Afonso Henriques (Afonso I de Portugal)

Primeiro rei de Portugal
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Afonso Henriques (Afonso I de Portugal)

Afonso Henriques (Afonso I de Portugal) (1109-1185) foi o primeiro rei de Portugal. Chamado de “O Conquistador” reinou 42 anos, de 1143 a 1185, e deixou como legado uma nação.

Afonso Henriques nasceu em Guimarães, Portugal, no dia 5 de agosto de 1109. Era filho de D. Henrique de Borgonha e de D. Teresa de Leão, era neto do rei castelhano Afonso VI de Leão e Castela.

Contexto histórico (formação de Portugal)

Longa e lenta foi a luta para expulsar os árabes da Península Ibérica. Sete séculos aproximadamente durou o domínio muçulmano. Aos poucos foi se formando os reinos independentes.

Em 1065, com a morte de Fernando Magno, rei de Leão e Castela, foi criado mais um reino, o da Galícia no extremo noroeste, em terras retomadas dos árabes, e os reinos foram divididos entre seus três filhos.

Afonso VI foi o filho que mais se destacou na luta pela reconquista. Além de ter herdado o reino de Castela, anexou-lhe, em pouco tempo, Leão e Galícia, depois de vencer os árabes.

Afonso VI contou com a ajuda de nobres franceses, entre eles o duque Eudes de Borgonha e seu irmão o conde Henrique de Borgonha sobrinhos da mulher de D. Afonso, D. Constança de Borgonha. Contou também com o primo – o conde Raimundo de Armous que casou com D. Urraca e recebeu os reinos de Leão e Castela.

D. Henrique de Borgonha, foi ordenado conde pelo rei Afonso VI, pelo sucesso nas campanhas militares contra os mouros na Península Ibérica. Em 1095 casou-se com D. Teresa, filha ilegítima de Afonso VI e receberam um território limitado ao norte pela Galícia, na altura do rio Minho e ao sul pelo rio Douro.

A região compreendia o antigo condado de Porto Cale, por isso, D. Henrique o chamou de  “Província Portucalense” ou “Condado Portucalense”. O casal instalou-se na região, porém ainda devia vassalagem ao doador e após a morte deste, a seus herdeiros, no caso à filha primogênita – D. Urraca, e à sua descendência.

Ao ficar viúva, D. Urraca (que recebeu os reinos de Leão e Castela) casou-se com D. Afonso I, de Aragão, assim se formando a união de Leão e Castela com Aragão. O herdeiro desse domínio foi Afonso VII, filho de D.Urraca, neto de Afonso VI.

D. Afonso – o herdeiro

Com a morte de D. Henrique de Borgonha, em 1112, D. Teresa tornou-se regente até que o herdeiro, Afonso Henriques, chegasse à maioridade, porém, a partir de 1116, D. Teresa passou a se intitular “rainha” e fez-se amante do nobre galego conde Fernão Peres de Trava. O objetivo do conde era casar-se com D. Teresa e retirar D. Afonso Henriques do poder.

Como conde de Porto Cale, Afonso Henriques deveria tributar vassalagem ao primo, Afonso VII, mas desejando consolidar a independência do condado, herdado de seu pai, com 17 anos de idade, decidiu romper as leis da hierarquia feudal, armou-se cavaleiro (Ato que caberia ao rei, seu primo) e prestou vassalagem diretamente ao Papa.

Cerco a Guimarães e a Batalha de São Mamede

D. Afonso Henriques recebeu o apoio da nobreza e iniciou uma disputa contra sua mãe. Em 1127, suas forças resistem ao cerco militar de Afonso VII contra a província de Guimarães.

alfonso henriques

O cerco a Guimarães, em 1127, foi o desencadear da guerra que travou daí em diante, e só veio a ter fim com a batalha de São Mamede, em 1128.

No dia 24 de junho de 1128, no Campo de São Mamede, próximo ao Castelo de Guimarães, foi travada a Batalha de São Mamede, quando as tropas comandadas por D. Afonso Henriques, venceu as tropas de sua mãe e do conde de Trava, marcando assim o nascimento da “Nação Portuguesa”.

Com a vitória, Afonso Henriques adotou o título de príncipe e impôs-se como governante do condado. Tornava-se definitiva a separação política entre a Galícia e aquilo que viria a ser Portugal.

Duas versões são dadas sobre o destino de D. Teresa: teria sido enclausurada pelo filho no Castelo de Lanhoso, ou após a derrota de São Mamede, acompanhada do conde de Trava, teria fugido  para a Galícia. O certo é que faleceu no ano de 1130.

Primeiro rei de Portugal

Reivindicando um reino, partiu D. Afonso à conquista de terras mouriscas, rodeado de nobres e partidários. Instalou-se em Coimbra, organizou a defesa da cidade, sujeita a incursões dos mouros de Santarém e construiu castelos que vigiassem e dificultasse as ações dos inimigos.

Para a afirmação da futura monarquia portuguesa, Afonso Henriques buscou negociar junto a Santa Sé. O primeiro passo foi a fundação do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, ainda em 1131. Com a construção do castelo de Leiria, começou ele próprio a desencadear e chefiar incursões em zonas controladas pelos muçulmanos.

Em 1139, Afonso Henriques organizou uma grande expedição nos campos alentejanos de Ourique que culminou com a vitória na Batalha de Ourique, no dia 25 de julho. Apesar do inimigo ser em superioridade numérica, cinco reis mouros morreram na mão do Afonso. “Explica-se assim a origem dos cinco escudos no brasão de Portugal).

afonso henriques

Com a vitória alcançada, Afonso Henriques foi aclamado rei pelas tropas e passou a se intitular “rei dos portugueses” título que aparece nos documentos da corte dessa época. O rei e a monarquia dos portugueses surgiram antes de se haver estabelecido o reino de Portugal perfeitamente delimitado e estabilizado.

Em 1143 ocorre um passo decisivo para o processo de independência, quando um enviado do papa, o cardeal Guido de Vico, foi à península para resolver várias questões administrativas da Igreja em uma reunião com D. Afonso Henriques e o rei de Castela D. Afonso VII

O enviado papal pretendia também que os dois primos não tivessem tanta discórdia, pois só favoreciam os mouros. Afonso VII reconheceu seu primo como rei, mas tal reconhecimento não significava uma dissolução do vínculo de vassalo entre os dois.

Determinado a alargar o território, D. Afonso vai reconquistado terras do sul antes tomadas pelos mouros. Em 1147 ocupa Santarém e Lisboa, conquistada com a ajuda dos cruzados que seguiam para a Terra Santa. Em seguida, conquista Almada, Sintra, Beja, Évora, Moura, entre outras.

Em Badajoz, conhece sua primeira derrota, ficando ferido gravemente em uma perna e feito prisioneiro. Conta-se que teve que pagar quilos de ouro por sua libertação. Nessa época contou com a ajuda do herdeiro Sancho I.

Mesmo reconhecido pelo primo e tendo o monarca português enviado uma carta ao papa Inocêncio II, dispondo-se a pagar-lhe quatro onças de ouro anuais e afirmado que o considerava como seu único senhor, excluindo qualquer espécie de subordinação a Afonso VII, os documentos pontifícios continuaram o tratando por duque.

Só em 1179, Afonso I vê o reconhecimento, de sua realeza pela Santa Sé, com o  Papa Alexandre III. Na realidade a independência era desde há muito tempo um fato consumado.

Rainha D. Mafalda

Em 1146, D. Afonso Henriques casa-se com D. Mafalda de Saboia, também conhecida por Matilde, condessa de Saboia e Maurienne, filha do conde Amadeu II de Saboia e de D. Mafalda de Albón. Na data, tinha 21 anos e o rei 37.

Mafalda teve que lidar com as constantes ausências e infidelidades do marido. A rainha sozinha e desgostosa, dedicada à caridade e à devoção fundou o Mosteiro da Costa, em Guimarães, e várias outras igrejas.

Foi ela que estabeleceu o serviço de dois barcos no rio Douro e a construção de duas pontes, uma no Douro e outra no Tâmega.

Em 12 anos de casamento, teve sete filhos, com partos difíceis. Teria falecido do parto da filha Sancha, em 4 de novembro de 1157. Foi sepultada no Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra.

Filhos de Afonso Henrique e D. Mafalda

  1. D. Henrique (1147-1155), que morreu com oito anos
  2. D. Urraca (1148-1211), que se casou com o rei Fernando II de Leão,
  3. D. Teresa (1151-1218), que se casou com Filipe I, conde de Flandres, e que viria a casar-se novamente com Eudes III, duque de Borgonha,
  4. D. Mafalda (1152-1164), que teve o casamento planejado com o rei Afonso II de Aragão, mas faleceu jovem,
  5. D. Sancho I (1154-1212), futuro rei de Portugal,
  6. D. João (1156-1163), infante de Portugal, que morreu ainda criança,
  7. D. Sancha (1157-1167), infanta que faleceu ainda jovem.

Filhos ilegítimos de Afonso Henriques

  1. D. Fernando Afonso (1166-1172), filho de Chamoa Gomes,
  2. D. Pedro Afonso, que foi senhor de Araga e Pedrógão, de mãe desconhecida,
  3. D. Teresa Afonso, filha de Elvira Gualter,
  4. D. Urraca Afonso, também filha de Elvira Gualter.

Afonso Henrique (Afonso I de Portugal) faleceu em Coimbra, Portugal, no dia 6 de dezembro de 1185. Foi sepultado no Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra. Governou durante quarenta e dois anos.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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