Afonso IV de Portugal - o Bravo

Sétimo rei de Portugal
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Afonso IV de Portugal - o Bravo

Afonso IV de Portugal - o Bravo (1291-1357) foi o sétimo rei de Portugal. Seu reinado se estendeu por 32 anos, de 1325 a 1357. Foi o protagonista do crime mais cruel da História de Portugal: o assassinato de D. Inês de Castro, levando seu filho, D. Pedro, futuro rei, a clamar vingança.

Recebeu o cognome de “o Bravo” pelo modo como enfrentou duas guerras seguidas. A primeira contra Castela e a segunda como seu aliado no combate ao rei de Marrocos na batalha de Salado.

Afonso IV nasceu em Lisboa, Portugal, no dia 8 de fevereiro de 1291. Era filho do rei Dom Dinis e de sua esposa Isabel de Aragão. Afonso era o segundo filho legítimo do rei. Sua irmã Constança, nascida um ano antes, posteriormente casou-se com o rei de Castela, Fernando IV.

Infância e inimizade em família

Apesar de ser o filho legítimo do rei Dom Dinis, D. Afonso não era o favorito do pai. O rei preferia o filho bastardo Afonso Sanches, nascido em 1289, que foi legitimado pelo rei e criado como nobre de sangue real, a quem o monarca concedia inúmeros privilégios, chegando a nomeá-lo mordomo-mor.

Acusando o seu meio-irmão de lhe querer tirar o direito à sucessão no trono, o Infante Afonso exigiu que Dom Dinis lhe entregasse o poder régio. Essa rivalidade entre os irmãos deu lugar a uma guerra civil que teve início em 1319.

Do lado do rei estavam as ordens militares, alguns nobres e os filhos bastardos. Do lado do futuro rei estavam sua mãe, alguns nobres, os filhos legítimos e os bispos de Porto e de Lisboa.

Após avanços e recuos, após sucessivas tréguas e reatamentos, a guerra civil só acabou em 26 de fevereiro de 1324, com a mediação da rainha D. Isabel. O filho ilegítimo foi obrigado a deixar o cargo de mordomo-mor, abandonar o reino e se exilar no reino de Castela.

Do outro lado da fronteira, Afonso Sanches orquestrou uma série de manobras políticas e militares com o fim de se tornar rei. Várias tentativas de invadir Portugal não tiveram êxito.

Casamento e filhos legítimos

Em 1309, D. Afonso casou-se com a infanta Beatriz de Castela, filha de D. Sancho, rei de Castela, que era filho de Afonso X, avô materno do rei Dom Dinis, assim os noivos eram primos.

Beatriz foi para Portugal com apenas quatro anos e ambos cresceram sabendo que iriam se casar. A união era dada como certa que no contrato de casamento registraram que mesmo que o papa não autorizasse, uma vez que eram primos, o casamento seria realizado.

D. Beatriz de Castela
D. Beatriz

D. Afonso e D. Beatriz    tiveram seis filhos, mas só três chegaram à vida adulta:

  • D. Maria de Portugal (1313-1357), rainha de Castela, casada com o rei Afonso XI de Castela.
  • D. Pedro de Portugal (1320-1367), rei D. Pedro I de Portugal.
  • D. Leonor de Portugal (1328-1348), rainha de Aragão, casada com o rei Pedro IV de Aragão.

Reinado de Afonso IV

Após a morte de D. Dinis em 7 de fevereiro de 1325, D. Afonso foi aclamado rei aos 34 anos. Sua primeira decisão foi se reunir com as cortes em Évora, que condenou Afonso Sanches como traidor e lhe foram retiradas todas as terras, títulos e feudos concedidos pelo pai.

Em seguida, moveu uma feroz perseguição ao outro irmão bastardo João Afonso, que ocupava o cargo de alferes-mor, que foi condenado e executado em 1326.

Dom Afonso IV ficou conhecido pelo cognome de Bravo, pelo modo como enfrentou duas guerras sucessivas. A primeira contra Castela motivada pelos maus tratos infligidos pelo rei D. Afonso XI de Castela contra a princesa Maria de Portugal, casados em 1328.

Em retaliação o rei de Portugal atacou as terras fronteiriças de Castela em uma guerra que durou quatro anos. A paz só chegou com a intervenção da princesa, e um tratado que foi assinado em Sevilha em 1339.

No ano seguinte, em outubro de 1340, surgiu um segundo conflito quando as tropas portuguesas foram solicitadas para ajudar as tropas de Castela a combater o exército do rei de Marrocos na batalha de Salado, da qual saíram vencedores os dois reinos.

No reinado de D. Afonso IV foram introduzidas diversas leis que visavam a centralização do poder nas mãos do rei. Foi criado os chamados Juízes de Fora, que foram substituindo progressivamente os juízes locais, e proibida a intromissão dos nobres nas causas jurídicas.

A ordenação da vida social passou também pelo enunciar do que era ou não permitido a cada classe social no que vestir, comer ou beber e os adornos que as mulheres podiam usar. Essas leis contrariaram os costumes antigos e interferiram na vida privada das pessoas.

Não bastasse o povo ter como monarca um homem de ideias conservadores, em 1347 ocorreu um sismo que abalou Coimbra, e no ano seguinte, surgiu um inimigo silencioso: a peste negra que assolou o país, vitimando grande parte da população. Para travar o caos social, criou o rei um conjunto de leis que limitava as heranças (das vítimas) e impôs o trabalho obrigatório a todos os saudáveis.

Intrigas políticas e a morte de Inês de Castro

O final no reinado de Afonso IV foi marcado por um conflito aberto com seu filho, o infante D. Pedro, herdeiro do trono. A guerra entre pai e filho teve origem nas relações de Portugal com Castela, devido à presença em solo português de refugiados da guerra civil entre D. Pedro I de Castela e seu meio-irmão D. Henrique.

Entre os exilados estavam vários nobres, que logo criaram sua própria facção dentro da Corte portuguesa. Quando o príncipe herdeiro assumiu a paixão por Inês de Castro, bisneta de Sancho IV de Castela e dama de companhia de sua esposa, Constança, vinda da Espanha, os nobres castelhanos passaram a gozar cada vez mais de privilégios.

A relação amorosa entre o infante D. Pedro e Inês de Castro começou ainda em vida de D. Constança, mas só depois de enviuvar, D. Pedro e D. Inês iniciaram uma vida em comum junto com os três filhos do casal.

Em 1351, D. Pedro solicitou ao papa que lhe concedesse dispensa para poder casar com D. Inês, uma vez que eram primos em segundo grau o que impedia o casamento, segundo o Direito Canônico da época, mas seu pedido foi recusado.

O rei D. Afonso IV e alguns setores da nobreza ficaram receosos da interferência dos Castros na política portuguesa, e em 1355, D. Afonso mandou assassinar D. Inês. Entre os executores estavam Diogo Lopes Pacheco, Álvaro Gonçalves e Pêro Coelho.

A guerra civil voltou a Portugal. Tomado de indignação, D. Pedro entrou em guerra contra o pai, tendo como aliados a família Castro, promoveram ataques ao Norte de Portugal, a partir da Galiza, chegando até a cidade do Porto.

A paz só chegou em 1357, quando o rei delegou, ainda em vida, grande parte do poder ao príncipe herdeiro, mas mesmo assim, foi revelada uma nobreza fortemente dividida entre o rei e o infante. D. Afonso morreu pouco tempo depois.

Afonso IV faleceu em Lisboa, no dia 28 de maio de 1357. Foi sepultado na capela-mor da Sé de Lisboa. Foi sucedido por seu filho legítimo D. Pedro I de Portugal, que posteriormente organizou sua vingança. (ver a biografia de Inês de Castro)

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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