D. Afonso V de Portugal
Biografia de D. Afonso V de Portugal
Afonso V de Portugal (1432-1481) foi o 12.º rei de Portugal. Seu reinado ficou marcado pela conquista de Alcácer Ceguer, Arzila e Tânger, recebendo o apelido de O Africano.
Afonso V nasceu em Sintra, Portugal, no dia 15 de janeiro de 1432. Era filho de D. Duarte I e de D. Leonor de Aragão, filha de Fernando I de Aragão e de Leonor Urraca de Castela.
Com a morte de seu pai, em 9 de setembro de 1438, D. Afonso foi jurado e aclamado rei de Portugal, com apenas seis anos de idade. Como era menor, as cortes de Lisboa entregaram a regência a sua mãe conforme o desejo de D. Duarte, expresso em testamento.
Mas, como a regência não se revelou pacífica, em 1439, muitos portugueses preferiram ver como regente o seu tio Pedro, duque de Coimbra, filho do rei João I e de Filipa de Lencastre. Assim, D. Leonor partiu para o exílio em Castela, deixando Afonso, com oito anos, entregue aos cuidados do tio.
Em 1446, quando completou 14 anos, D. Afonso subiu ao trono e passou a governar contando com a ajuda de D. Pedro. Dois anos depois, afastou o tio ao ouvir rumores de que este tentara assassiná-lo, e que também tentara contra a vida de sua mãe.
Conquistas na África
Inspirado pelo espírito guerreiro e ambicioso pelas riquezas africanas, D. Afonso decidiu combater os mouros, espalhando a fé cristã pelas terras mais próximas. Em 1458 conquistou Alcácer Ceguer. Atacou e conquistou, para orgulho nacional, Tânger, em 1460, 1462 e 1464. Em 1471 tomou Arzila e Larache. Se intitulou rei de Portugal e dos Algarves de aquém e além mar em África.
Ordenações Afonsinas
Foi no reinado de Afonso V que foram estabelecidas as Ordenações Afonsinas, uma coletânea de leis dedicadas aos costumes, nomeadamente ao adultério abundante e gerador de conflitos sociais graves. Por exemplo, não permitia que os funcionários reais levassem as amantes para a corte, sob pena de perderem as graças monetárias do rei.
Os crimes contra o patrimônio eram também fortemente punidos. Um homem condenado por furto tinha que devolver nove vezes o valor dos bens furtados, dos quais duas partes eram destinados à vítima e oito para o rei. A repetição da infração no mesmo ano era punida com a morte.
Casamentos e filhos
D. Afonso viveu desde a infância um caso de amor com sua prima Isabel de Lencastre, junto com quem foi criado na corte do regente e infante D. Pedro.
No dia 6 de maio de 1447, D. Afonso casou-se com D. Isabel de Lencastre, também chamada de Isabel de Avis. O casal teve três filhos:
- D. João (1451-1451) falecido pouco depois de nascer
- D. Joana (1452-1490) Santa Joana Princesa Santa que acabou por abraçar a vida religiosa
- D. João (1455-1495) futuro João II, Rei de Portugal
D. Afonso envolveu-se em uma luta política com o tio, fruto das intrigas criadas pelo duque de Bragança, pelo conde de Ourém e pelo arcebispo de Lisboa, o que veio a culminar com a batalha de Alfarrobeira, em 1449.
A luta foi breve e resultou na morte de D. Pedro que foi varado por uma lança. Tal era o ódio, que o cadáver de D. Pedro passou o dia inteiro no campo de batalha e só foi recolhido três dias depois.
Tentaram convencer D. Afonso do adultério de D. Isabel, acusando-a de se deitar com o camareiro-mor do rei, D. Álvaro de Castro, conde de Monsanto. O rei reconheceu publicamente a fidelidade da esposa, mas admite-se que tenha pensado em anular o casamento.
Foi nesse ambiente de intrigas e traições que D. Isabel, jovem e apaixonada, acabou por falecer, em Évora, no dia 2 de dezembro de 1455, com apenas vinte e três anos.
Portugal e Castela
Viúvo e ambicionando o reino vizinho, D. Afonso V casou-se, por procuração, em Palência, em 30 de maio de 1475, com sua sobrinha Joana de Castela, filha de Henrique IV e da infanta D. Joana de Portugal.
A princesa foi vítima de intrigas desde que nasceu. Em Castela, ela era conhecida como Beltraneja, porque todos diziam que ela era filha do fidalgo espanhol D. Beltrán de La Cueva, amante de sua mãe, Joana de Portugal.
Dizia-se que, D. Henrique IV sabia que Joana era filha do adultério, mas, apesar disso, a princesa fora jurada como herdeira da Coroa de Castela. Teria o rei pedido ao seu cunhado D. Afonso V que a desposasse e lhe defendesse os direitos.
Joana tinha 13 anos, mas o matrimônio não chegou a ser consumado, porque o papa não deu a dispensa de parentesco.
No dia 1 de março de 1476, os exércitos português e castelhano encontraram-se na planície de Toro, onde se defrontaram, tendo o exército português saído derrotado.
Vencido pelas armas, D. Afonso V dirigiu-se para a França, estreitando aliança com Luís XI, para que ele intervisse em seu favor, mas não obteve êxito.
Perdendo todas as esperanças de poder prosseguir na luta, tratou de fazer as pazes assinando um contrato em Alcântara em 1478, ficando sacrificada a princesa Joana, abandonada pelo marido, perdendo até o título de rainha.
Joana preferiu recolher-se ao Convento de Santa Clara, em Santarém, e aos dezoito anos encerrou-se nos claustros. No reinado de João II, Joana saiu do convento e residiu no Paço da Alcáçova, do Castelo, em Lisboa. Ainda atravessou os reinados de D. Manuel I e parte do de D. João III. Faleceu com sessenta e oito anos, em 1530.
Morte
Foi sem glória que, em 1481, D. Afonso V terminou o seu reinado ao fim de quarenta e três anos, vítima de suas ambições desmedidas. Abdica para seu filho João, futuro D. João II.
D. Afonso faleceu em Sintra, Portugal, no dia 28 de agosto de 1481, antes que as cortes portuguesas pudessem ratificar sua abdicação.
Foi sepultado no Mosteiro da Batalha, junto de sua esposa Isabel. Mais tarde, seus restos mortais, junto com os da sua esposa, foram transferidos para um túmulo construído na Capela do Fundador.
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