Dom João III

Rei de Portugal
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Dom João III

Dom João III (1521-1557) foi o 15º rei de Portugal e Algarves. Reinou 36 anos, de 1521 até 1557. Foi o sexto rei da Dinastia de Avis, a segunda dinastia de Portugal. Recebeu o cognome de “O Piedoso”, por sua dedicação à fé cristã.

Em seu longo reinado, deu-se o fortalecimento do poder marítimo dos portugueses no oceano Índico, a ocupação da costa brasileira e o estabelecimento da Inquisição e da Companhia de Jesus em solo português.

Dom João III nasceu no Paço de Alcácova, Lisboa, Portugal, no dia 6 de junho de 1502. Era o filho mais velho de Dom Manuel I e de sua segunda mulher, a rainha D. Maria de Aragão e Castela, filha dos reis católicos Fernando de Aragão e Isabel de Castela.

Dom João III - rei de Portugal - realizações

Desde cedo, Dom João foi introduzido nas questões do reino. Assumiu o trono em 13 de dezembro de 1521, com a morte de seu pai o rei Dom Manuel I. Estava ainda solteiro e tinha apenas 19 anos. Foi aclamado rei no dia 19 do mesmo mês, na Igreja de São Domingos, como Dom João III.

No dia 5 de fevereiro de 1525, na Vila do Crato, casou-se com D. Catarina da Áustria, irmã do imperador Carlos V, do Sacro Império Romano-Germânico e rei da Espanha, que por sua vez casou-se com Isabel, irmã de Dom João. Esses casamentos prepararam o terreno para que Filipe II da Espanha assumisse o trono português em 1580.

Catarina da Áustria
Catarina da Áustria

A expansão marítima

Assim que tomou o lugar do rei, Dom João III continuou com a expansão marítima iniciada por seus antepassados. O rei procurou consolidar a presença dos portugueses na Índia e alargar os contatos com a China e o Japão. É também em seu reinado que tem início a colonização do Brasil.

A questão das ilhas Molucas dificultou as negociações de seu casamento. O problema surgiu com a primeira viagem de circum-navegação empreendida por Fernão de Magalhães e terminada por Sebastião de Elcano. Através dela os espanhóis atingiram as Molucas, fonte exclusiva de cravo.

Como não havia meio de calcular a latitude com exatidão, desconhecia-se a qual das monarquias pertencia o território, de acordo com o Tratado de Tordesilhas. As duas partes chegaram a um acordo que só foi finalizado depois do casamento do rei.

Assumiu um império demasiado grande para pouca gente e demasiado caro para tão pouca produção. Nessa época, o país vivia das especiarias e pouco ou nada produzia.

Com a impossibilidade de dispersar recursos em todas as frentes, a partir de 1529, o rei decidiu abandonar as praças marroquinas de Agadir, Safim, Azamor, Alcácer Ceguer e Arzila.

Com o objetivo de arrecadar algum dinheiro e equilibrar a fazenda do reino, em 1535, Dom João fez publicar leis que proibiam os vestuários luxuosos ostentando uma riqueza que não existia no país. O uso de sedas, do ouro e da prata ficava sujeito a punições, que iam de simples multa ao desterro.

A América portuguesa recebia pouca atenção, mas a ameaça francesa levou à divisão da costa brasileira em Capitanias Hereditárias, sistema já empregado com êxito na Madeira e Açores. Só em 1548, Tomé de Sousa foi nomeado o primeiro governador geral, que se instalou na Bahia de Todos os Santos.

A Inquisição em Portugal

Extremamente religioso, Dom João III travou uma longa luta com Roma para implantação do Tribunal do Santo Ofício ou Tribunal da Inquisição – uma instituição que perseguia, julgava e punia pessoas que cometiam crimes de heresia.

No dia 23 de maio de 1536, Dom João conseguiu que fosse instituído o Tribunal da Inquisição pela bula do papa Paulo III, que nomeava inquisidores em Portugal para agir contra os cristãos novos e contra todos os culpados em crime de heresia.

O objetivo confessado era o de travar os conflitos constantes entre cristãos e judeus, mas na verdade, o rei endividado encontrou uma forma de se financiar retirando o dinheiro dos judeus.

O Tribunal do Santo Ofício estendeu sua ação por todo o país e a quase todos os territórios submetidos à Coroa portuguesa no longo período de sua existência, mas as consequências foram desastrosas, pois provocou insegurança aos cristãos novos, obrigando à fuga de muitos mercadores judeus e forçando a coroa a pedir empréstimos estrangeiros.

Renovação cultural de Portugal

Embora não muito culto, Dom João III protegeu as letras e as artes, ao contratar importantes humanistas para o Colégio das Artes que fundou em Coimbra.

Acreditando que o saber podia ajudar o reino, em 1537, Dom João III transferiu a Universidade de Lisboa para Coimbra e contratou renomados professores europeus. Foi um período em que a intelectualidade nacional foi incentivada, destacando-se nomes como Sá de Miranda e Luís de Camões e Gil Vicente.

Dom João
Universidade de Coimbra - Estátua de Dom João III

A Companhia de Jesus

A Companhia de Jesus, foi uma ordem religiosa fundada em 15 de agosto de 1534 pelo espanhol Inácio de Loyola para combater a expansão do protestantismo na Europa, e chegou a Portugal sendo aprovada em 1540 pelo papa Paulo III. Nesse mesmo ano entraram em Portugal os primeiros jesuítas que foram acolhidos pelo rei Dom João III.

A Companhia teve presença significativa em Portugal desempenhando um papel importante na educação, na expansão missionária e na vida religiosa do país. Foi em Coimbra que o rei instalou um colégio da Companhia, depois de já ter obra de caridade desenvolvida em Lisboa.

Os jesuítas também participaram da expansão missionária em Portugal, envolvendo-se na conversão dos povos indígenas nas colônias portuguesas, como no Brasil, com José de Anchieta, na Angola e em Moçambique.

Casamento, filhos e sucessor

Dom João III casou-se com D. Catarina da Áustria, infanta da Espanha, no dia 5 de fevereiro de 1525, na Vila do Crato. A infanta era filha de Joana, a Louca, rainha da Espanha, e de Filipe, o Belo, arquiduque da Áustria e duque da Borgonha.

Teve o monarca nove filhos com D. Catarina, mas todos faleceram antes dele. O nascimento de seu neto, D. Sebastião, filho de D. João Manuel (1537-1554), e de D. Joana da Áustria, filha de Carlos V da Espanha, evitou o fim da Dinastia de Avis.

Dom João III teve um filho ilegítimo com D. Isabel Moniz, uma jovem da corte da rainha D. Leonor, a terceira esposa de seu pai. O menino recebeu o nome de Manuel, mas depois o rei mudou-lhe o nome para Duarte, que acabou seguindo a carreira clerical.

Morte

Dom João III passou os últimos anos de sua vida doente, contando com a ajuda da rainha que o acompanhava na administração do reino.

Faleceu em 11 de junho de 1557, em Lisboa, Portugal, vítima de um acidente vascular cerebral, aos cinquenta e cinco anos, deixando o trono para seu neto Dom Sebastião, então com três anos de idade, sob a regência da rainha Catarina.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
Veja também as biografias de: