Maria Leopoldina da Áustria

Imperatriz consorte do Brasil
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Maria Leopoldina da Áustria

Maria Leopoldina da Áustria (1797-1826) foi imperatriz consorte do Brasil, a primeira esposa de Dom Pedro I, mãe de Maria da Glória, que viria a ser Dona Maria II, rainha de Portugal, e de Dom Pedro II, o futuro imperador do Brasil. Era a avó da Princesa Isabel e da Princesa Leopoldina do Brasil.

Maria Leopoldina, nome que adotou no Brasil, teve papel fundamental na Independência do Brasil. A declaração de Independência, em 7 de setembro de 1822, foi escrita por José Bonifácio, assinada pela Imperatriz e enviada a D. Pedro que estava em São Paulo.

Carolina Josefa Leopoldina Francisca de Habsburgo-Lorena, nasceu no Palácio de Schönbrunn, em Viena, Áustria, no dia 22 de janeiro de 1797. Era filha do imperador Francisco I da Áustria e II da Alemanha, da casa real dos Habsburgos, e de Maria Isabel de Bourbon Nápoles. Ficou órfã de mãe aos oito anos de idade e foi criada por sua madrasta Maria Luísa da Áustria.

Casamento e filhos

Em 1816, depois de demoradas negociações diplomáticas no Congresso de Viana, a Arquiduquesa da Áustria, Caroline Josepha, foi escolhida para esposa de Dom Pedro, filho de Dom João VI e de Carlota Joaquina de Bourbon, o príncipe herdeiro do trono do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve.

Maria Leopoldina
Desembarque de D. Leopoldina no Brasil - tela de Debret

O casamento foi celebrado por procuração, em Viena, no dia 13 de maio de 1817, quando Dom Pedro foi representado pelo tio de Leopoldina. No dia 15 de agosto a comitiva partiu de Viena e o desembarque se deu no Rio de Janeiro no dia 5 de novembro de 1817.

A Arquiduquesa veio acompanhada de uma comitiva de 28 pessoas. Muito culta e interessada por botânica, trouxe artistas e cientistas como o botânico Carl von Martius e o naturalista Johann von Spix.

No dia seguinte, o casal recebeu a benção nupcial na Igreja de Nossa Senhora do Carmo. Segundo o historiador Alberto Rangel, o herdeiro da Coroa gostaria de ter escolhido uma companheira mais bonita, mas Dona Leopoldina estava encantada com seu marido.

Na vida em comum, o casal não mostrou bom entrosamento, mas Dona Leopoldina fazia tudo para atrair o marido, sabendo de seu interesse pela música, tratou de aproveitar isso como disse em uma carta à sua tia, a Grã-Duquesa de Toscana: “Ele toca muito bem quase todos os instrumentos, eu o acompanho ao piano e, assim, tenho a satisfação de estar junto da pessoa amada.”

maria leopoldina

Os saraus musicais no Paço de São Cristóvão eram frequentes. Dona Leopoldina também acompanhava o príncipe nos demorados passeios a cavalo que ele fazia pelos arredores da Quinta da Boa Vista.

Em 1819, nasceu a primeira filha do casal, Maria da Glória, que viria a ser Dona Maria II, rainha de Portugal. Nos anos seguintes mais seis filhos nasceram, porém só chegaram à vida adulta: Januária (futura condessa de Áquila), Francisca (futura princesa de Joinville) e Pedro (futuro imperador do Brasil como Dom Pedro II).

Regência de D. Pedro

No dia 26 de abril de 1821, o imperador Dom João VI voltou para Portugal, atendendo às reivindicações decorrentes da Revolução Liberal do Porto. Dom Pedro foi então nomeado “Príncipe-Regente” com 23 anos de idade.

A Assembleia lusitana desejava promover também o retorno do príncipe e a recolonização do Brasil. Várias medidas das Cortes de Lisboa procuraram diminuir o poder do príncipe e assim por fim a autonomia do Brasil.

Em 9 de janeiro de 1822, foi entregue ao Príncipe Regente uma petição com 8 mil assinaturas solicitando-lhe que não abandonasse o Brasil. Atendendo ao pedido, D. Pedro disse: “Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto: diga ao povo que fico!”.

Com os vários problemas políticos da Regência, Dona Maria Leopoldina permaneceu fiel a um ideal religioso de submissão às vontades do marido e o apoiou ao longo das delicadas manobras que conduziram à Independência do país, em 1822.

Importância de D. Leopoldina na Independência

Maria Leopoldina, muito bem preparada, esclarecida e decidida, dedicou-se com fervor ao movimento pela separação de Portugal. Além da preocupação com o futuro dos brasileiros – ela era querida e admirada pela população.

A mulher de D. Pedro via o trono de Portugal ameaçado por disputas e concluiu que permanecendo no Brasil, sua família manteria maior prestígio e projeção entre as coroas europeias, como também iria garantir um trono para seus filhos.

Em pelo menos três ocasiões D. Pedro viajou e instalou Maria Leopoldina para presidir o Conselho de Estado formado por José Bonifácio, Clemente Pereira, Martim Francisco e Gonçalves Ledo. Na sessão de 2 de setembro de 1822 concluíram que era preciso proclamar a independência.

Maria Leopoldina
D. Leopoldina em reunião com o Conselho de Estado

Em 25 de agosto de 1822, D. Pedro estava em São Paulo e em seguida partiu para Santos. No dia 7 de setembro, quando retornava para São Paulo e encontrava-se próximo ao riacho Ipiranga, o príncipe recebeu emissários do Rio de Janeiro que lhe entregaram os últimos decretos de Lisboa que o transformava em um simples governador, sujeito às autoridades das Cortes.

Entregaram-lhe também a carta do ministro José Bonifácio e a de D. Leopoldina com palavras de incentivo à proclamação da independência. Entre outras coisas a princesa dizia:

“As cortes portuguesas ordenam a vossa partida imediata... Meu coração de mulher e de esposa prevê desgraças se partirmos agora para Lisboa... O Brasil será em vossas mãos um grande país. O Brasil vos quer para seu monarca. Tereis o apoio do Brasil inteiro e contra a vontade do povo brasileiro os soldados portugueses que aqui estão nada podem fazer.”

Indignado pelas medidas tomadas pelas Cortes e estimulado pelas cartas recebidas, D. Pedro proclamou a Independência do Brasil. No dia 12 de outubro de 1822, D. Pedro foi aclamado como o primeiro Imperador do Brasil, com o título de Dom Pedro I, sendo coroado no dia 1 de dezembro daquele mesmo ano.

A melancolia e a morte da Imperatriz

Duas semanas antes de proclamar a Independência do Brasil, Dom Pedro conheceu a paulista Domitila de Castro Canto Melo, aquela que abalaria o seu casamento e a sua reputação na corte.

Fazendo vir a amante para o Rio a apresentou à corte e conferiu-lhe o título de “Marquesa de Santos”. A ligação escandalosa do marido com Domitila (ou Titília, como ele a chamava na intimidade) deixava a Imperatriz humilhada.

A filha que teve com Domitila – na mesma época em que a Imperatriz dava à luz a outra criança – recebeu do pai o nome de Isabel Maria de Alcântara e o título de Duquesa de Goiás.

Em carta à irmã que morava na Europa, Maria Leopoldina desabafa: “O monstro sedutor é a causa de todas as desgraças”. Solitária, isolada, devotada apenas a parir um herdeiro para o trono – o futuro Dom Pedro II nasceu em 2 de dezembro de 1825. A imperatriz fragilizada morreria no ano seguinte.

Maria Leopoldina faleceu no Palácio de São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista, Rio de Janeiro, no dia 11 de dezembro de 1826, em consequência de um aborto seguido de infecção. Foi sepultada no Convento da Ajuda, na atual Cinelândia.

Quando o convento foi demolido, em 1911, os restos mortais de D. Leopoldina foram transladados para o Convento de Santo Antônio. Em 1954 foram levados para a cripta da Capela Imperial, no Monumento à Independência, em São Paulo, às margens do Riacho Ipiranga.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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