Menotti Del Picchia

Escritor brasileiro
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Menotti Del Picchia

Menotti Del Picchia (1892-1988) foi um poeta, romancista, ensaísta, cronista, jornalista, advogado e político brasileiro. Foi ativista do Modernismo, mas sua obra mais marcante é o poema “Juca Mulato”, em que a temática é o caboclo, o maior traço do Pré-Modernismo.

Paulo Menotti Del Picchia nasceu na cidade de São Paulo, no dia 20 de março de 1892. Era filho do jornalista Luigi Del Picchia e de Corina Del Corso, imigrantes italianos. Com cinco anos de idade mudou-se com a família para a cidade de Itapira. Iniciou seus estudos em Campinas, São Paulo e em seguida estudou no Ginásio Diocesano São José, em Pouso Alegre, Minas Gerais.

De volta a São Paulo, em 1909 ingressou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Em 1913 concluiu o curso de Direito e publicou seu primeiro livro “Poemas do Vício e da Virtude”. No ano seguinte voltou para Itapira, onde trabalhou como advogado e dirigiu os jornais, Diário de Itapira e O Grito!

Juca Mulato

Em 1917, dois anos antes da Semana de Arte Moderna, várias estreias poéticas são registradas no Rio e em São Paulo. Vários escritores, futuros modernistas, publicam obras com algumas inovações de linguagem.

Menotti Del Picchia, publicou o longo poema “Juca Mulato” (1917), no qual retrata uma temática nacionalista através da figura pacata e resignada do caboclo. A obra levou o autor ao reconhecimento nacional.

Juca Mulato, de natureza simples e solitária “caboclo do mato” se apaixona pela filha da patroa, busca ajuda do feiticeiro Roque para que lhe cure o mal do amor. Roque lhe recomenda o esquecimento. Juca Mulato programa deixar a terra natal, porém, pensa e resolve ficar. Veja o final do poema Juca Mulato:

"E o mulato parou.
Do alto daquela serra,
cismando, o seu olhar era vago e tristonho:
Se minha alma surgiu para a glória do sonho,
o meu braço nasceu para a faina da terra”

Reviu o cafezal, as plantas alinhadas,
todo o heroico labor que se agita na empreita,
palpitou na esperança imensa das floradas
pressentiu a fartura enorme da colheita…

Consolou-se depois: “O Senhor jamais erra…
Vai! Esquece a emoção que na alma tumultua.
Juca Mulato! Volta outra vez para a terra.
Procura o teu amor numa alma irmã da tua.

Esquece calmo e forte. O destino que impera
um recíproco amor às almas todas deu.
Em vez de desejar o olhar que te exaspera.,
que há por certo um olhar que espera pelo teu…”

Modernismo

Menotti Del Picchia foi um dos articuladores, ativistas e colaboradores da Semana de Arte Moderna, que ocorreu em São Paulo, entre 13 e 18 de fevereiro de 1922. Redator do Correio Paulistano, pôs a sua coluna à disposição dos interesses revolucionários de 22.

O autor abriu a segunda noite a mais importante e a mais tumultuada da Semana, com uma conferência em que era negada a filiação do grupo modernista ao futurismo do poeta Marinetti, mas defendia a integração da poesia com os tempos modernos, a liberdade de criação e, ao mesmo tempo a criação de uma arte genuinamente brasileira.

Em 1924, Menotti criou, junto com Cassiano Ricardo, Plínio Salgado e Guilherme de Almeida, o "Movimento Verde e Amarelo", como reação ao tipo de nacionalismo defendido por Oswald de Andrade.

Em 1933, convidado por Assis Chateaubriand, assumiu a direção do jornal Diário da Noite.

Cargos públicos

Em 1938 foi indicado pelo governador Ademar de Barros, para a direção do Serviço de Publicidade e Propaganda do Estado de São Paulo. Em 1942, passou a dirigir o jornal A Noite. Em 1943, foi nomeado para a cadeira n.º 28 da Academia Brasileira de Letras.

Entre os anos de 1926 e 1962, Menotti ocupou os cargos de deputado estadual em duas legislaturas e federal em três legislaturas, ambos pelo Estado de São Paulo. Em 1960 recebeu o Prêmio Jabuti de Poesia. Em 1968 foi agraciado com o título de Intelectual do Ano. Em 1987, foi inaugurada em Itapira, a Casa Menotti Del Picchia, para preservação do seu acervo.

Vida Pessoal

Menotti Del Picchia casou-se em 1912 com Francisca Avelina da Cunha Salles, com quem teve sete filhos. Conviveu com ela até 1930.

Em 1934 foi morar com a pianista Antonieta Rudge, que tinha se separado do poeta Menotti Del Picchia. Em 1967 sua primeira esposa faleceu e ele se casou com Antonieta, que era sete anos mais velha que ele. O casal viveu junto durante 34 anos.

Menotti Del Picchia faleceu em São Paulo, no dia 23 de agosto de 1988.

Obras de Menotti Del Picchia

  • Do Vício e da Virtude (1913)
  • Moisés (1917)
  • Juca Mulato (1917)
  • Angústia de D. João (1922)
  • Chuva de Pedra (1925)
  • O Amor de Dulcineia (1926)
  • República dos Estados Unidos do Brasil (1928)
  • A República 3000 (1930)
  • Salomé (1930)
  • Kalum o Sargento (1936)
  • Kammunká (1938)
  • Dente de Ouro (1946)
  • Deus Sem Rosto (1967)
Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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