Bernardo Guimarães
Biografia de Bernardo Guimarães
Bernardo Guimarães (1825-1884) foi um romancista e poeta brasileiro. Foi considerado o criador do Romance Sertanejo ou Regional, ambientado nas paisagens e costumes de Minas Gerais e Goiás.
A Escrava Isaura foi o seu romance mais popular, mas O Seminarista aponta como sua obra principal. É patrono da cadeira nº. 5 da Academia Brasileira de Letras.
Infância e Juventude
Bernardo Joaquim da Silva Guimarães nasceu no dia 15 de agosto de 1825, na cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais. Filho de João Joaquim da Silva Guimarães e Constança Beatriz de Oliveira Guimarães, mudou-se com a família para Uberaba, onde aprendeu as primeiras letras. Morou em Campo Belo e depois retornou para Ouro Preto.
Com 17 anos, Bernardo Guimarães fugiu do colégio para combater como voluntário na Revolução Liberal de 1842. Com 22 anos mudou-se para São Paulo e ingressou na Faculdade de Direito. Foi amigo de Álvares de Azevedo e de Aureliano Lessa.
Juiz Municipal
Bernardo Guimarães formou-se em 1851 e, logo assumiu o cargo de juiz municipal, em Catalão, Goiás. Após se desentender com o presidente da província de Catalão, mudou-se para o Rio de Janeiro, em 1858, quando trabalhou como jornalista e crítico literário, no jornal Atualidades. Em 1861 voltou para Catalão, onde reassumiu o cargo de juiz municipal.
Professor
Em 1866, Bernardo Guimarães foi nomeado professor de retórica e poética, no Liceu Mineiro de Ouro Preto, e de francês e latim em Queluz, atual Conselheiro Lafaiete, Minas Gerais. Poucos anos depois retornou para Ouro Preto. Bernardo Guimarães é patrono da cadeira nº. 5 da Academia Brasileira de Letras e patrono da cadeira nº.15 da Academia Mineira de Letras.
Estreia na Literatura
Bernardo Guimarães estreou como poeta com o livro Cantos de Solidão (1852), uma obra identificada com sua fama de boêmio e satírico, mas foi dentro do Romantismo, no Brasil, que Bernardo Guimarães se destacou como o iniciador do Romance Sertanejo ou Regionalista. Seus romances, na maioria, têm como cenário as paisagens e costumes dos Estados de Minas Gerais e Goiás.
O Ermitão de Muquém (1864)
No romance sertanejo, "O Ermitão de Muquém", Bernardo Guimarães narra a história de Gonçalo, que comete um assassinato e se refugia entre os índios Tocantins, quando foi bem tratado e recebeu o nome de "Itajiba". Venceu um rival e tornou-se chefe da tribo. Por um descuido, Itajiba dispara uma flecha que mata sua esposa. Desesperado, abandona os índios, converte-se à fé, e funda um centro de romaria em Muquém.
O Seminarista (1872)
No romance "O Seminarista", Bernardo Guimarães aborda a questão do celibato clerical. Trata da história de Eugênio e Margarida, dois jovens que se amam desde a infância. Eugênio é obrigado pela família a entrar para o seminário, tolhendo sua personalidade. Em comum acordo com os sacerdotes, a família inventa que Margarida havia se casado.
No desfecho do romance, Eugênio volta à cidade natal e encontra Margarida bastante doente. Depois de encomendar o cadáver, Eugênio sobe no altar para celebrar a missa, quando totalmente transtornado, arranca os paramentos sacerdotais e os projeta no chão, dando indícios de loucura. O Seminarista foi considerada pelos críticos como sua melhor obra.
O Garimpeiro (1872)
Bernardo Guimarães escreveu o romance "O Garimpeiro", uma narrativa dentro de um cenário que abrange as regiões que foram os municípios de Araxá, Patrocínio e Bagagem, no interior de Minas. Narra a história de amor entre dois jovens (Lúcia e Elias) que o destino aproxima. O romance, de intenção regionalista, descreve quadros pitorescos da paisagem e da vida rústica.
A Escrava Isaura (1875)
O romance mais popular de Bernardo Guimarães foi A Escrava Isaura. Publicado em 1875, quando esquentavam os debates sobre a questão abolicionista, o romance fez muito sucesso.
Em uma fazenda da cidade de Campos, no Rio de Janeiro, vivia Isaura, uma bela escrava que fora criada como filha pela mãe de seu patrão, o cruel Leôncio. A jovem teve uma educação esmerada, era culta, sabia cantar e tocar piano.
Embora casado com Malvina, que era muito amiga de Isaura, Leôncio começa a atormentar a jovem com propostas amorosas, que ela rejeita. A jovem foge e conhece Álvaro, um jovem rico, abolicionista e republicano. Os dois se apaixonam e o amor triunfa.
Filha de um português (feitor da fazenda) com uma escrava mulata, Isaura é mestiça e bem distante das verdadeiras escravas que viviam nas senzalas. Foi a heroína do romance e cativou os leitores do final do século XIX.
A obra foi adaptada para a televisão, com grande sucesso, e foi levada para mais de 150 países.
Bernardo Guimarães faleceu em Ouro Preto, Minas Gerais, no dia 10 de março de 1884.
Obras de Bernardo Guimarães
- Cantos da Solidão, poesia, 1852
- Inspirações da Tarde, poema, 1858
- A Voz do Pajé, drama, 1860
- O Ermitão do Muquém, romance, 1864
- Evocação, poesia, 1865
- Poesias Diversas, 1865
- A Bais de Botafogo, poesia, 1865
- Lendas e Romances, contos, 1871
- A Dança dos Ossos, conto, 1871
- O Garimpeiro, romance, 1872
- O Seminarista, romance, 1872
- O Índio Afonso, romance, 1872
- A Escrava Isaura, romance, 1875
- Novas Poesias, 1876
- A Ilha Maldita, romance, 1879
- O Pão de Ouro, conto, 1879
- Folhas de Outono, poesias, 1883
- Rosaura, a Enjeitada, romance, 1883
- O Bandido do Rio das Mortes, romance,1905
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