Friedrich Hegel

Filósofo alemão
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Friedrich Hegel

Friedrich Hegel (1770-1831) foi um filósofo alemão, um dos criadores de sistemas filosóficos do final do século XVIII e início do século XIX. Representou a culminância do “idealismo alemão”.

Hegel lançou as bases da maior parte das tendências filosóficas e ideológicas posteriores, como o marxismo, o existencialismo e a fenomenologia.

Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831) nasceu em Stuttgart, Alemanha, no dia 27 de agosto de 1770. Seu pai era um funcionário público. Desde pequeno, recebeu uma esmerada educação cristã.

Formação

Hegel iniciou seus estudos em Stuttgart. Depois de se formar no ginásio, ingressou no seminário de Tübingen, em 1788, onde cursou filosofia e teologia durante cinco anos.

Durante os primeiros anos se dedicou à filosofia. Seu diploma de formatura assinalava que, embora fosse notável sua dedicação a essa disciplina, o mesmo não ocorria com os estudos teológicos.

Foi colega de classe do poeta Hölderlin e do filósofo Schelling, que partilhavam sua admiração pela tragédia grega e pelos ideais da Revolução Francesa.

Os primeiros escritos de Hegel versaram sobre assuntos teológicos, mas ao concluir o curso, Hegel não seguiu a carreira eclesiástica, preferiu se dedicar ao estudo da literatura e da filosofia grega.

Em 1796, Hegel mudou-se para Frankfurt, onde Hölderlin lhe conseguiu um lugar de preceptor de famílias ricas. Em 1801 habilitou-se livre-docente na Universidade de Jena.

Em 1806 escreveu seu primeiro grande livro “Fenomenologia do Espírito”.  Em outubro desse mesmo ano, deixou Jena, quando Napoleão Bonaparte invadiu a cidade

Entre 1807 e 1808, Hegel dirigiu um jornal em Bamberg. Em 1808, tornou-se diretor do ginásio de Nuremberg. Em 1812, em Nuremberg, casou-se com a jovem Maria Helena Susanna von Tucher. Em 1816 tornou-se professor da Universidade de Heidelberg.

Em 1817, publicou “Enciclopédia das Ciências Filosóficas”, na qual delineou seu sistema completo. Em 1818, Hegel foi chamado para Berlim, onde ocupou a cátedra de filosofia, época em que encontra a expressão definitiva de suas concepções religiosas.

Em Berlim, sua influência foi grande em todas as áreas. Apesar de Hegel ter grande talento pedagógico, era mau orador e em seus escritos usava terminologias pouco usadas que dificultavam sua leitura.

Exerceu enorme influência em seus discípulos que dominaram todas as universidades da Alemanha. Passou a ser o filósofo oficial do rei da Prússia. Após a sua morte, permaneceu uma figura dominante, pois várias reforma políticas e movimentos acadêmicos se basearam em seu trabalho, mesmo em oposição a ele, como no caso de Karl Marx.

A obra de Hegel foi central no pensamento britânico até o final do século XIX, e também foi importante entre os professores e progressistas políticos americanos.

Hegel

Hegel ganhou a reputação de ser um dos pensadores mais obscuros e impenetráveis de sua época.

Friedrich Hegel morreu em Berlim, na Alemanha, no dia 14 de novembro de 1831, vítima de uma epidemia de cólera.

Dialética hegeliana

A ideia de dialética, entendida como estrutura da realidade e do pensamento, Friedrich Hegel herdou de Heráclito de Éfeso. Para Hegel, o fundamento supremo da realidade não podia ser o “absoluto” nem o “eu”, e sim a “ideia”, que se desenvolve numa linha de estrita necessidade.

A dinâmica dessa necessidade não teria sua lógica determinada pelos princípios de identidade e contradição, mas sim pela “dialética”, realizada em três fases: “tese”, “antítese” e “síntese”. Assim, toda realidade, primeiro “se apresenta”, depois se nega a si própria e em um terceiro momento supera e elimina essa contradição.

De acordo com o as três fases do processo dialético que Hegel denominou “simplicidade, cisão e reconciliação, dão origem a contradições novas e novas soluções.

Idealismo Absoluto ou Hegelianismo

A ideia fundamental de Hegel é a de que o objetivo da filosofia é o mesmo da religião, o absoluto em Deus.

Enquanto a religião o apreende na forma da representação/imagem e sentimento, a filosofia o apreende na forma do conceito, compreendendo-o como unidade ou síntese do finito e do infinito.

Para Hegel a religião absoluta é o cristianismo, que se distingue das demais por sua ideia da encarnação, que representa a união do divino e do humano.

O sistema desenvolvido por Hegel, o idealismo absoluto, abrangeu várias áreas do conhecimento como a lógica, a filosofia da natureza e a filosofia do espírito.

A lógica de Hegel

A lógica de Hegel é uma ontologia, que estuda o ser, a essência e o conceito. O ser enquanto tal é o imediatamente indeterminado, quer dizer, o nada.

Essa aparente contradição se resolve no devir, ao longo do qual o não ser vem a ser (o homem nasce) e o ser deixa de ser (o homem morre). Nada há no céu e na terra, escreve Hegel, que não contenha ao mesmo tempo o ser e o nada.

A tese, ser. e a antítese, nada, não passam pois, de abstrações ou momentos de um processo em que ambas são absorvidas e superadas na e pela síntese. A realidade é assim, contraditória ou dialética em si mesma e não apenas no nosso pensamento.

A filosofia da natureza

A filosofia da natureza é a parte menos viva do sistema hegeliano. Para Hegel, a natureza é a ideia absoluta da objetivação ou alienação do espírito no espaço, o ser “para outro”, o mero “estar aí”, embora seja também processos inconsciente na direção do espírito.

A filosofia da natureza a considerada como espaço e como tempo, inorgânica e orgânica, sendo, pois, matemática, física do inorgânico e física do orgânico.

A filosofia do espírito

Segundo Hegel, a filosofia do espírito examina as formas ou manifestações do ser “para si”, que, além de consciência, é consciência de si mesmo.

O espírito pode ser subjetivo, objetivo e absoluto. O espírito subjetivo é o que se sabe a si mesmo, o que tem interioridade. Unido a um corpo, é alma, cujo estudo compete à antropologia, enquanto sabe, é consciência, enquanto não sabe, é espírito, tema da psicologia.

As manifestações do espírito objetivo são o direito, a moralidade e a moralidade social. O pressuposto do direito é a pessoa, racional e livre, e as relações que se estabelecem entre as pessoas. Seu imperativo é: “seja uma pessoa e respeite os outros como pessoas”

O espírito absoluto é a síntese do espírito subjetivo e do objetivo, dos quais é o fundamento comum. Inclui a arte a religião e a filosofia.

O pensamento político de Hegel

Além do interesse pelo problema religioso, Hegel sempre se preocupou com as questões políticas. Assim como o pensamento religioso, o pensamento político de Hegel também se presta para a mais de uma interpretação.

Por um lado, visa a reconciliação com a realidade, que procura interpretar racionalmente. Por outro lado, a dialética, que é a alma do sistema, se opõe a qualquer imobilização, e explica o movimento, o processo histórico, pelas contradições que tanto podem ocorrer entre as classes, provocando as revoluções e as guerras.

O pensamento hegeliano foi crucial para o desenvolvimento das teorias de Karl Marx, embora este usasse o método dialético de Hegel em bases materialistas e econômicas.

Frases de Hegel

  • “Nada de grande no mundo é feito sem paixão.
  • “O homem não é mais do que a série dos seus atos.”
  • “A necessidade, a natureza e a história não são mais do que instrumentos da revelação do Espírito.
  • “A luz, afirmam, é ausência de trevas, mas na pura luz se vê tão pouco quanto na pura escuridão.
  • “A existência do homem tem o seu centro na cabeça, ou seja, na razão, sob cuja inspiração ele constrói o mundo da realidade.

Obras de Hegel

  • Fenomenologia do Espírito (1806)
  • Ciência e Lógica (1812-1816)
  • Enciclopédia das Ciências Filosóficas (1817)
  • Elementos da Filosofia do Direito (1821)
  • Lições Sobre a Filosofia da Religião (1832)
  • Lições Sobre a História da Filosofia (1836)
  • Lições Sobre a Estética (1838)
Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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