Filipe IV, o Belo

Rei da França
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Filipe IV, o Belo

Filipe IV, o Belo (1268-1314) foi rei da França de 1285 a 1299. Conseguiu eleger um papa francês que assumiu com o nome de Clemente V e transferiu o Estado Papal de Roma para Avignon, na França.

Com seu temperamento rude e inflexível, expulsou da França os judeus e confiscou seus bens. Extinguiu a Ordem dos Templários na França (antigo exército do papa) e transferiu seus bens para a Ordem dos hospitalários.

Filipe IV, o Belo nasceu no Palácio de Fontainebleau, França, no ano de 1268. Filho de Filipe III e de Isabel de Aragão, desde pequeno, tinha uma extraordinária beleza e passou a ser conhecido como “o Belo”.

Filipe IV, o belo
Palácio de Fontainebleau, França

Casamento

Em 1284, com 16 anos, Filipe casou-se com Joana I de Navarra, herdeira do rei Henrique I de Navarra e de Branca de Artois.

Com o casamento e o dote, Filipe aumentou a extensão de seus domínios, que passaram a incluir Navarra, Champagne, Brie, Marche, Angoumois e o Franco-Condado.

Rei da França

Filipe IV, o Belo tornou-se rei da França com 17 anos, em 5 de outubro de 1285, com a morte de seu pai Filipe III, o Audaz. Foi coroado na Catedral de Reims, junto com sua esposa, em 6 de janeiro de 1286.

Filipe IV foi o nono rei da longa dinastia dos "Capetíngios" que ocupou o trono da França por 340 anos (de 987 a 1328). Era neto de Luís IX, considerado o primeiro grande rei da França.

Sob seu reinado, em quase trinta anos, a França consolidou suas fronteiras. Em homenagem ao seu avô, Filipe conseguiu do papa a maior das honrarias – o papa Bonifácio VIII fez dele um santo, "São Luís da França".

A invasão de Flanders

Durante os primeiros anos de reinado, Filipe IV intensificou os esforços para racionalizar a administração, mas em 1294, em sua política de expansão, empreendeu uma guerra que expulsou os ingleses do condado de Guyenne.

Em 1297, Eduardo I da Inglaterra, aliado ao Conde de Flandres, desembarca na França. Para apaziguar os ingleses, Filipe oferece a mão de sua filha Isabel (com apenas quatro anos) ao filho de Eduardo I. O casamento só foi realizado em 1308.

Os ingleses aproveitam ao máximo essa conquista e anos mais tarde reivindicaram a coroa francesa para Eduardo III, filho de Isabel e Eduardo II. Foi o pretexto dinástico da Guerra dos Cem Anos contra a França.

Isabel levou como dote o enorme condado de Guyenne. Filipe apossa-se de Flandres, controlando o grande centro comercial de Bruges, mas o condado não ficou muito tempo em mãos francesas.

Em 1302, a revolta contra a ocupação de Filipe resulta em verdadeiro massacre dos franceses em Bruges (hoje situada na Bélgica). A cavalaria francesa foi quase totalmente destruída pelas tropas do conde de Flandres.

Filipe, o Belo
Batalha de Courtrai - 1302

Foi na famosa “batalha de Courtrai” - primeiro combate medieval em que os arqueiros derrotam os pesados cavaleiros com suas armaduras e lanças.

Conflito com o papado

Em 1296 deu-se o primeiro conflito de Filipe IV com o papado, quando o rei mandou comunicar que todo o clero da França deveria pagar um imposto ao Estado.

O Papa Bonifácio VIII acusou Filipe IV de querer reduzir à servidão o clero na França e ordenou que nenhum imposto fosse pago ao rei. Filipe reage proibindo as tradicionais contribuições do reino ao papado.

Em 1302, Filipe reúne a Assembleia das Três Ordens (o clero, a nobreza e a burguesia). Pronunciam-se violentos discursos contra o papa, que reage com a “Unam Sanctam”, reclamando a autoridade da Igreja sobre todos os monarcas.

Em 1303, Nogaret, assessor de Filipe, organiza o “atentado de Anagni”: o palácio pontifício do sul de Roma é invadido e o papa feito prisioneiro. Bonifácio VIII excomunga Filipe, mas morre alguns dias depois.

Filipe consegue eleger papa o arcebispo de Bordéus, que assume como “Clemente V” e transfere a sede do papado para a cidade de "Avignon", no sul da França, onde permanecerá por mais de setenta anos sob o controle do rei da França.

O poder do Estado

Para fazer respeitar a autoridade real, Filipe IV nomeou vários funcionários e magistrados que viajavam constantemente através do reino. Estes funcionários constituíam o primeiro esboço de uma administração do Estado.

Por meio deles, o rei – e apenas ele – exercia o poder e a justiça em toda parte. Visando a criação de um poder altamente centralizado só a coroa teria o direito de cunhar moedas e promulgar as leis.

Tantas reformas custaram caro. Era preciso pagar os funcionários e soldados. Era preciso construir fortalezas. A situação ficou tão difícil que Filipe teve que desvalorizar a moeda várias vezes. O descontentamento popular aumentava.

Tentando uma saída para a crise, Filipe mandou prender num só dia todos os judeus da França, ordenando o confisco de seus bem. Mais tarde perseguiu os banqueiros que financiavam as companhias italianas de comércio

Em 1306, a população de Paris sublevou-se contra o rei, que teve de refugiar-se na igreja da Ordem dos Cavaleiros Templários. A revolta não durou, pois foi logo esmagada.

A extinção da Ordem dos Templários

Os templários, como eram conhecidos os membros da Ordem, tinham sido a principal força militar das Cruzadas, um verdadeiro exército, composto por mais de 15 000 cavaleiros.

Diretamente subordinados ao papa – e só a ele, recolhiam também os benefícios da exploração do Oriente. Sua santidade entregou-lhes a gestão das suas riquezas em toda a Europa. O sistema bancário da Igreja era dirigido pelo mais alto cargo do templo.

Com a derrota do papado e a instalação da sede da Igreja em Avignon, os templários haviam entrado em crise, sem saber a quem obedecer. Era presa fácil para a monarquia, e tanta riqueza não podia deixar de atrair a atenção de Filipe.

Na sexta feira 13 de outubro de 1307, Filipe IV, o Belo mandou prender todos os templários do reino e decretou o confisco de todos os bens da ordem. Fechou a ordem e transferiu seus bens para a Ordem dos Hospitalários.

O chefe Jacques de Molay foi acusado de heresia, sacrilégio e degradação moral e confessa submetido às piores torturas. Em 1314, depois de julgado foi levado para a Ilha dos Judeus, uma ilhota do Sena, para ser queimado vivo.

Logo que a primeira tocha foi jogada, Molay gritou “O castigo virá do Céu! Dentro de um ano, todos vós, Rei Filipe, Nogaret, todos vós tereis o castigo de Deus! Malditos sede vós a treze gerações do vosso sangue!

Filipe retira-se para o castelo de Pontoise, em busca de tranquilidade, mas não esquece esquecer as palavras amaldiçoadas de Molay.

A maldição e a morte

A maldição de Molay parece que começou a surtir efeito. Em 1314 morre sucessivamente o papa Clemente V, Nogaret e Filipe.

Filipe IV, o Belo faleceu em Fontainebleu, França, no dia 29 de novembro de 1314. Após sua morte, subiram ao trono sucessivamente, seus filhos, que governaram por períodos curtos: Luís X (1314-1316), Filipe V (1316-1322) e Carlos IV (1322-1328).

Nenhum dos reis teve filho homem que pudessem suceder ao trono. O sobrinho de Filipe, Filipe VI foi coroado e deu início a dinastia dos Valois.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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