Tomé de Sousa

Primeiro Governador Geral do Brasil
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Tomé de Sousa

Tomé de Sousa (1503-1579) foi um militar e administrador colonial português. Fidalgo da Casa Real, foi o primeiro governador-geral do Brasil. No dia 29 de março desembarcou na Bahia de Todos os Santos e ali fundou a cidade de Salvador, a primeira capital do Brasil. Governou entre 1549 e 1553.

Com uma administração eficiente Tomé de Sousa tornou o Brasil uma colônia próspera com as capitanias defendidas de índios rebelados e protegidas de  piratas estrangeiros.

Tomé de Sousa nasceu em Rates, Pávoa de Varzin, Portugal, provavelmente em 1503. Filho do prior de Rates, João de Sousa e de Mércia Rodrigues de Faria, era neto do fidalgo Pedro de Sousa de Seabra, do Minho. Era primo de Martim Afonso de Sousa, de Pero Lopes de Sousa e do Conde de Castanheira, o conselheiro do rei.

Carreira militar

Para ingressar na vida pública, Tomé de Sousa tornou-se soldado. Em 1527, em Marrocos, em lutas contra os mouros, se destacou pela bravura e foi citado como herói. Em 1535 serviu em Cochim, na Índia, e se destacou como capitão de uma nau da armada.

Servindo a Corte como soldado e administrador, foi aos poucos se aproximando da nobreza. Em 1537, Tomé de Sousa foi  elevado a fidalgo da Casa Real.

A partir daí, com fortuna e fidalguia, obtve a comenda de Rates. Em 1538 casou-se com Dona Maria da Costa e logo nasceu sua filha Helena.

Primeiro Governador Geral do Brasil

Em 1534, com o objetivo de colonizar o Brasil e garantir a posse das terras, o rei de Portugal Dom João III resolveu dividir o Brasil em 15 capitanias hereditárias - sistema já empregado com êxito na Madeira e Açores.

As únicas capitanias que prosperaram foram a de São Vicente, doada a Martim Afonso de Sousa e a de Pernambuco doada a Duarte Coelho, pela sua excelente administração e pela riqueza dos engenhos de açúcar.  

Em 1548, visando centralizar e coordenar melhor a colonização, o rei criou o sistema de Governo Geral e entregou a Tomé de Sousa um conjunto de leis – o Regimento de 1548 – que determinava as funções administrativa, judicial, militar e tributária do governador.

Para um mandato de três anos, Tomé de Sousa saiu de Portugal no dia 1 de fevereiro de 1549 em uma armada com seis embarcações, com mais de mil pessoas, trazendo um provedor-geral, um ouvidor-mor, escrivão, tesoureiro, engenheiro e mestre de obras, um médico e um farmacêutico.

A armada conduzia também navios de comboio que traziam 600 degredados, muitos colonos e seis jesuítas chefiados pelo padre Manuel da Nóbrega.

No dia 29 de março de 1549, a armada chegou ao Brasil. O desembarque se deu na Vila do Pereira, na capitania da Bahia de Todos os Santos, escolhida porque se situava entre as capitanias do Norte e as do Sul, conforme ordens do regimento, que passou a ser a sede do governo.

tomé de sousa
Gravura da chegada de Tomé de Sousa à Bahia - Bib. Mun. de São Paulo

Cinquenta colonos, entre portugueses e mamelucos (filhos de portugueses e índios) estavam na praia esperando a grande comitiva. Entre eles, estava o luso Diogo Álvares, o Caramuru, único sobrevivente de um naufrágio, e encarregado e prepara a pequena vila para receber o primeiro Governador Geral do Brasil.

Construção da nova capital

A primeira providência de Tomé de Sousa foi escolher o local para a construção na nova capital. Velejou um pouco mais e aportou próximo ao planalto, local que chamou Ribeira das Naus (onde hoje está a Escola de Aprendizes da Marinha, ao lado do Mercado Modelo).

O trabalho de construção obedecia a uma planta elaborada em Lisboa. No dia 1 de novembro Tomé de Sousa declarou que estava oficialmente instalada a cidade do Salvador e prestou o juramento como governador do Brasil.

Tomé de Sousa, além de construir a capital da colônia, tinha que proporcionar riqueza para a metrópole, sobre a forma de ouro ou mercadorias de valor. Em 1550 chegou ao Brasil a caravela Galga, trazendo gado e voltou para Portugal carregada de madeira.

Além do gado, a cana de açúcar ia se expandindo, no início só para consumo interno, depois para exportação. O governador cedia terras para os colonos cultivarem, no prazo de dois anos se não produzissem, a terra seria passada para outro colono.

Em 1552, Tomé de Sousa empreendeu uma viagem através das capitanias, inspecionando sua administração, distribuindo armamentos e resolvendo problemas mais urgentes.

Capitania de Pernambuco

A capitania de Pernambuco era a que mais prosperava. O donatário Duarte Coelho tratou logo de fazer ver ao rei que na sua propriedade não havia motivos para interferência do governador geral.

Pacificando os índios e mantendo corsários e piratas fora de seus limites a capitania de Pernambuco mantinha-se próspera, produzindo e enviando açúcar para Lisboa. Assim, Duarte Coelho manteve sua autossuficiência até o fim.

Durante seu governo, Tomé de Sousa concedeu autorização para adentrarem no sertão em busca de ouro, mas as pedras encontradas tinham pouco valor. As expedições voltavam com milhares de índios presos, para serem vendidos como escravos.

O mandato de Tomé de Sousa estava chegando ao fim, mas ele teve que aguardar até 1553, para a chegada de seu substituto. O novo governador era Duarte da Costa, que foi recebido por Tomé de Sousa, e no mesmo navio que desembarcou o novo governador, Tomé de Sousa voltou para Portugal.

Volta ao reino

Tomé de Sousa chegou ao Reino e encontrou sua filha já casada com Diogo Lopes de Lima. Recomeçou a vida de fidalgo e usufruiu do prestígio e da fortuna que havia conseguido.

Foi nomeado para o alto posto de "vedor d'el-rei", com a função de fiscalizar os empreendimentos da Casa Real. Iniciou sua tarefa ainda no reinado de Dom João III, mas sua nomeação só foi confirmada em 22 de outubro de 1557 pelo novo rei Dom Sebastião.

Tomé de Sousa viveu ainda vinte anos desempenhando funções públicas, e nesse posto sobrevive ao rei Dom Sebastião, desaparecido na batalha do Alcácer-Quibir, no Marrocos.

Tomé de Sousa faleceu em Lisboa, Portugal, no dia 28 de janeiro de 1579. Seu corpo foi enterrado junto à sua mulher, no Mosteiro de Santo Antônio de Castanheira, em Lisboa.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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