Adolfo Caminha

Escritor brasileiro
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Adolfo Caminha

Adolfo Caminha (1867-1897) foi um escritor brasileiro. Um dos principais representantes do naturalismo no Brasil. Sua obra, densa, trágica e pouco apreciada na época, está repleta de descrições de perversões e crimes.

Adolfo Caminha nasceu em Aracati, Ceará, no dia 29 de maio de 1867. Ainda na infância, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro. Em 1883 ingressou na Marinha de Guerra, chegando ao posto de segundo-tenente.

Cinco anos mais tarde, transferiu-se para Fortaleza, quando foi obrigado a sair da Marinha, em consequência de um escândalo amoroso, depois de fugir com a esposa de um alferes, com a qual passou a viver.

Carreira literária

Depois de sair da Marinha, Adolfo Caminha dedicou-se ao funcionalismo público e à literatura. Iniciou a carreira como poeta, com “Voos incertos” (1885-86).

Em 1892 publicou "A Normalista", romance que relata a história chocante de um incesto, em que Maria do Carmo, a normalista, é seduzida por João da Mata, seu padrinho.

Em seguida, Caminha fez uma viagem para os Estados Unidos, e das observações da viagem escreveu "No País dos Ianques" (1894).

No ano seguinte provocou um grande escândalo, mas firmou sua reputação literária ao escrever "Bom Crioulo", obra na qual aborda a questão da homossexualidade entre os marinheiros Amaro e seu colega Aleixo. Este, mais tarde, apaixona-se por Carolina e vão viver juntos. Com ciúmes, Amaro mata-o.

Adolfo Caminha colaborou também com a imprensa carioca, escrevendo para os jornais, Gazeta de Notícias e Jornal do Comércio. Nos últimos anos de vida, já tuberculoso, lançou seu último romance, "Tentação", em 1896.

Adolfo Caminha viveu apenas até os trinta anos, não tendo, portanto, oportunidade de dar continuidade ao seu verdadeiro talento de escritor.

Naturalismo

No Brasil, na segunda metade do século XIX, coube à Faculdade de Direito do Recife, tendo como principais nomes Tobias Barreto e Sílvio Romero, desenvolver uma nova mentalidade entre os jovens acadêmicos. A nova postura frente à realidade e aos problemas sociais estava fundamentada nas ideias positivista de Auguste Comte e deterministas de Hippolyte Taine.

Diante desse quadro e com o Romantismo em declínio, duas correntes literárias manifestaram-se simultaneamente, com diferença apenas de alguns meses: o Realismo e o Naturalismo.

Com aspectos e princípios comuns, no entanto, o Realismo caracteriza-se pela profundidade da análise psicológica, enquanto o Naturalismo preocupa-se com o social e fundamenta-se nos temas urbanos, na vida contemporânea, com seus problemas e conflitos.

O romance Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), de Machado de Assis, abriu caminho para as grandes modificações que deram início ao Realismo, e O Mulato (1881), de Aluísio Azevedo introduziu o Naturalismo, no Brasil.

As obras de Adolfo Caminha foram enquadradas na corrente naturalista, em virtude das concepções ousadas que apresentam. Foi considerado o mais audaz dos naturalistas brasileiros.

Entre outros romancistas naturalistas destacam-se: Domingos Olímpio, Júlio Ribeiro e Inglês de Sousa.

Adolfo Ferreira Caminha morreu no Rio de Janeiro, no dia 1 de janeiro de 1897.

Obras de Adolfo Caminha

  • Voos Incertos (poesia, 1885-86)
  • A Normalista (romance, 1892)
  • Judith (conto, 1893)
  • Lágrima de um Crente (conto, 1893)
  • No País dos Ianques (crônica, 1894)
  • Bom Crioulo (romance, 1895)
  • Cartas Literárias (crítica, 1895)
  • A Tentação (romance, 1896)
Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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