Filipe II da Espanha

Rei espanhol
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Filipe II da Espanha

Filipe II da Espanha (1527-1598) foi rei da Espanha entre 1556 e 1598. Foi também rei de Portugal entre 1580 e 1598, como Flipe I, dando início à terceira Dinastia da Coroa Portuguesa, inaugurando um período de dominação castelhana.

Filipe II da Espanha nasceu em Valladolid, Espanha, no dia 21 de maio de 1527. Era filho de Carlos V, Imperador Habsburgo do Sacro Império Romano Germânico, e de Isabel de Portugal. Seu pai foi o responsável por sua formação e desde cedo o fez colaborar com as tarefas de governo. Filipe era profundo conhecedor de literatura e pintura.

O pai de Filipe II, Carlos V, era filho de Filipe I de Castela e neto de Maximiliano I da Áustria, portanto, Filipe II era bisneto de Maximiliano I da Áustria.

Filipe II
Filipe II da Espanha e Carlos V - Museu do Prado - Madri, Espanha

Reinado de Filipe II da Espanha

Em 16 de janeiro de1556, quando da abdicação do imperador Carlos V, Filipe II herdou o trono da Espanha e territórios por toda a Europa: grande parte da Itália (Nápoles, Ducado de Milão e Sicília), Franco-Condado e Artois, na França, Flandres e Países Baixos.

Fora da Europa herdou todo um império colonial: extensas regiões na América do Norte, mais da metade da América do Sul, e toda a América Central.

Durante seu reinada teve início o "Século de Ouro" da civilização espanhola. Filipe tinha um porte elegante e foi retratado por Ticiano.

Filipe II da Espanha
Filipe II da Espanha (Ticiano, Galeria Pitti, Florença)

A França, que via com temor o império dos Habsburgos estender-se ao seu redor, lutava desde 1520 contra as forças espanholas. Em 1557 foi finalmente derrotada por Filipe II, que incorporou a seus domínios também a região francesa de Saint-Quentin, e em 1558 a região de Gravelines. Em 1559 assinou com a França o tratado de Cateau-Cambrésis, uma reconciliação simbólica.

Para comemorar a vitória e louvar o poder e a força da Igreja Católica, em 1563, Filipe II ordenou a construção de um grandioso conjunto arquitetônico: o mosteiro de São Lourenço do Escorial, incrustado na serra de Guadarrama, a 40 km ao norte de Madri.

Filipe II
El Escorial

Todo em granito cinza, o Escorial possui 2573 janelas, 14 pátios, 89 fontes, 86 escadarias, 1200 portas, uma igreja no centro e uma torre em cada um dos cantos. A obra só foi totalmente concluída em 1584.

Após reorganizar o conselho de Estado, Filipe II entregou o governo dos Países Baixos à sua irmã Margarida de Parma.

Ao retornar à Espanha, empenhou-se em centralizar a administração e lutar contra o protestantismo. Para cumprir a missão, que acreditava ter-lhe sido outorgada por Deus, de preservar a religião católica entre os súditos, passou a agir com rigor e lançou mão de poderes discriminatórios.

Nesse período, Filipe II organizou nove conselhos: do Estado, de Castela, de Aragão, da Itália, das Índias, da Guerra, da Inquisição, das Ordens e da Fazenda. Organizou seis chancelarias e tribunais privilegiados ou de apelação.

Filipe mandou destruir os núcleos protestantes na península Ibérica (1559-1560) e dispersar os mouros de Granada (1568-1571). Em uma cruzada religiosa, à frente da Santa Liga, combateu os turcos no Mediterrâneo na batalha de Lepanto em 1571, da qual tomou parte o soldado e escritor Miguel de Cervantes.

Nos países Baixos a agitação protestante transformou-se em luta contra a dominação estrangeira. Apesar da repressão dirigida pelo duque de Alba, em 1578 as sete províncias setentrionais (as Províncias Unidas) proclamam sua independência pela União de Utrecht. Com o apoio da Inglaterra, conseguem frustrar as tentativas de reconquista derrotando o exército espanhol.

Em 1587, após a execução de Mary Stuart, católica, aliada de Filipe e rainha da Escócia, e também os interesses religiosos e comerciais, levaram Filipe II a tentar conquistar a Inglaterra. Formou então na Espanha a maior frota jamais reunida desde a época das cruzadas – “a Invencível Armada.”

No dia 30 de maio de 1588 partiram do porto de Lisboa 130 navios com uma tripulação de 20 mil homens. Mas, depois de enfrentar duas tempestades e vários navios ficarem avariados, só em 19 de julho foram avistados pelos inimigos.

Os planos de Filipe era de combinar a invasão por mar com uma ação de tropas vindas dos Países Baixos para um ataque simultâneo aos portos britânicos, mas a ajuda não apareceu. No dia 28 os ingleses lançaram oito navios incendiários contra a armada, até então impenetrável com sua formação em meia lua.

Com o ataque, muitos navios afundaram ou ficaram danificados. Na viagem de volta, a esquadra estava reduzida à metade chegando em águas espanholas no dia 13 de setembro. Os planos de ataque de Sir Francis Drake deram a vitória à Inglaterra.

Com a derrota, a Espanha ficou em difícil situação política e econômica. Perdera seu poderio nos mares tornando-se incapaz de dominar as colônias e controlar o comércio internacional, que passou para a Inglaterra e a Holanda.

Reinado de Filipe I de Portugal

Em 1580, com a morte de D. Henrique I e a extinção da dinastia de Avis que não deixou descendentes, D. Filipe II da Espanha entrou em Portugal e se faz reconhecer rei nas cortes de Tomar, em 1581, alegando direitos sobre o trono como neto do monarca português D. Manuel I.

Era o início a Terceira Dinastia da Coroa portuguesa, designada como Filipina, assumindo o título de Filipe I, tinha cinquenta anos e prometeu viver em Portugal e manter os cargos públicos em mãos portuguesas. Com Filipe I inicia-se um período de dominação espanhola que só terminou em 1640.

D. Filipe I aproveitou a paz entre os dois reinos para reorganizar o país. Com um vasto território para governar, ficou conhecido como “rey de los papeles”, por estar sempre rodeado deles.

Em 1587, Filipe II, com interesses religiosos e comerciais, resolveu lutar contra a Inglaterra e preparou uma força naval que chamou de "Invencível Armada".

A derrota imposta pelos ingleses teve um desfecho desastroso, principalmente para Portugal, que viu a maior parte de sua frota naval ser destruída.

Em 1583, o monarca saiu de Portugal, para onde nunca mais regressaria. Deixou como vice-rei o cardeal arquiduque Alberto da Áustria, seu sobrinho, que assegurou o governo até 1598.

Casamentos

 Filipe e D. Maria de Portugal

Em 1543, Filipe, então príncipe das Astúrias, casou-se com sua prima D. Maria de Portugal, filha de D. João III de Portugal e Catarina da Áustria. O contrato de casamento foi realizado quando ambos tinham dezesseis anos.

O príncipe D. Filipe ficou viúvo aos 18 anos quando D. Maria faleceu após dar à luz a seu único filho o infante D. Carlos, um jovem doente, que arranjou vários problemas ao pai.

Filipe e D. Maria I da Inglaterra

No dia 25 de julho de 1554, Filipe casou-se na Catedral Winchester com Maria I da Inglaterra, ou Maria Tudor, filha de Henrique VIII da Inglaterra e de Catarina de Aragão, fixando residência em Londres.

Filipe tornou-se pouco simpático aos olhos dos ingleses, que queriam que Maria I se casasse com alguém da Inglaterra. Em 1558, quatro anos depois de casados, Filipe mudou-se para Flandres, abandonando a monarca.

Maria I veio a falecer em 17 de novembro de 1558, sem deixar herdeiros.

Filipe e Isabel de Valois

Ainda sem o descendente desejado, em 1560, Filipe II casou-se com Isabel de Valois, filha do rei Henrique II da França, e de Catarina de Médicis. Isabel tinha apenas quatorze anos e Filipe tinha trinta e dois anos.

Após reorganizar o conselho de Estado, Filipe II empenhou-se em centralizar a administração e lutar contra o protestantismo. 

Em 1568, morreu seu filho Carlos. Em 1569 morreu Isabel, após o parto da segunda filha. O casal teve duas meninas, Isabel e Catarina, o que não resolveu a falta de um descendente homem.

Filipe e Ana da Áustria

No dia 12 de novembro de 1570, Filipe casou-se com Ana da Áustria, sua sobrinha, filha do imperador Maximiliano II da Áustria e da imperatriz Maria da Áustria.

Juntos tiveram três filhos, entre eles, o futuro rei Filipe III da Espanha e II de Portugal, o único que chegou à vida adulta.

Ana nunca esteve em Portugal, morreu em Badajoz, Espanha no dia 26 de outubro de 1580, quando estava a caminho de Lisboa, vítima de uma gripe, com apenas trinta anos. Filipe ainda viveu dezoito anos após a morte de sua quarta esposa.

Morte

Filipe II da Espanha, I de Portugal, faleceu no palácio El Escorial, Espanha, no dia 13 de setembro de 1598. Teria morrido de peste e em sofrimento. Foi sucedido por seu filho Filipe III da Espanha e II de Portugal.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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