Pedro I de Portugal
Biografia de Pedro I de Portugal
Pedro I de Portugal (1320-1367) foi o oitavo rei de Portugal. Governou apenas dez anos, de 1357 a 1367, o que fez do seu reinado o mais curto da Dinastia de Avis, a primeira dinastia de Portugal.
Recebeu o cognome de o Justiceiro por cumprir as promessas que tinha proposto enquanto rei e que entraram na história de Portugal: desenterrou o corpo de D. Inês de Castro, coroando-a rainha de Portugal, e mandou matar os seus carrascos arrancando-lhes os corações.
D. Pedro I nasceu em Coimbra, Portugal, no dia 8 de abril de 1320. Era filho de D. Afonso IV e de D. Beatriz de Castela. Era um jovem alegre, amante de danças e de música. Gostava de cavalgar e passava longas temporadas de caça. Conta-se que era gago.
Casamento e filhos
Em 1336, D. Pedro casou-se, por procuração, no convento de São Francisco, em Évora, com "D. Constança Manuel de Castela", filha de D. João Manuel, príncipe de Vilhena, duque de Penafiel, e de D. Constança, infanta de Aragão, filha do rei D. Jaime II.
Em 1340, D. Constança chegou em Portugal. Em sua companhia vieram parentes, criados e pajens, entre elas, a ama de companhia, Inês de Castro, que não passou despercebida por D. Pedro. O casamento foi realizado na Sé de Lisboa, no dia 24 de agosto de 1940. O casal teve três filhos:
- D. Maria (1342-1377) infanta de Portugal,
- D. Luís (1344),
- Fernando I (1345-1383) rei de Portugal entre 1367 e 1383.
Dom Pedro I e Inês de Castro
A relação amorosa entre o infante D. Pedro e Inês de Castro, dama de Castela, começou quando a jovem foi para Portugal acompanhando D. Constança quando esta foi casar-se com o príncipe D. Pedro I.
A paixão começou ainda em vida de D. Constança, embora só depois de o príncipe enviuvar, em 1349, o herdeiro e a dama de Castela teriam iniciado uma vida em comum fazendo maridança, segundo a expressão do cronista Fernão Lopes, na Crônica de D. Pedro.
Dessa relação nasceram quatro filhos:
- D. Afonso (1346, que morreu criança),
- D. Beatriz (1347-1381) casou com Sancho de Castela, conde de Albuquerque,
- D. João (1349-1397),
- D. Dinis (1354-1403).
Outra relação que se conhece é com "D. Teresa de Lourenço", com quem teve um filho, "João", nascido em 1357 e que mais tarde, em 1385, se tornou rei de Portugal, e reinou por 48 anos, até sua morte, m 1433.
O assassinato de Inês de Castro
O final do reinado de Afonso IV foi marcado por um conflito entre ele e seu filho Pedro, herdeiro do trono. A guerra teve início em 1355, com o assassinato de Inês de Castro, ocorrido em 7 de janeiro desse ano.
Esse episódio estava compreendido no contexto político da época e, nomeadamente, nas relações de Portugal com Castela. As duas monarquias alternavam períodos de aproximação com períodos de guerra aberta.
Inês era filha bastarda de Pedro Fernandes de Castro, um dos mais importantes nobres da corte de Afonso XI de Castela. A família Castro formava uma importante linhagem aristocrática que ocupava posições de relevo na política castelhana.
Em 1351, D. Pedro teria solicitado ao papa que lhe concedesse dispensa para poder casar com Inês de Castro, uma vez que eram primos em segundo grau, parentesco que impedia o casamento, à luza do Direito Canônico da época.
Poderá ter sido esse pedido a preocupar Afonso IV e os setores da nobreza cortesã mais próximos do monarca, receosos da interferência dos Castros na política portuguesa, pois temiam que a ligação pudesse afastar o sucessor legal ao trono, D. Fernando.
Mais do que amante ou a mulher do príncipe e futuro rei, Inês era uma Castro e a personagem decisiva no processo de crescente influência política dos da sua linhagem em Portugal.
Os conselheiros da corte diziam a D. Afonso IV que havia um grande perigo para a Coroa e para o futuro próximo do país se D. Inês viesse a ser rainha de Portugal. Finalmente, D. Afonso entregou a sorte da amante de D. Pedro nas mãos dos que a queriam vê-la morta.
No dia 7 de janeiro de 1355, apesar das súplicas e promessa de que ia embora do país, o assassinato de Inês acabou se concretizando. Entre os executores da dama estavam Diogo Lopes, filho de Lopo Fernandes Pacheco, a mais proeminente figura da nobreza da corte de Afonso IV, Álvaro Gonçalves, meirinho-mor do rei, e Pêro Coelho, também um nobre muito próximo do monarca.
Reinado de D. Pedro I de Portugal
Após a morte de D. Afonso IV em 28 de maio de 1357, D. Pedro foi aclamado rei. Sua primeira preocupação foi capturar os assassinos e se vingar cruelmente dos executores de Inês de Castro, mandando arrancar-lhes os corações. Diogo Lopes foi o único que não foi capturado.
Para fazer a homenagem merecida a D. Inês teria feito desenterrar o corpo de da amada coroando-a rainha de Portugal. Ordenou a transladação dos restos mortais de Coimbra para o túmulo de Alcobaça.
O reinado de D. Pedro I atravessou uma crise de longa duração, a fome e os surtos de peste negra se prolongaram e afetaram Portugal. As medidas definidas pela Coroa para a agricultura, só resolviam uma parte da conjuntura depressiva.
Na área da justiça e da administração do reino, a ação de D. Pedro deu continuidade às ações que visavam melhorar o funcionamento dos tribunais. A sua intensa e variada produção legislativa constituía uma parte relevante da função do monarca e da própria edificação institucional do reino.
Uma das leis mais curiosas foi a proibição do exercício da advocacia. Conhecidos por emprestarem a voz aos que não sabiam se explicar diante do juiz. Achando D. Pedro que isso era prolongar os feitos com maliciosas demandas, condenou com pena de morte a prática da advocacia.
Não há notícias de que tenha havido inquisições durante o reinado, e até concedeu importantes doações a alguns nobres que lhe eram mais próximos.
Quanto ao clero, desavenças eram constantes e ocorreram várias sentenças régias contra bispos, mosteiros ou a Ordem do Hospital, de tal modo que os representantes do clero se queixaram de forma veemente nas Cortes de Elvas de 1361, protestando contra as violências por parte dos oficiais régios.
A medida mais severa frente à Igreja, foi a promulgação do Beneplácito Régio, pelo qual as cartas pontifícias chegadas ao reino não podiam ser divulgadas sem a autorização do monarca, no que constituía uma clara sobreposição do poder do rei relativamente às prerrogativas do clero.
D. Pedro I reinou durante dez anos e, apesar de ter uma personalidade gentil, entrou para a história com os cognomes de: o Justiceiro, o Vingativo e o Cruel, referindo-se à vingança aos assassinos de D. Inês de Castro.
Pedro I de Portugal faleceu em Estremoz, Portugal, no dia 18 de janeiro de 1367. Foi sepultado no Mosteiro de Alcobaça, no túmulo localizado em frente do túmulo de D. Inês. Foi sucedido por seu irmão Fernando I.
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