Marina Abramović

Artista performática sérvia
Por Rebeca Fuks
Doutora em Estudos da Cultura

Biografia de Marina Abramović

Marina Abramović é considerada uma das principais artistas performáticas contemporâneas. Seus trabalhos questionam as identidades de gênero e procuram testar as fronteiras do corpo e a relação entre o corpo e a mente.

Marina costuma se identificar como “avó da arte performática”, a crítica, no entanto, muitas vezes se refere a ela com a expressão  “a grande dama da arte performática”.

Marina Abramović nasceu em Belgrado, na Iugoslávia (atual Sérvia) no dia 30 de novembro de 1946.

Origem

Os pais de Marina Abramović, Vojo Abramović e Danica Rosi, eram comunistas e combateram na Segunda Guerra Mundial lutando contra o nazismo. 

Marina tem um irmão, Velimir, os dois foram criados pelos pais em Belgrado de maneira bastante rigorosa. Segundo a artista:

Minha infância foi difícil, muito controlada. Um exemplo: minha mãe ia ao meu quarto, para ver se minha cama estava bagunçada, enquanto eu estava dormindo. E me acordava para arrumar se estivesse. (...) Como eu digo: “Quanto pior sua infância, melhor sua arte”.

Início da carreira

Em 1965, Marina Abramović foi estudar pintura na Academia de Belas Artes de Belgrado. Lá se especializou em performance, a arte de usar o próprio corpo para transmitir a mensagem que deseja. 

Em 1972, concluiu uma pós-graduação na Academia de Belas Artes de Zagreb (Croácia).

Performances mais importantes

Para Marina, o corpo é visto como espaço de exploração artística, ainda que a prática escolhida comprometa a sua própria saúde. 

Em Rhythm 10 (performance realizada em 1973), a artista usou uma faca para brincar no espaço entre os dedos. Por vezes a faca atingia os dedos que sangravam e ficaram machucados ao final do experimento.

Em Rhythm 0, executada no ano a seguir, Marina ficou completamente inerte em uma sala durante seis horas e colocou 72 objetos variados (inclusive um revolver carregado) para que a audiência usasse qualquer um deles em seu próprio corpo como bem entendesse. 

A relação e parceria com Ulay (Frank Uwe Laysiepen)

Os dois começaram a colaborar em 1975, quando Marina se mudou para Amsterdam. Da parceria, surgiu um relacionamento amoroso que durou 12 anos e também alguns trabalhos em conjunto.

O mais famoso talvez seja Imponderabilia (1977), quando o casal ficou nu na entrada do museu, em uma passagem estreita, e os visitantes para transitarem precisavam enfrentar os seus corpos.

A relação amorosa foi encerrada em 1988 e, para imortalizar o momento, os dois resolveram fazer uma perfomance chamada The Lovers – The Great Wall Walk. Marina e Ulay caminharam partindo de sentidos opostos, na muralha da China, e se encontraram no meio para darem o último adeus. 

Prêmio Bienal de Veneza

Marina Abramović recebeu em 1997 o Leão de Ouro de Melhor Artista na Bienal de Veneza com a performance Balkan Baroque

Resumo da carreira

Em 2010, o MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova Iorque) realizou uma reunião dos trabalhos mais importantes da artista.

Na ocasião, foram realizadas várias reperformances com artistas convidados além de atuações com a própria Marina.

A exposição The Artist Is Present fez tanto sucesso que aglomerou multidões na porta do museu. O MoMA bateu na ocasião o recorde de 850 mil visitantes.

A mostra virou um documentário homônimo da HBO lançado em 2012.

Livro

A artista performática lançou em outubro de 2016 um livro de memórias chamado Walk Through Walls.

Livro de Marina Abramovic lançado em 2016
Livro de Marina Abramović lançado em outubro de 2016

No Brasil, o livro foi publicado em 6 de abril de 2017 com o título Pelas paredes: Memórias de Maria Abramović.

Rebeca Fuks
Formada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2010), mestre em Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2013) e doutora em Estudos de Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e pela Universidade Católica Portuguesa de Lisboa (2018).
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