D. João IV de Portugal

Rei de Portugal
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de D. João IV de Portugal

D. João IV de Portugal (1604-1656) foi o vigésimo primeiro rei de Portugal. Chamado de “O Restaurador”, reinou durante 16 anos de 1640 até 1656, ano de sua morte. Foi o primeiro rei da Dinastia de Bragança.

A Restauração ou revolução nacional, pôs fim a sessenta anos de domínio espanhol sobre Portugal e levou D. João, Duque de Bragança, a tornar-se D. João IV, rei de Portugal.

D. João nasceu no Paço Ducal de Vila Viçosa, Portugal, no dia 19 de março de 1604. Era filho de Teodósio II, 7.º Duque de Bragança e de Ana de Velasco, nobre da corte espanhola. Ficou órfão de mãe com apenas 3 anos de idade, tendo recebido uma rígida educação de seu pai.

Por parte do pai, era neto de Catarina de Portugal, Duquesa de Bragança, filha de D. Duarte, Duque de Guimarães, filho do rei D. Manuel I e Maria de Aragão e Castela.

A União Ibérica (1580-1640)

Em 1580, com a extinção da Dinastia de Avis (1385-1580), que não deixou descendentes para reinar em Portugal, D. Filipe II da Espanha se fez reconhecer rei, como neto do monarca português D. Manuel I. Foi o início da terceira dinastia da coroa portuguesa, a Dinastia Filipina (1580-1640).

Filipe II da Espanha foi aclamado rei com o título de D. Filipe I de Portugal. Reinou 17 anos (1580-1598). Ao falecer, Filipe I de Portugal deixou como herdeiro do trono seu filho Filipe II de Portugal (III da Espanha), que reinou 23 anos (1598-1621).

O último rei da Dinastia Filipina foi D. Filipe III de Portugal (IV da Espanha) que reinou 19 anos (1621-1640). Em seu reinado teve início as revoltas do povo e da nobreza contra o desgoverno.

A Restauração – o fim do domínio espanhol

Os anos da Dinastia Filipina foram bastante desastrosos para Portugal: a perda para a Holanda de algumas possessões no Brasil, entre elas a capitania de Pernambuco no governo de Matias de Albuquerque, a perda de Malaca na Ásia e o encerramento dos portos no Japão marcaram a inabilidade da administração.

A Guerra dos 30 Anos entre católicos e protestantes foi outro fator que terminou por esgotar os recursos econômicos e militares do reino. Sem dinheiro, já não podiam defender as possessões na Índia.  

A gravidade da situação levou Filipe III a elevar os impostos, suspender os ordenados dos funcionários e os juros devidos pelos empréstimos da coroa. Os primeiros protestos contra os sucessivos impostos começaram em 1637 na região do Alentejo, precisamente em Évora (Revolta do Manuelino), e estendeu-se ao Algarve, dando início ao processo de restauração.

D. Margarida de Mântua, prima do rei, que governava o país sob a orientação do conde de Oliveiras, a quem o monarca tinha deixado entregue o reino, pediu reforços a D. Filipe III, que logo esmagou os insurretos, porém por curto período.

Os ecos da revolta chegaram a Vila Viçosa e uma conspiração, liderada por fidalgos, convenceram D. João, duque de Bragança a se tornar D. João IV, rei de Portugal. De imediato foi enviada uma missiva para Lisboa relatando o acontecido.

A Coroação e a administração de D. João IV

Na manhã de 1 de dezembro de 1640, fidalgos acorreram ao Terreiro do Paço, matando o secretário de Estado Miguel de Vasconcelos e aprisionando a duquesa de Mântua, que governava Portugal. Outros fidalgos conquistaram o Castelo de São Jorge e os fortes que guardavam Lisboa e o Tejo.

D. João IV saiu de Vila Viçosa em direção a Lisboa para ser coroado no dia 15 de dezembro de 1640, estava com 36 anos. De imediato começou a organizar o reino, que estava com sua economia arruinada e contava com pouco contingente militar. No mesmo ano, criou o Conselho de Guerra.

D. João IV

Nos anos seguintes, D. João reformou o Conselho da Fazenda, criou o Conselho Ultramarino e a Junta do Comércio. Reorganizou os castelos do Alentejo, da Beira e de Trás dos Montes, assim como o Castelo de Setúbal. Conseguiu valiosas alianças com a Catalunha, a França, Inglaterra, Holanda, Roma e países nórdicos.

O arcebispo de Braga encabeçou uma conspiração para restituir a coroa ao espanhol D. Filipe IV. Denunciada a trama, foram condenados à morte vários membros da nobreza e, à prisão, os eclesiásticos. Em 1644, na batalha de Montijo, em nova investida, os espanhóis foram derrotados.

Casamento e filhos

D. João IV casou-se com D. Luísa de Gusmão em 1633. Filha de João Manuel Peres de Gusmão, oitavo duque de Medina-Sidónia, e de Joana Lourença Gomes, os dois nobres mais poderosos da Andaluzia. Apesar de ser espanhola por nascimento, D. Luísa não apoiava a anexação de Portugal, como incitava o marido contra o domínio espanhol.

D. João IV

Nos primeiros anos do casamento houve muitas brigas. Conta-se que D. João IV tinha ciúmes do irmão D. Duarte e que D. Luísa tinha ciúmes da música que fazia o rei levantar cedo todos os dias para aperfeiçoar seus conhecimentos.

D. João IV e D. Luísa tiveram cinco filhos:

  • Teodósio (1634-1653)
  • Joana, Princesa da Beira (1636-1653)
  • Catarina, Rainha da Inglaterra (1638-1705)
  • Afonso VI, rei de Portugal (1643-1683)
  • Pedro II, rei de Portugal (1648-1706)

Diversas vezes a rainha desempenhou um papel ativo na governação do reino, sobretudo quando o rei se deslocava à fronteira no Alentejo a fim de repelir as constantes tentativas de invasão militar dos espanhóis.

No dia 25 de março de 1656 ocorreu um fato curioso no reinado de D. João IV. O rei coroou Nossa Senhora da Conceição, de Vila Viçosa, rainha e padroeira de Portugal. A partir daí, nenhum rei colocou essa coroa na cabeça.

D. João IV faleceu no dia 6 de novembro de 1656. D. Luísa assumiu, por vontade testamental do rei, a regência do reino em nome do filho D. Afonso VI, que foi aclamado rei com apenas treze anos.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
Veja também as biografias de: