Napoleão III

Imperador francês
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Napoleão III

Napoleão III (1808-1873) foi imperador da França entre 1852 e 1870. Após ser aclamado presidente da República, pelo povo, para o mandato de quatro anos, deu um golpe de estado que restaurou o trono francês e tornou-se imperador da França sob o título de Napoleão III.

Charles-Louis-Napoléon Bonaparte, ou Luís Napoleão, nasceu em Paris, França, no dia 20 de abril de 1808. Sobrinho de Napoleão Bonaparte, era filho de Luís Bonaparte, irmão de Napoleão e de Hortênsia de Beauharnais, filha de Josefina de Beauharnais, primeira esposa de Napoleão Bonaparte.

Com a deposição de seu tio, o imperador Napoleão Bonaparte, do trono francês, em 1815, todos os membros da família foram banidos do território francês e a França voltou ao regime monárquico.

Infância e juventude

Luís Bonaparte passou parte de sua infância e a juventude exilado às margens do lago Constança, na Suíça, em companhia da mãe.

Luís Bonaparte foi aluno da escola Militar e especializou-se em artilharia e engenharia militar. Sua mãe pensava na restauração do Império e na sagração do filho, como imperador, dando prosseguimento à obra de Napoleão I.

Tinha 22 anos quando estourou na França a revolução que levou de volta ao poder, Luís Filipe I, o “rei burguês”. Como não podia entrar no território francês, decidiu participar na Itália dos movimentos que lutavam pela independência e unidade nacional, contra a opressão austríaca.

Os liberais italianos foram massacrados pelo exército da Áustria e com eles morreu o irmão de Luís Filipe. Tanto na Itália como na França, a revolução de 1830 não produzira o resultado esperado.

Atraído pelos ideais nacionalistas, participou da Carbonária, revolta contra o domínio papal na Itália (1931). Luís Napoleão desejava intervir na vida política da França. Acreditava que a restauração do império seria a solução de todos os problemas. Em 1832 faleceu o Duque de Reichstadt, filho único de Napoleão Bonaparte.

Luís passava a ser o herdeiro legítimo do hipotético Império francês. Tomar o poder na França e transformar a monarquia dos Orléans em um novo Império Napoleônico era seu objetivo.

Em 1836 faz sua primeira tentativa de voltar à França. Penetrando na cidade de Estrasburgo procurou sublevar a guarnição local contra o governo de Filipe I. A tentativa terminou em prisão e exilo no Reino Unido, onde escreveu “As ideias Napoleônicas” (1839), no qual traça para Napoleão um perfil que combinava autoridade, liberdade e progresso.

Em 1840, na segunda tentativa, Luís Napoleão desembarcou em Boulogne, com trezentos homens. Mais uma vez foi preso e condenado à prisão perpétua na Fortaleza de Ham, onde permaneceu seis anos e escreveu “A Extinção do Pauperismo”. Que lhe valeu o apoio do proletariado. Em 1846, conseguiu fugir e voltou a se exilar no Reino Unido.

Queda da monarquia

A França estava passando por uma crise agrícola, que logo se transformou em uma crise industrial, com a elevação dos preços dos alimentos. Em 1848 os manifestantes foram atingidos pelas balas do exército real. A população reagiu, os quartéis foram saqueados e o povo seguiu em direção do palácio.

Atemorizado o "rei burguês" renunciou, e fugiu para a Inglaterra. Com grande solenidade proclama-se novamente a República na França e a primeira eleição é marcada.

Instaurada a República, Luís Bonaparte apresentou sua candidatura e foi eleito deputado para a Assembleia Constituinte francesa, com apoio do recém fundado Partido da Ordem.

Ganhou simpatia dos conservadores, amedrontados com a difusão das ideias socialistas, mas não pode tomar posse, pois continuava banido do território francês.

Sem o resultado esperado, os trabalhadores invadiram a Assembleia exigindo a formação de um Ministério do Trabalho, que defendesse seus direitos. O governo reagiu e prendeu os líderes operários.

Em julho de 1848, os deputados preparam uma Constituição. O novo poder iria conservar a forma republicana e um presidente deveria ser eleito pelo período de quatro anos.

Em dezembro, cinco candidatos se apresentam, entre eles, Luís Bonaparte. Financiado por uma rica cortesã inglesa, a senhorita Howart, foi distribuído em todo território francês, um distintivo, uma pequena águia, com a letra N, inicial de seu tio Napoleão. O prestígio do imperador era ainda enorme, pois lembrava uma França gloriosa.

Os resultados foram surpreendentes, pois Luís Napoleão foi eleito presidente e conseguiu reunir em torno de seu nome os anseios de todas as classes. Era o salvador da França. O mandato de quatro anos parecia pequeno para suas ambições.

Luís Napoleão pregava uma reforma da Constituição que lhe permitisse ser reeleito, mas a Assembleia rejeitou a reforma. Passou a perseguir qualquer pessoa ou partido que pretendesse limitar sua autoridade.

O descontentamento popular pela redução do sufrágio em 1850, como também a recessão de 1851, lhe serviram de pretexto para controlar a imprensa e reforçar o ensino religioso nas escolas.

Como seu mandato expirava em 1852, e a constituição não permitia a reeleição, mandou prender e deportar os líderes dos partidos políticos e dissolveu a Assembleia.

Napoleão III e o Segundo Império

No dia 1 de dezembro de 1851, uma recepção de gala foi oferecida no Palácio de Eliseu. Tropas fiéis ao presidente foram colocadas em pontos estratégicos da capital. Um grande plebiscito aprovou uma nova constituição e, entre outras medidas, restabeleceu o sufrágio universal.

Em novembro de 1852, um novo plebiscito instituiu o império e Luís Napoleão foi aclamado imperador com o nome de Napoleão III. Obteve da Assembleia um mandato de dez anos. Transferiu-se do Palácio do Eliseu para o das Tulherias e substituiu a faixa tricolor pela coroa imperial.

Em janeiro de 1853 casou-se com a condessa espanhola, Eugênia de Montijo, que reproduziu na corte uma atmosfera de pompa e ostentação. Da união nasceu, em 1856, Eugène-Louis Napoleão, o herdeiro desejado.

Apoiado pela burguesia, o clero e as forças armadas, o imperador fez uma reforma urbana em Paris, pretendia fazer de sua capital a mais bela e suntuosa do Mundo. Abriu largas avenidas, construiu canais e novas pontes e o edifício da Ópera.

A França prosperou com novas indústrias, com estradas de ferro e surgiram as grandes lojas de departamento. Pouco a pouco o Império francês restabeleceu seu poderio. Sua influência ampliou-se pelo Mediterrâneo.

Foi lançado, por iniciativa sua, a construção do canal de Suez. Derrotou a Rússia na Guerra da Criméia, obrigou a Rússia a desmilitarizar o mar Negro e instituiu a liberdade de navegação na região. Seu Império chegou ao apogeu.

A influência francesa atingiu agora a Itália. Confinado em Roma o papa encontrava-se ameaçado pelos nacionalistas. Napoleão III garantiu a integridade do papa, mas apoiou a campanha pela limitação de seus poderes.

A queda do Segundo Império da França

Aos poucos foram surgindo os descontentes dos setores religiosos e sociais. Aquele que se apresentava como defensor dos humildes, nada fizera de concreto em favor deles. A crise de 1866 e 1867 levou à falência inúmeras fábricas.

Tentou fundar um império no México, mas retirou suas tropas sob a pressão exercida pelos Estados Unidos. Os soldados franceses foram expulsos e o pretenso imperador Maximiliano foi fuzilado pelos mexicanos.

Napoleão III firmou com o Reino Unido um tratado de redução das tarifas alfandegárias, o que provocou reação dos industriais franceses. O descontentamento das diversas classes levou à uma greve geral em 1864.

Em 1867, chamou o líder da oposição para integrar seu ministério, e em 1868, permitiu a liberdade de imprensa.

Em julho de 1870, Napoleão III declarou guerra à Prússia do chancelar Bismark, que ganhando posição privilegiada entre os Estados germânicos, transformava-se num reino unificado, mas suas tropas acabaram por se render em 2 de setembro. Dois dias depois, Napoleão III foi deposto pela Assembleia Nacional, foi preso e refugiou-se na Inglaterra.

No dia 18 de março de 1871, uma insurreição popular (Comuna de Paris) tomou conta da capital francesa, em resposta à crise socioeconômica em que mergulhou o país. Cercada pelas tropas regulares, foi vencida em dois meses. Foi então criado um governo republicado que passou a ser presidido por Adolph Thiers, em janeiro de 1871.

Luís Bonaparte faleceu em Londres, Inglaterra, no dia 9 de janeiro de 1873.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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