, os hábitos, os costumes, a naturalidade dos diálogos, os tipos humanos com pouca dose de idealização e fantasia.
Conta a história sentimental e dramática da cabocla Inocência "donzela de fascinadora beleza". Prometida em casamento a "Manecão", a jovem adoece e é tratada por um curandeiro da região. Durante o lento processo de cura, nasce entre eles o amor. Manecão descobre e mata o rival. Dois anos depois Inocência morre de saudade.
O romance tornou-se um clássico do fim do romantismo, obteve extraordinária popularidade e foi traduzido para diversas línguas.
Vida política
Em 1872, o Visconde de Taunay ingressou na vida política pelo Partido Conservador. Foi nomeado Deputado Geral pela Província de Goiás.
Em 1874 casou-se com Cristina Teixeira Leite, filha do Barão de Vassouras, com quem teve quatro filhos, entre eles Afonso dEscragnolle Taunay, futuro biólogo e historiador brasileiro.
Entre 1876 e 1877, Taunay foi Presidente da Província de Santa Catarina. Nessa época, inaugurou o Monumento aos Heróis Catarinenses da Guerra do Paraguai, na Praça XV de Novembro, em Desterro, hoje Florianópolis.
Taunay passou dois anos estudando na Europa. Em 1881 foi eleito Deputado Geral por Santa Catarina, encerrando o mandato em 1884.
Entre 1885 e 1886, Taunay foi presidente da província do Paraná. Nessa época, presidiu a Sociedade Central de Imigração que promoveu a chegada dos primeiros imigrantes alemães e italianos para o sul do Brasil.
Entre 1886 e 1889 foi senador por Santa Catarina na vaga do Barão de Laguna. Foi um dos mais dedicados partidários da abolição da escravatura.
Dedicado às suas múltiplas atividades, Visconde de Taunay destacou-se também como jornalista músico e pintor, além de ter sido administrador da floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Títulos e honrarias
Visconde de Taunay foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras e da Academia Brasileira de Música, onde ocupou a cadeira n.º 13.
Taunay foi oficial da Ordem da Rosa, Cavaleiro da Ordem de São Bento, da Ordem de Avis e da Ordem de Cristo.
No dia 6 de setembro de 1889, recebeu de Dom Pedro II o título de Visconde, com Grandeza. Neste mesmo ano, com a queda da Monarquia, afasta-se do Senado, mas permanece fiel ao ex-imperador, por quem mantinha a mais profunda admiração.
Durante o exílio de Dom Pedro, Taunay manteve farta correspondência com ele, que posteriormente foi reunida e publicada por seu filho Affonso Taunay, no livro Visconde de Taunay: Pedro II.
Visconde de Taunay faleceu no Rio de Janeiro, no dia 25 de janeiro de 1899.
Pouco antes de sua morte disse ao filho Afonso: Não sei se te caberá a grande felicidade que alcancei: a convivência próxima e prolongada com homens de imensa elevação como o Imperador e Rio Branco, tipos verdadeiramente grandiosos.
Obras do Visconde de Taunay
- A Retirada da Laguna, diário de guerra (1871)
- Mocidade de Trajano (1871)
- Narrativas Militares (1871)
- Inocência, romance (1872)
- Lágrimas do Coração (1873)
- A Campanha de Mato Grosso
- Manuscrito de Uma Mulher, romance (1873)
- Ouro Sobre Azul, romance (1875)
- Céus e Terras do Brasil (1882)
- Amélia Smith, drama (1886)
- No Declínio, romance (1889)
- O Encilhamento, romance (1894)
- Reminiscências, Memórias (1908, póstumas)
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