Napoleão Bonaparte

Imperador francês
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Napoleão Bonaparte

Napoleão Bonaparte (1769-1821) foi imperador dos franceses entre 1804 e 1814 com o título de Napoleão I. Embora odiado em vida por toda a Europa, depois do absolutismo monárquico restaurado na França, tornou-se um herói popular e em 1840 seus restos mortais foram transladados da ilha de Santa Helena para o Dôme des Invalides, em Paris.

Napoleão Bonaparte (em italiano, Napoleone Buonaparte) nasceu em Ajaccio, capital da ilha de Córsega, França, no dia 15 de agosto de 1769. Seu pai, Carlos Maria Bonaparte era jurista e conselheiro real de Ajaccio, e sua mãe, Letízia Ramolino era descendente de uma família de pequena nobreza de Ligúria, Itália. Napoleão era o segundo filho de uma família de seis irmãos.

Carreira militar

Napoleão iniciou seus estudos em sua cidade natal e com 10 anos de idade ingressou no Colégio Militar de Brienne e em 1784 foi para a Escola Real Militar de Paris, de onde saiu oficial de artilharia.

Contexto histórico

No final do século XVIII a França, governada por Luís XVI, era um país agrário com uma produção estruturada no modelo feudal onde grande parte dos camponeses encontrava-se submetida a um regime de trabalho servil.

A miséria das massas populares provocava constantes rebeliões camponesas. A “burguesia francesa” enriquecida pelo comércio exigia a garantia de seus direitos, numa sociedade onde, apesar de sustentar o Estado e de ser a classe social dominante, sua posição política e jurídica era muito limitada em relação aos privilégios do clero e da nobreza.

A inquietação social e política, aliada a problemas financeiros graves, persuadiu Luís XVI a convocar os “Estados Gerais” - o grande parlamento nacional que não se reunia há 175 anos.

Os Estados Gerais eram formados pelos representantes dos três estados, ou ordens, em que se dividia a sociedade francesa: o “clero”, a “nobreza”, e os outros representantes do qual se destacava a “burguesia” que hostilizava o sistema de privilégios do clero e da nobreza e reclamava igualdade de direitos.

Acima de tudo e de todos estava o rei. Absoluto, que centralizava todos os poderes e a ninguém precisava dar satisfação de seus atos, pois suas decisões eram incontestáveis.

Em maio de 1789 os Estados gerais se reuniram no Palácio de Versalhes, mas conforme a tradição a cada ordem, um voto, o que implicava na vitória dos interesses dos privilegiados.

Dias depois, a burguesia (terceiro estado) com o apoio do baixo clero e de alguns membros da nobreza, separaram-se dos demais e se declararam, em Assembleia Nacional, os representantes da nação e juraram permanecer reunidos até que ficasse pronta uma Constituição para a França.

No dia 9 de julho de 1789, reuniu-se a Assembleia Nacional Constituinte, encarregada de elaborar uma Constituição. O rei tentou organizar tropas para reprimir as manifestações burguesas e populares, mas não obteve sucesso.

Napoleão Bonaparte e a Revolução Francesa

No dia 14 de julho de 1789 a massa urbana de Paris tomou a Bastilha, prisão política símbolo do autoritarismo e das arbitrariedades cometidas pela monarquia. “A queda da Bastilha foi o marco da Revolução Francesa”.

Em setembro de 1791, a Assembleia promulgou uma nova Constituição que transformava o poder absoluto do rei em “poder constitucional” e introduzia numerosas modificações no sistema jurídico-administrativo da França.

No dia 20 de setembro de 1792 a monarquia foi abolida e a república foi criada. No dia 21 de janeiro de 1793, o rei Luís XVI foi guilhotinado na Praça da Revolução em Paris. A morte do rei foi sucedida por um “Período de Terror” (1793- 1794) e três facções disputavam a liderança.

Quando eclodiu a Revolução Francesa de 1793, Bonaparte uniu-se aos “jacobinos” – representantes da média e da pequena burguesia e das classes populares, e serviu como tenente da recém-criada Guarda Nacional.

Em setembro de 1793, como comandante de artilharia quebrou a resistência contrarrevolucionária em Toulon, que se rebelara contra o novo governo republicano do país, e foi nomeado general de brigada.

Crescendo em prestígio junto às camadas populares, os “jacobinos”, assumiram o governo do país através do “Comitê de Salvação Pública” que ficou responsável pela administração interna, pelo controle do Exército e pela defesa da França.

Robespierre, chefe da delegação para a Convenção Nacional, foi denunciado como inimigo da liberdade e destituído de seus poderes. Por ser jacobino, Bonaparte foi preso, mas reconquistou a liberdade poucos dias depois.

Em 1795, os novos donos do poder dissolveram a Convenção e votaram uma nova Constituição, pela qual o Poder Executivo passava a ser exercido por um “Diretório” composto por cinco membros.

No dia 5 de outubro de 1795, o Diretório governante chamou Napoleão para subjugar em violentos combates de rua, uma revolta monarquista em Paris. No ano seguinte, foi nomeado Comandante do Exército francês na Itália.

Napoleão Bonaparte
Napoleão Bonaparte (óleo de Jean Louis David, século XIX)

Antes de partir, no dia 9 de março, Bonaparte casou-se com Josephine, viúva do general Beauharnais, guilhotinado em 1794. Dois dias depois de casado, Napoleão partiu para a guerra na Itália, quando revelou seu extraordinário gênio militar.

No comando do exército, derrotou as tropas da Itália, onde fundou a República Cisalpina. Chefiou uma expedição no Egito, quando conquistou o Cairo e Alexandria, e bateu os turcos no monte Tabor, derrubando os velhos regimes monárquicos e obtendo importantes conquistas territoriais para a França. De regresso a Paris foi delirantemente aclamado.

O golpe e a instalação do Consulado

Em 1799, depois de 10 anos da revolução, a insatisfação na França era grande e a burguesia se ressentia da instabilidade social e política. No dia 9 de novembro, a alta burguesia (os girondinos) aliou-se a Napoleão Bonaparte e juntos deram um golpe derrubando o Diretório (18 do brumário).

Uma nova Constituição foi elaborada e estabelecia o regime de Consulado, integrado por três membros. Com o título de Primeiro-Cônsul, Napoleão passou a deter todos os poderes – os outros dois tinham apenas voto consultivo.

Apesar do autoritarismo, Napoleão revelou-se notável político e administrador. Buscando consolidar as instituições burguesas, centralizou a administração pública e destituiu as autoridades eleitas pelo voto popular. Criou o Banco da França e melhorou a arrecadação de impostos.

Em seu governo foi elaborado o Código Civil que unificou as leis francesas com o objetivo de assegurar as conquistas burguesas, como a regulamentação do direito da propriedade privada, a igualdade do cidadão perante a lei, o controle do emprego pelo patrão e a proibição de greves e de organizações sindicais.

O restabelecimento da ordem e da paz bem como os atentados frustrados de monarquistas fizeram crescer a popularidade de Napoleão, que habilmente os utilizou para se proclamar Cônsul Vitalício, por plebiscito, em 1802.

Imperador da França

No dia 28 de maio de 1804, um senatus consultus proclamou Napoleão I, imperador da França, decisão que foi ratificada por plebiscito. No dia 2 de dezembro de 1804 aclamado pelo povo, foi coroado na catedral de Notre-Dame pelo Papa Pio VII, com o título de Napoleão I.

Nesse mesmo ano foi promulgado o Código Civil Napoleônico, inspirado no direito romano. Napoleão Bonaparte cercou-se de uma corte suntuosa, e os generais e os altos funcionários receberam títulos de nobreza.

Seus irmãos foram nomeados monarcas: Joseph tornou-se rei de Nápoles e da Espanha, Louis, rei da Holanda, Jerôme, rei da Vestfália, e Elisa, sua irmã, tornou-se grã-duquesa de Toscana.

Sem ter filhos para sucedê-lo, Napoleão separou-se de Josefina e casou-se com Maria Luísa da Áustria, filha de Francisco II e irmã de Maria Leopoldina, esposa de D. Pedro I. François Charles Joseph Bonaparte, filho de Napoleão I e de Maria Luísa, nasceu em Paris, em 1811 e morreu em Schonbrunn em 1832

Como imperador da França, Napoleão implantou uma ditadura sem disfarce, voltada para o atendimento e defesa dos interesses da burguesia. As liberdades políticas, individuais e de pensamento foram aniquiladas. Tudo estava sob seu controle, a educação, a imprensa, intelectuais, estudantes, operários etc.

Tentando transformar a França em uma potência industrial e destruir a prosperidade britânica, Napoleão entrou em guerra com várias coligações militares lideradas pela Inglaterra. Em pouco tempo, seu exército conquistou a Itália, os Países Baixos, a Polônia e vários principados da Alemanha.

Em 1806, na tentativa de arruinar a Inglaterra, decretou o Bloqueio Continental, que determinava a proibição da Europa continental de comerciar com a Inglaterra, e de navios ingleses atracarem em qualquer porto europeu.

Portugal, por ser um país economicamente dependente da Inglaterra, não aderiu ao bloqueio. O príncipe regente português, mais tarde coroado como Dom João VI, assinou com a Inglaterra um acordo pelo qual se comprometeria a não aderir ao bloqueio. Em troca, teria garantia de proteção inglesa.

A ameaça de invasão de Portugal por tropas francesas e espanholas coligadas obrigou a família real portuguesa a partir para o Brasil, em 1806, protegida pela marinha britânica.

Em 1808, Napoleão usurpou o trono espanhol e nomeou seu irmão José Bonaparte como rei da Espanha, com grande reação da população de Madri.

Napoleão Bona
Fuzilamento em Madri (óleo de Francisco Goya, século XIX)

Em 1812, com mais de 600 mil homens, Napoleão invadiu a Rússia, mas encontrou Moscou incendiada. Sem a base de apoio, a tropa enfrentou um inverno rigoroso e a resistência do povo. Vencido, retirou-se.

Em 1813, Napoleão enfrentou a coalizão de todas as potências europeias e, com o apoio dos ingleses, a Espanha conseguiu que a França devolvesse a coroa espanhola a seu legítimo rei.

Prisão e Morte de Napoleão

No dia 30 de março de 1814, forças militares de vários países, liderados pela Inglaterra, invadiram a França, chegaram até Paris e obrigaram Napoleão a abdicar do trono francês. No dia 6 de abril, Napoleão foi levado para o exílio na ilha de Elba, no Mar Mediterrâneo. A monarquia francesa foi restaurada com Luís XVIII.

Em março de 1815, ciente da impopularidade do rei, Napoleão fugiu da ilha de Elba e entrou em Paris com um pequeno exército. Foi aplaudido pelo povo e pelas tropas. Reassumiu o poder e governou por apenas cem dias.

Em junho de 1815, seu exército foi definitivamente derrotado, na batalha de “Waterloo”, por tropas estrangeiras coligadas e comandadas pelo inglês Wellington. Napoleão foi preso e enviado para a ilha de Santa Helena, uma colônia inglesa localizada no sul do Atlântico.

Napoleão Bonaparte faleceu na ilha de Santa Helena, no dia 5 de maio de 1821, depois de 6 anos de exilo. Em 1840, seus restos mortais foram transladados de Santa Helena para o Panteão dos Inválidos, em Paris.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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