D. Manuel I, o Venturoso

Rei de Portugal
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de D. Manuel I, o Venturoso

D. Manuel I, o Venturoso (1469-1521) foi rei de Portugal e dos Algarves entre os anos de 1495 e 1521, um período de grandes navegações e descobertas com a chegada à Índia e ao Brasil.

D. Manuel, conhecido como o Venturoso, nasceu em Alcochete, Portugal, no dia 31 de maio de 1469. Filho de D. Fernando, duque de Beja, e de D. Beatriz, era neto do rei D. Duarte I que reinou entre 1433 e 1438.

No dia 25 de outubro de 1495, D. Manuel tornou-se o quinto rei da dinastia de Avis e o décimo quarto rei de Portugal, sucedendo o rei D. João II, que após a morte de seu filho D. Afonso, nomeou em seu testamento o seu sucessor D. Manuel, irmão da rainha, sua esposa, D. Leonor de Lencastre.

Grandes navegações

No reinado de D. Manuel I, que se estendeu por mais de 25 anos, realizaram-se as mais importantes viagens que consolidaram as grandes navegações portuguesas iniciadas no começo do século XV.

O contato direto com o Oriente era um grande sonho de monarcas e comerciantes portugueses, uma vez que o país já comercializava um grande número de produtos, como cravo, pimenta, noz-moscada, marfim, tecidos e pedras preciosas.

Os produtos comercializados vinham da Índia, através do Mediterrâneo, por intermédio de comerciantes italianos e mercadores árabes o que elevava enormemente o preço dos produtos.

Em 1497, no reinado de D. Manuel I, Vasco da Gama partiu de Lisboa para a grande aventura da descoberta do caminho marítimo para a Índia, contornando a África. Dois anos depois, a frota retornava carregada de especiarias.

Para consolidar o domínio português no Oriente, D. Manuel enviava todos os anos uma armada à Índia, e para poder impor a presença portuguesa, mandou D. Francisco de Almeida para a Índia, como vice-rei, tentando manter o monopólio da navegação e do Comércio português naquela região.

D. Manuel
Grandes navegações

No reinado de D. Manuel, várias outras importantes viagens foram realizadas, entre elas a de João Fernandes Labrador, que chegou à península canadense que recebeu seu nome, a de Gaspar Corte Real, que descobriu a Groenlândia, e a de Pedro Álvares Cabral, que descobriu o Brasil.

Administração de D. Manuel I

Aproveitando a riqueza do reino, D. Manuel I deixou marcas na justiça de Portugal ao ordenar a revisão das leis do reino, numa compilação que ficou conhecida como “Ordenações Manuelinas”. A sua difusão foi acelerada pelo uso da imprensa que chegou a Portugal em 1487. Caso os juízes não as aplicassem eram multados.

D. Manuel I fez o levantamento sobre a  prestação de cuidados em todo o país. De acordo com essa contabilidade, existiam no reino cerca de quinhentas instituições de assistência, entre as quais duzentos hospitais, com um total de dois mil e quinhentos leitos.

D. Manuel deixou uma marca negra em seu reinado: a perseguição feita aos judeus e muçulmanos em Portugal, principalmente entre os anos de 1496 a1498. Tomou essa política para agradar aos Reis Católicos, cumprindo também uma das cláusulas de seu contrato de casamento com a herdeira da Espanha, Isabel de Aragão.

Na cultura, o rei procedeu a reforma dos "Estudos Gerais", criando novos planos educativos e bolsas de estudos. Na sua corte cultivou-se a poesia do Cancioneiro Geral, publicado por Garcia de Resende em 1516, e o gênio teatral de  Gil Vicente, na atmosfera em que se plantaram as sementes do Renascimento português.

D. Manuel tornou-se um rei absoluto, reunindo apenas três vezes as Cortes, durante o seu reinado, e sempre no Paço de Lisboa.

Estilo Manuelino

D. Manuel admirava as artes e a música e era bastante religioso, por isso investiu boa parte da fortuna do país na construção de igrejas e mosteiros, bem como no patrocínio da evangelização das novas colônias através de missionários católicos.

Desenvolveu-se em seu reinado um estilo artístico inspirado nas viagens marítimas e nos símbolos da Coroa, que ficou conhecido como "Manuelino". Entre suas obras destacam-se: a "Torre de Belém"  e o Mosteiro de Santa Maria de Belém, hoje conhecido como  "Mosteiro dos Jerônimos".

D. Manuel I
Mosteiro dos Jerônimos, Lisboa, Portugal

Casamentos

Em 1497, D. Manuel casou-se com D. Isabel de Castela, viúva do príncipe herdeiro D. Afonso, filho de D. João II e sobrinho de D. Manuel. Filha dos reis católicos, Fernando II de Aragão e Isabel de Castela, D. Manuel via no casamento uma forma de algum dia reunir as Coroas de Castela, de Aragão e de Portugal numa só.

Em 28 de agosto de 1498, D. Isabel morreu de parto, em Saragoça, ficando seu filho D. Miguel com os reis católicos, porém, em 1500, Miguel morreu, cabendo a sucessão das coroas vizinhas para Joana, a filha dos reis católicos, casada com Filipe, o Belo. Ficou para a história o massacre de Lisboa de 1506, quando uma multidão torturou e matou centenas de pessoas, acusadas de serem judias.

Viúvo, D. Manuel casou-se com a cunhada D. Maria de Castela, irmã de D. Isabel, em 30 de outubro de 1500.Com ela, teve a maior parte de seus filhos, incluindo seis homens, entre eles D. João III, futuro rei de Portugal. D. Maria morreu em 1517 de causas naturais.

Novamente viúvo, em 1519, D. Manuel realizou o mais controverso de seus três casamentos, desta vez, em segredo, casou-se com D. Leonor da Áustria, filha de Filipe, o Belo (Filipe I de Castela), e de Joana de Castela. D. Leonor tinha vinte anos quando se casou, mas o matrimônio durou apenas três anos, pois D. Manuel ficou doente e faleceu. Desse casamente sobreviveu a infanta D. Maria.

D. Manuel I faleceu em Lisboa, no Paço da Ribeira, no dia 13 de dezembro de 1521. Seu corpo foi sepultado no Mosteiro dos Jerônimos. Foi sucedido por seu filho Dom João III. 

Curiosidade:

D. Manuel I, o Venturoso exibia os seus feitos em cortejos de luxo e exuberância. Em um desses cortejos, um dos mais exóticos da história de Lisboa, ia à frente um rinoceronte, seguido de cinco elefantes e, por fim um cavalo persa com um cavaleiro e uma onça.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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