Jacques Bossuet

Teólogo francês
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Jacques Bossuet

Jacques Bossuet (1627-1704) foi um bispo e teólogo francês, um dos maiores teóricos do absolutismo, uma das personalidades mais influentes em assuntos religiosos, políticos e culturais da França na segunda metade do século XVII. Foi considerado o maior de todos os oradores sacros. É um dos grandes vultos do Classicismo francês.

Jacques-Bénigne Bossuet, conhecido como Jacques Bossuet, nasceu em Dijon, na França, no dia 27 de setembro de 1627. Filho de uma família de magistrados foi educado no colégio de jesuítas de Dijon.

Em 1642, com 15 anos iniciou o estudo de Teologia no Collège de Navarre, em Paris. Foi ordenado padre em 1652, quando terminou o seu doutorado. Nesse mesmo ano, foi nomeado arcebispo de Metz.

Orador Sacro

Em 1659, Jacques Bossuet deixou Metz e retornou a Paris, onde rapidamente alcançou fama como orador sacro. Suas principias preocupações eram a pregação e a controvérsia com os protestantes, que foram sintetizadas em seu primeiro livro “Réfutation du  Catéchisme du Sieur Paul Ferry”. A obra foi o resultado de suas discussões com Paul Ferry, o ministro da igreja protestante reformada de Metz.

As pregações de Bossuet sobre a “Peregrinação do Apóstolo São Paulo” e sobre “A Dignidade dos Pobres na Igreja” foram admirados e logo chegaram a Paris.

Entre 1660 e 1661, Bossuet pregou os sermões da Quaresma em dois famosos conventos de Metz. Em 1662, foi chamado a pregar para os membros da corte do rei Luís XIV. Foi o encarregado de pronunciar orações fúnebres de importantes personagens como Henriette-Marie da Inglaterra e de Henriette-Anne, cunhada do rei Luís XIV.  

Em 1669, Jacques Bosset foi nomeado bispo de Condom, uma diocese no sudeste da França, mas teve que renunciar, pois em 1670 foi nomeado preceptor do príncipe herdeiro. Em 1671, foi eleito para a Academia Francesa.

Teoria do Direito Divino

Na política, Jacques Bossuet desenvolveu a doutrina do “Direito Divino” na qual afirmava que qualquer governo formado legalmente, expressava a vontade de Deus, que sua autoridade era sagrada e que qualquer rebelião contra ela era criminosa.

Destacou também que a responsabilidade do soberano era se comportar como a imagem de Deus e governar para os súditos como um bom pai e não ser afetado por seu poder.

Em 1681, Bossuet foi nomeado bispo de Meaux, deixando a corte, mas continuou mantendo laços com o rei. Nessa época, pronunciou sua segunda série de orações fúnebres, entre elas: a da princesa Ana de Gonzague (1685) e a do príncipe de Condé (1687). Em 1688 publicou “História das Variações das Igrejas Protestantes”.

Polêmicas Teológicas e Principais Ideias

Jacques Bossuet participou de polêmicas teológicas sobre o "galicanismo" - tendência predominante entre os católicos franceses, que defendiam a independência religiosa nacional em detrimento da autoridade do papa.

Em 1681, quando o clero francês se reuniu para examinar a controvérsia entre o rei Luís XIV e o papa, Bossuet, no discurso de abertura da assembleia, sustentou que a autoridade do monarca era suprema em questões temporais, enquanto que nas questões de fé, o papa devia apoiar-se na autoridade da igreja em seu conjunto.  

Envolvido também na controvérsia com os protestantes, Bossuet se opunha à perseguição e tentava converter os protestantes por argumentos intelectuais. Em 1685, apoiou a revogação do rei ao “Edito de Nantes”, uma ação que na prática, proibia o protestantismo francês.

Embora tenha sido moderado na briga galicana e na controvérsia com os protestantes, Bossuet mostrou-se menos tolerante com o "quientismo" – misticismo religioso  segundo o qual a perfeição moral consiste na indiferença absoluta, na anulação da vontade e na união contemplativa com Deus.

Com seus argumentos, conseguiu que Roma condenasse o arcebispo de Cambrai, François Fénelon, que praticava a doutrina. Sobre o tema escreveu, “Instruções Sobre o Chamado da Oração” (1698) e "A Relação Sobre o Quientismo" (1698).

Jacques Bossuet faleceu em Paris, França, no dia 12 de abril de 1704.

Obras de Jacques Bossuet

  • Orações Fúnebres (1656-1691)
  • Sobre a Unidade da Igreja (1681)
  • Discurso Sobre a História Universal (1681)
  • História das Variações da Igreja Protestante (1688)
  • Máximas e Reflexões Sobre a Comédia (1694)

Obras póstumas

  • Política Tirada das Próprias Palavras das Santas Escrituras (1709)
  • Elevação a Deus Sobre Todos Os Mistérios a Religião Cristã (1720)
  • Meditações Sobre o Evangelho (1730-1731)

Frases de Jacques Bossuet

A contemplação são os olhos da alma.

Pensar contra foi sempre a maneira menos difícil de pensar.

A ambição é, entre todas as paixões humanas, a mais ferina nas suas aspirações e a mais desenfreada nas suas cobiças e, todavia, a mais astuta no intento e a mais ardilosa nos planos.

A sabedoria humana aprende muito se aprender a calar-se.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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