Maria I de Portugal

Rainha de Portugal
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Maria I de Portugal

Maria I de Portugal (1734-1816) foi rainha de Portugal entre 1777 e 1816. A primeira mulher a herdar o trono de Portugal, D. Maria I revolucionou a rígida administração, anterior, comandada pelo Marquês de Pombal. Apelidada de “Mãe do Povo” e “a Louca”, foi também Rainha do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve, quando foi sucedida por D. João VI.

D. Maria I (Maria Francisca Isabel Josefa Antônia Gertrudes Rita Joana) nasceu no Paço da Ribeira, Lisboa, Portugal, no dia 17 de dezembro de 1734. Era a filha primogênita do rei José I de Portugal e de Mariana Vitória de Bourbon - filha do rei da Espanha D. Filipe V, e de sua segunda mulher, Isabel Farnésio.

Infância

A princesa Maria foi criada em meio a três irmãs: Maria Ana (1736-1813), Maria Francisca Doroteia (1739-1771) e Maria Francisca Benedita (1746-1829), durante a opulência do reinado de D. João V, seu avô. Com três anos, a princesa Maria já recitava versos latinos e cedo aprendeu castelhano, francês e latim.

No dia 31 de julho de 1750, o rei D. João V faleceu, tendo a seu lado sua esposa D. Maria Ana da Áustria, deixando como herdeiro da coroa o seu filho primogênito D. José. No mês seguinte, D. José I nomeou o Marquês de Pombal para seu primeiro-ministro.

Casamento

O casamento da princesa Maria foi planejado ainda no reinado de seu avô, quando o monarca pediu dispensa ao papa para casar a princesa com seu tio D. Pedro. Após a morte de D. João V, D. José I retomou as negociações do casamento da futura herdeira do trono.

Rumores correram no reino sobre um eventual casamento da princesa com o infante da Espanha D. Luís Antônio. Porém, o noivo espanhol era filho de Filipe V e de D. Isabel de Farnésio, pais da rainha D. Mariana Vitória, portanto, também seu tio.

O que estava em causa era a própria sucessão da monarquia, já que, pela Lei Fundamental, uma mulher só poderia ser rainha de Portugal se o cônjuge fosse português. A escolha recaiu em D. Pedro, irmão de seu pai, dezoito anos mais velho do que a princesa.

Enquanto isso, em 1755, Lisboa sofreu um terremoto de proporções significativas, seguido de um maremoto que destruiu grande parte da capital. Pombal foi encarregado da posterior reconstrução da cidade.

Por ordem de Pombal, os mortos eram jogados em alto-mar. As pessoas que fossem apanhadas roubando ou cometendo outros tipos de crimes, eram sumariamente enforcadas.

Em 1759, seguindo o exemplo da Espanha e da França, o Marquês de Pombal expulsou a Companhia de Jesus de Portugal e dos seus territórios, com o aval do papa Clemente XIV, franciscano e favorável à extinção daquela Companhia.

Maria I de Portugal

No dia 6 de junho de 1760, finalmente foi realizado o casamento da princesa Maria com seu tio D. Pedro, que se tornaria Pedro III, rei consorte, com o casamento com a futura rainha de Portugal, assegurando assim a continuidade da dinastia da Casa de Bragança.  

Filhos de D. Maria I

Do casamento de princesa D. Maria com D. Pedro, nasceram seis filhos, mas apenas três chegaram à idade adulta: D. José, o herdeiro aparente do trono, D. João, futuro rei Dom João VI, D. Maria Ana Vitória.

D. Maria I – Reinado

Com a morte de D. José I, no dia 24 de fevereiro de 1777, D. Maria foi aclamada Rainha de Portugal como D. Maria I, no dia 13 de maio de 1977, em uma cerimônia realizada na Praça do Comércio, em Lisboa. Foi a primeira mulher a herdar o trono de Portugal.

Quando subiu ao trono, D. Maria I encontrou as prisões cheias de presos políticos, adversários da política do Marquês de Pombal, entre eles alguns padres jesuítas, o bispo de Coimbra, os sobreviventes do massacre dos Távoras e os irmãos bastardos de D. José. Deu ordem para soltar todos os pressos e foi considerada a "mãe do povo".

D. Maria I desejava um regresso da influência da Igreja e da alta nobreza sobre o Estado, e a extinção de algumas medidas políticas e econômicas implantadas pelo Marquês de Pombal, desta forma, a primeira medida oficial foi afastar o marquês do governo que não se sentindo seguro exilou-se na vila de Pombal.

Todos os presos estavam em estado lastimável e formam postos em liberdade. Essas medidas de clemência, reveladas pela rainha, viria a torná-la extremamente popular entre o povo e a realeza, sendo considerada “a mãe do povo” e uma santa.

No seu reinado, a rainha assinou o “Tratado de Santo Idelfonso”, que restituiu à Espanha a colônia do Sacramento, no sul do Uruguai e completou os ajustes fronteiriços entre o Brasil e as colônias espanholas do rio da Prata.

De forte convicção religiosa, entre suas obras destacam-se: a fundação da Casa Pia, no Castelo de São Jorge, para cuidar dos órfãos, a construção do Convento das Freiras Carmelitas Descalças de Santa Teresa, no Largo da Estrela e a Basílica da Estrela. Também se deve a D. Maria I a Academia Real das Ciências e a Biblioteca Nacional.

No seu reinado, em 17 de dezembro de 1780, D. Maria I iluminou Lisboa com setecentos e setenta candeeiros de azeite. No ano seguinte, por falta de verbas, Lisboa ficou às escuras até o ano de 1801.

Maria “a louca”

D. Pedro III faleceu no dia 25 de maio de 1786, no Paço de Nossa Senhora da Ajuda, em Lisboa. O rei foi considerado uma figura nula na política, mas entrou para a história por ter mandado construir o “Palácio de Queluz”.

Dois anos depois surgiram os primeiros sinais de demência da rainha, ano em que viu morrer sucessivamente, uma das pessoas de sua maior confiança, o marquês de Angeja, os seus filhos: D. José, príncipe herdeiro, e a princesa D. Mariana Vitória, todos eles vítimas da varíola.

Aterrorizada com a Revolução Francesa, não reconheceu a Convenção de 1792. No dia 10 fevereiro de 1792, uma junta médica declarou-a incapaz de governar. Foi por isso chamada de “a louca”.

Dom João VI - sucessor

Em 1792, o príncipe Dom João VI passou a representar a rainha. Em 1799 recebeu o título de Príncipe Regente.

Em setembro de 1806, D. João V decidiu embarcar com toda a família real para o Brasil, sob a proteção de navios britânicos, fugindo da invasão napoleônica.

No dia 29 de novembro de 1807, saiu de Portugal uma frota composta de 15 navios da esquadra real e outros navios mercantis. D. João procedia a transferência de toda a Corte e a administração do Reino para o Brasil, para longe dos generais franceses.

No dia 22 de janeiro de 1808, os navios atracavam em Salvador. O Brasil que até então era uma colônia, passou a ser a sede do governo português. Em 28 de janeiro de 1808, seis dias após sua chegada em Salvador, Dom João assinou a carta régia, decretando a abertura dos portos brasileiros ao comércio exterior.

D. João e sua comitiva saíram da Bahia no dia 7 de março de 1808, em direção ao Rio de Janeiro, onde foi recebido com festas. No dia 1 de abril, por meio de alvará, decretou a liberdade industrial, revogando o alvará de D. Maria I, que proibia o estabelecimento de fábricas no Brasil.

D. Maria I faleceu no Rio de Janeiro, no dia 20 de fevereiro de 1816. O seu corpo repousa na Basílica da Estrela, Portugal, por ela mandada edificar. Dom João VI só foi coroado rei de Portugal no dia 6 de fevereiro de 1818, no Rio de Janeiro.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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