Mem de Sá

Governador Geral do Brasil
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Mem de Sá

Mem de Sá (1498-1572) foi o terceiro governador geral do Brasil. Em sua administração, os franceses foram expulsos da Guanabara, foi fundada a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro e foram formadas as primeiras missões com objetivo de catequizar os índios.

Foi também, assinada pela Regente D. Catarina, viúva de D. João III, a Carta Régia de 29 de março de 1559, autorizando os senhores de engenho a mandarem vir da África até 120 escravos para cada propriedade.

Mem de Sá (1498-1572) nasceu em Coimbra, Portugal, provavelmente em 1498. Formado em Direito, foi desembargador, corregedor e nas horas vagas fazia versos. Era irmão do poeta Sá de Miranda.

Governador Geral do Brasil

Em 1556, D. João III o nomeia governador geral do Brasil. Até então o que o ligava a colônia portuguesa, era uma sesmaria na Capitania de Ilhéus, que lhe fora doada em 1537, mas que ele jamais visitara.

No dia 10 de novembro de 1556, no Brasil, o comandante francês, Villegagnon desembarcava onde seria o Rio de Janeiro, com seiscentos homens. Conquistaram os índios e construíram o forte Coligny. Projetaram a fundação da França Antártica. Duarte da Costa, o segundo governador geral, não conseguira evitar essa invasão.

No dia 28 de dezembro de 1557 Mem de Sá chegou à Bahia, então sede do governo-geral. Assumindo o governo em 3 de janeiro de 1558. Dedica-se a promover a harmonia na colônia e conseguir que os índios deixassem de lutar entre si ou contra os portugueses.

Combater a antropofagia era também um problema difícil. Com a ajuda dos padres Manuel da Nóbrega e José de Anchieta cuidou de submeter os índios que em várias áreas litorâneas ainda resistiam às imposições dos conquistadores.

Ainda em 1558, numa primeira viagem de socorro às capitanias do sul, a pedido do donatário Vasco Fernandes Coutinho, Mem de Sá organizou uma expedição e atacou os franceses que estavam estabelecidos no Espírito Santo. Em uma luta, morre seu filho Fernão de Sá.

O apaziguamento dos índios foi resolvido em boa parte com o auxilio dos Jesuítas e com a formação das missões, que chegaram a abrigar 5 mil pessoas.

Ao mesmo tempo, que os índios aprendiam os costumes cristãos, os padres conheciam a língua e os hábitos indígenas. A Companhia de Jesus passa a receber subvenção oficial.

Em 29 de março de 1559, é assinada pela Regente D. Catarina, viúva de D. João III, a Carta Régia, permitindo a importação de 120 escravos africanos, para cada senhor de engenho, permitindo criar uma agricultura de exportação. No fim do século o Brasil dominava o mercado mundial do açúcar.

Expulsão dos franceses

Ainda em 1559 chega à Bahia uma esquadra comandada por Bartolomeu Vasconcelos. Com ela, Mem de Sá organiza uma expedição contra os franceses do Rio de Janeiro.

Em 1560 as forças de Mem de Sá atacam e destroem a fortificação dos franceses, porém estes ainda permanecem na Guanabara, fugindo para o interior.

mem de sá
Ruinas da Fortaleza de Villegagnon (Victor Meireles, Museu Nacional do Rio de Janeiro)

Em 1563, Estácio de Sá, sobrinho do governador geral, chega à Bahia, trazendo reforços de Portugal, para um novo ataque aos franceses. Mem de Sá junta à expedição do sobrinho mais sete navios e reúne homens armados e colonizadores para expulsar os franceses e fundar a nova cidade.

Finalmente, reúnem-se dentro da baía do Rio de Janeiro, no ponto onde hoje é a praia vermelha. No dia 1 de março de 1565, Estácio de Sá inicia a construção da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro e começa uma campanha contra os franceses.

Entre 1565 e 1567 travam-se violentas batalhas contra os franceses da Guanabara. Ferido na batalha decisiva que expulsou os franceses, Estácio de Sá morre no dia 20 de janeiro de 1567.

Últimos anos

Em 1568, Mem de Sá volta à Bahia. Velho, cansado e sozinho, desejava voltar para Portugal e escreve ao rei:

“Peço a Vossa Alteza que em paga de meus serviços me mande ir para o Reino, e mande vir outro governador, porque afianço a V. Alteza que não sou para essa terra”.

Mem de Sá passou o fim da vida na esperança de ver chegar o navio que traria seu sucessor, mas Dom Sebastião, que subira ao trono em 1568 com catorze anos, não dava importância ao pedido do governador-geral.

Em 1569 Mem de Sá fez seu testamento:

“Se eu morrer no Brasil, quero ser sepultado no Mosteiro de Jesus da cidade de Salvador, sob uma pedra de seis palmos de largura e oito de comprimento, com uma inscrição que diga que sob ele eu estou sepultado”.

Em 1570, o rei nomeia o novo governador-geral, Luís de Vasconcelos, mas o navio em que viajava naufraga e Mem de Sá continua esperando o navio com as velas com a cruz de Cristo, que lhe traria o sucessor e a volta à sua pátria.

Mem de Sá faleceu em Salvador, Bahia, no dia 12 de março de 1572.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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