El Cid

Cavaleiro espanhol
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de El Cid

El Cid (1043-1099) foi um cavaleiro espanhol do Reino de Castela, um dos maiores guerreiros da Idade Média, eternizado como um herói a serviço dos reis cristãos.

Rodrigo Díaz de Vivar, conhecido como El Cid, nasceu na pequena aldeia de Vivar, localizada ao norte da província de Burgos, capital do Reino de Castela, na Espanha, por volta de 1043. Era filho do soldado Diego Laínez, que ajudou a conquistar terras da região vizinha de Navarra, e neto de Rodrigo Álvares, membro da alta nobreza castelhana.

Quando ficou órfão aos 15 anos ele foi levado para a corte do rei Fernando I de Leão, Castela e Galícia, onde se tornou amigo do infante Sancho. Estudou em uma escola próxima de Burgos, onde aprendeu noções de direito e latim.

O treinamento militar era fundamental na educação dos nobres – a classe social de onde saiam os cavaleiros medievais. O jovem Rodrigo aprendeu, com habilidade, a cavalgar, manejar o escudo, a lança, a espada e o arco e flecha.

el cid
Estátua de El Cid em Burgos

Contexto Histórico

Durante o século XI, as terras da Península Ibérica estavam divididas em reinos que guerreavam constantemente entre si. Ao norte, onde hoje estão Espanha e Portugal, havia os territórios cristãos de Castela, Leão, Navarra, Aragão e Galícia.

O sul, chamado de Andaluzia, era controlado pelos muçulmanos, que haviam invadido a Península Ibérica no século VIII. Os principados de Andaluzia eram chamados de taifas. Seus habitantes, os mouros, eram agricultores e artesãos.

O Campeador

Com cerca de 20 anos, ainda aprendiz de cavaleiro, Rodrigo rumou para Graus, nas montanhas dos Pirineus, para sua primeira batalha junto com Sancho e as forças de Castela. A cidade era controlada por um aliado do rei Fernando I, o mouro Al-Muqtadin governante de Zaragoza, e cobiçada pelo reino de Aragão e de Navarra.

Ao ser atacada, o exército de Castela impediu que ela fosse tomada. Na luta, o famoso cavaleiro Jimeno Garcés, de Navarro, foi morto pelas mãos de Rodrigo, que lutou contra guerreiros mais experientes e saiu vitorioso. A façanha lhe valeu o apelido de “Campeador” (vencedor de batalhas).

Em 1065, após a morte do rei Fernando I, seu reino foi dividido entre seus filhos: Castela ficou para Sancho, Leão ficou para Afonso e a Galícia para Garcia. Sancho iniciou seu reinado como Sanches II de Castela. O novo monarca nomeou Rodrigo Díaz o "Alferes Real".

Não demorou muito para os herdeiros entrarem em conflito. Como chefe das tropas, Rodrigo partiu para a guerra com Afonso VI de Leão. Em 1068, na batalha de Llantada, Sancho saiu vitorioso.

Em 1072 a guerra se repetia na batalha de Golpejera, uma nova vitória dava a Sancho o poder sobre o reino de Leão. Derrotado, Afonso buscou refúgio na corte muçulmana de Toledo. Porém, o reinado duplo de Sancho durou poucos meses. No dia 7 de outubro de 1072, ele foi assassinado. Com a morte de Sancho, o reino de Leão retornou para Afonso VI que foi coroado também em Castela.

Rodrigo Díaz (El Cid) foi destituído do comando de Exército, mas Afonso VI o manteve na corte como emissário real, para julgar casos de conflitos agrários ou disputas por monastérios. Como gratidão pelo excelente desempenho, o rei lhe arranjou uma esposa, a jovem Jimena, sua sobrinha e filha do conde Diego de Oviedo. A cerimônia foi realizada em julho de 1074.

O mercenário El Cid

As intrigas entre os reinos logo levaram Rodrigo (El Cid) de volta aos campos de batalha. Por volta de 1079 foi mandado por Afonso VI para a taifa de Sevilha, aliada de Castela e Leão, com a missão de coletar o imposto anual de proteção, sob a condição de enviar tropas quando necessário.

Outra missão foi envidada para a taifa de Granada. As duas cidades viviam em disputa e Abd Allah, governante de Granada, resolveu atacar Sevilha. Quando Sevilha se viu ameaçada, pediu ajuda a Rodrigo e seus homens. Dessa forma, os cavaleiros do rei cristão lutaram para os dois lados dos muçulmanos.

A habilidade de Rodrigo (El Cid) derrotou as forças de Granada, e alguns homens de Castela que estavam na missão em Granada se tornaram ferrenhos opositores de Rodrigo.

Dois anos depois da vitória, um grupo de saqueadores vindo de Toledo invadiu o palácio de Gomaz em Castela. Como Vingança, Rodrigo e seu exército particular invadiram e arrasaram a taifa de Toledo, tudo sem pedir consentimento a Afonso VI, uma vez que Toledo tinha a proteção de Castela.

Os inimigos de El Cid logo trataram expulsá-lo do reino. Desempregado e sem pátria, ofereceu seus préstimos ao conde de Barcelona, Berenguer Ramón II, que recusou a oferta.

Partiu então para negociar com o muçulmano Al-Muqtadir, de Zaragoza, que o aceitou de imediato. Chamado de "mercenário", passou a servir à dinastia mourisca de Zaragoza.

Em 1084, o muçulmano al-Fagit, senhor das taifas de Lérdia, Tortosa e Demia, se aliou a Aragão e a Barcelona e partiu para conquistar Zaragoza. Rodrigo salvou a cidade e prendeu o conde de Berenguer, que pagou um elevado resgate pela sua soltura. Com essa vitória, Rodrigo ganhou dos muçulmanos o apelido de “El Cid”, do árabe Sid – Senhor.

Em 1086, El Cid se reconcilia com Afonso VI. Segundo a tradição ele teria recebido dois palácios e outros bens para voltar ao reino de Castela.

Para manter sua tropa de mercenários, El Cid partiu em busca de novas conquistas.  Em 1012, Afonso VI convocou El Cid para defender suas terras de uma invasão muçulmana, mas El Cid não apareceu. Como represália, seus bens de Castela foram confiscados e sua família foi presa.

Sem dinheiro e sem bens, El Cid partiu para conquistar Valência e logo se tornou senhor de grande parte do leste da atual Espanha.

Sitiou a cidade de Riga, que era controlada por Afonso VI, o que forçou um acordo para resgatar sua família. Em 1094, entrou em Valência, aposentou suas armas a garantiu a sua família um lugar junto à nobreza Ibérica.

El Cid faleceu em seu castelo em Valência, Espanha, no dia 10 de julho de 1094. Seus restos mortais se encontram na Catedral de Burgos.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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