Domitila de Castro Canto e Melo

Amante de Dom Pedro I
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Domitila de Castro Canto e Melo

Domitila de Castro Canto e Melo, a Marquesa de Santos (1797-1867), foi a célebre amante de Dom Pedro I que abalou o império. Domitila e o imperador foram protagonistas do mais tórrido romance da história da corte brasileira. Cartas enviadas pelo imperador à sua amante, entre os anos de 1823 a 1828, foram localizadas no Hispanic Society of America, em Nova Iorque.

Domitila de Castro Canto e Melo nasceu em São Paulo, no dia 27 de dezembro de 1797. Filha de João de Castro Canto e Melo coronel reformado que foi nomeado inspetor das repartições de estradas da cidade de São Paulo, primeiro Visconde de Castro, e de Escolástica Bonifácia de Oliveira Toledo Ribas, descendente de tradicional família paulista.

No dia 13 de janeiro de 1813, com 15 anos, casou-se com o alferes Felício Pinto Coelho de Mendonça, oficial do segundo esquadrão do Corpo dos Dragões da cidade de Vila Rica, Minas Gerais, onde foi morar.

Em 1816, contrariando os costumes da época, Domitila retornou para a casa de seus pais, com os dois filhos, depois que o marido se revelou uma pessoa violenta. Em 1818, ao tentar uma reconciliação, Domitila foi esfaqueada e ficou entre a vida e a morte. (Segundo os autos do processo, o pivô foi o coronel Francisco de Assis Loreno).

Domitila e o Imperador Dom Pedro I

Morando com os pais em São Paulo, Domitila conheceu o imperador durante sua primeira estada na província, onde foi recebido com festas pelos súditos. O interesse que Dom Pedro havia sentido por Domitila transformou-se em um apaixonado romance, resguardado por certa discrição inicialmente, mas depois trazido a público de modo ostensivo.

O primeiro encontro que mudou a vida dos dois se deu no dia 29 de agosto de 1822, quando Domitila recebeu reservadamente o imperador em seus aposentos na Rua do Ouvidor. Durante sete anos, a relação dos dois não teve limites, como comprovam as cartas trocadas nesse período.

No começo de 1823, Domitila já estava instalada no Rio de Janeiro, inicialmente no bairro de Mata-porcos, atual bairro do Estácio.

No dia 4 de abril de 1825, como era comum nas cortes europeias, Domitila ocupou a função de dama de honra da própria Leopoldina, que humilhada desabafa as dores em carta para a irmã. No dia 12 de outubro de 1825, aniversário do imperador, Domitila tornou-se “Viscondessa de Santos”, pelos serviços prestados à Imperatriz, conforme decreto.

Toda a família de Domitila também recebeu títulos da corte. Acostumada a presentes luxuosos, em abril de 1826, recebeu um sobrado, conhecido como “Casa Rosada”, localizada perto da Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, hoje “Museu do Primeiro Reinado”.

No período em que se abrigou na corte, Domitila exercia grande influência nos negócios do governo. Em muitas ocasiões oficiais, ocupava o lugar da imperatriz. Ambiciosa e sagaz, com a morte de Dona Leopoldina, a Marquesa pretendia ocupar um lugar de destaque.

Em 1828, quase dois anos depois da morte da Imperatriz, o monarca não conseguia arranjar uma esposa. Sua fama de homem promíscuo era voz corrente entre a nobreza europeia. Por razões de estado, Dom Pedro I decidiu romper com a amante, expulsando-a da corte em 1829, foi a condição para o casamento com a princesa Amélia, que seria a nova imperatriz.

Fim da vida na corte

De volta para São Paulo, em companhia das duas filhas que teve com o imperador, Domitila adquiriu um casarão na antiga Rua do Carmo. Em 1833, uniu-se ao brigadeiro Rafael Tobias de Aguar, rico fazendeiro de Sorocaba e duas vezes governador da província. 

O relacionamento entre os dois durou 24 anos, e tiveram seis filhos, mas só quatro chegaram à vida adulta. Em sua casa eram realizadas festas e saraus. Em 1857, Domitila ficou viúva e durante os 10 anos seguintes se dedicou a realizar obras de caridade.

Domitila de Castro Canto e Melo faleceu em São Paulo, no dia e de novembro de 1867. O solar onde viveu com Tobias, hoje abriga o Museu da Cidade de São Paulo.

Representação no Cinema e Televisão

  • O Grito do Ipiranga, filme, 1917
  • Independência ou Morte, filme, 1972
  • Marquesa de Santos, minissérie, 1984
  • A Marquesa de Santos, Uma História Real, documentário, 2001
  • O Quinto dos Infernos, minissérie, 2002
Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.