Federico García Lorca
Biografia de Federico García Lorca
Federico García Lorca (1898-1936) foi um poeta e dramaturgo espanhol. Considerado um dos grandes nomes da literatura espanhola, levou para sua poesia a paisagem e os costumes da terra natal. Foi um dos maiores representantes do teatro poético do século XX.
Federico García Lorca nasceu em Fuente Vaqueros, província de Granada, Espanha, no dia 5 de junho de 1898. Filho de Federico García Rodriguez, próspero negociante de açúcar, e da professora Vicenta Lorca, mudou-se com a família para Asquerosa, onde frequentou a escola primária.
Em 1909, García Lorca mudou-se para Granada onde cursou a escola secundária no Colégio do Sagrado Coração de Jesus. Em 1914 ingressou no curso de Direito na Universidade de Granada por imposição da família, pois sua vocação era a poesia. Também revelou interesse pela música, pintura e teatro.
Primeiro Livro Publicado
Em 1918, García Lorca escreveu um livro sobre Castela - "Impressões e Paisagens", com o patrocínio de seu pai. A obra foi bem recebida por parte da crítica. Em 1919 mudou-se para Madri onde continuou os estudos, diplomando-se em 1923. Nessa época, aproximou-se de grandes nomes da vanguarda artística espanhola. Tornou-se amigo íntimo de Salvador Dalí, Manuel de Falla, Luís Buñuel e Rafael Alberti.
Teatro
Convidado pelo diretor do Teatro Eslavo, o famoso dramaturgo Gregório Martinez Sierra, García Lorca escreveu a peça "O Malefício da Mariposa", que estreou no dia 22 de março de 1920, porém não foi bem recebida por parte do público e da crítica.
Escrita em prosa e verso e com os personagens representados por meio de insetos: baratas, escorpiões, vermes e a própria mariposa, O Malefício da Mariposa aborda conflitos existenciais entre ser e estar no mundo e o confronto com o próprio ser. A peça foi um marco decisivo de uma mudança nos conceitos teatrais da época.
A plenitude de García Lorca como dramaturgo só foi alcançada com a trilogia essencialmente trágica formada por Bodas de Sangue (1933), Yerma (1934) e A Casa de Bernarda Alba (1936), essa a sua única peça escrita inteiramente em prosa e talvez a sua obra dramática suprema.
Consagração Como Poeta
O lançamento do Livro de Poemas (1921) despertou grande atenção da crítica, mas após a publicação de Canções Ciganas (1927) García Lorca foi definitivamente consagrado pela crítica. Em 1928, com o lançamento de Romanceiro Gitano, para muitos a maior de suas obras poéticas, García Lorca ingressou na galeria dos grandes nomes da poesia espanhola.
O Romanceiro Gitano ora cerebral, ora popular, ou uma fusão dessas duas maneiras constitui a própria essência do pensamento e da sensibilidade hispânica, expressando principalmente a alma andaluza.
Romanceiro Gitano Romance da lua, lua (trecho)
Sua lua de pergaminho
Preciosa tocando vem,
por um anfíbio sendeiro
de cristais e louros.
O silêncio sem estrelas,
fugindo do sonsonete,
cai onde o mar bate e canta
sua noite cheia de peixes.
Nos picos da serra
os soldados dormem
guardando as brancas torres
onde vivem os ingleses.
E os ciganos da água
levantam para se distrair,
coretos de caracóis
e ramos de pinho verde (...)
A partir de 1925, Federico García Lorca passou a colaborar com várias revistas literárias madrilenhas e já apresentava diversos recitais de poesias. Em 1929 esteve em Nova Iorque como bolsista da Universidade de Colúmbia, época em que escreveu poemas que só foram publicados após sua morte. Já de volta à Espanha, em 1932, criou e dirigiu a companhia teatral "La Barca" que percorreu as aldeias de todo o país encenando autores famosos como Miguel de Cervantes e Lope de Vega.
Últimos Poemas
As últimas poesias de García Lorca revelam seu verdadeiro amor à terra e à gente andaluza, como em Seis Poemas Galegos (1935), Poemas Soltos e Cantares Populares, estes publicados postumamente. Muitos de seus livros foram ilustrados com seus desenhos e vinhetas e também por partituras de sua autoria.
Através de sua poesia, García Lorca identificou-se com os mouros, judeus, negros e ciganos, alvos de perseguições ao longo da história de sua região. Ele próprio sentiu na pele a discriminação com que os espanhóis da época trataram sua condição de homossexual.
Morte
Federico García Lorca foi fuzilado na cidade de Granada, Espanha, no dia 18 de agosto de 1936, por ordem de oficiais da ditadura do general Francisco Franco, no auge de sua produção literária.
Lorca Jamais deixou de manifestar sua aversão aos fascistas e aos militares franquistas. Era considerado comunista pela facção ultradireitista. Foi uma das vítimas da Guerra Civil Espanhola que matou mais de 1 milhão de pessoas. Até hoje seus restos mortais não foram encontrados.
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